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SEMANAS DEPOIS

Já dei as vacinas do Luiz e vou passar lá no salão pra ver as meninas, já que o Vagner tá de serviço esses dias. Liguei pra Carol e avisei que não almoçaria em casa, ela aproveitou e foi ver o carinha que ela tá ficando aqui do morro, já se arranjou, essa sonsa.

X: Laura! — ouvi assim que peguei o Luiz no bebê conforto e tranquei o carro.

Laura: Oi João. — sorri amarelo e continuei andando pro salão.

JH: Pera ai, cara. Deixa eu ver esse molecão aí, po. — já estava praticamente do meu lado. — Caralho! — falou assim que o viu.

Laura: O que foi?

JH: Que moleque bonito, Laurinha. Tua cara, que isso. — os olhos dele brilhavam, enquanto ele olhava o Luiz dormindo.

Laura: Tu acha? — dei risada. — Todo mundo fala isso, mas eu não consigo enxergar.

JH: Po, sem neurose. Parabéns.

Laura: Obrigada, João. — a gente se entreolhou e foi a mesma sensação estranha de sempre.

Não sei dizer o que sinto quando nos olhamos nos olhos, por isso, sempre evito. É um misto de sentimentos, de verdade, não sei explicar. Abandonei meus pensamentos, me despedi dele e entrei no salão, dando de cara com a dona Lurdes.

Laura: Oi gente, boa tarde. — cumprimentei assim que cheguei.

Lurdes: Ai meu Deus, meu neto. — falou vindo na minha direção.

Laura: Ele tá dormindo, sogra. — depois daquele episódio lá em casa, a nossa relação mudou muito.

Lurdes: Ai, que pena. Queria mostrar pra Madalena... — ela disse e eu nem tchum, fui direto pra trás do balcão.

Botei o bebê conforto do meu lado, a bolsa dele na parte em que botávamos as nossas e comecei a conferir as coisas lá no caixa. Volta e meia, alguém vinha de espiar o Luiz, que dormia tranquilo.

Vanessa: Amiga, pedi o nosso almoço. — assenti. — Deixa eu te perguntar, o que o JH queria contigo?

Laura: Ver o Felipe, por quê? — arqueei a sobrancelha.

Vanessa: Minha mãe chegou aqui falando, reclamando na verdade, que o Vagner não ia gostar e etc.

Laura: Tá me saindo bem da fofoqueira a sua mãe, hein... — neguei com a cabeça. — Tem alguma coisa demais o João ver o meu filho? — bufei.

Vanessa: Foi o que eu disse a ela. Um que ela não tem nada a ver com a sua vida, dois que se ela continuar se metendo no casamento de vocês, vai dar merda...

Laura: Já tá dando... — falei no impulso.

Almocei com as meninas, e fiquei o resto da tarde pelo salão. Luiz Felipe num eterno dorme e acorda, eu fico impressionada de como ele é quietinho.

Foi no colo da Liara, da Vanessa, esboçou um sorrisinho pra umas meninas lá e ficou super tranquilo.

Meu celular tinha acabado a bateria, então, assim que cheguei em casa, botei pra carregar e fui dar um banho morno no baby. Quando voltei, as mensagens não paravam de chegar.

Liguei a TV e enquanto amamentava e meu celular começou a tocar.

📱 CHAMADA DE VÍDEO: WELERSON 📹

— Oi mãe. — mal atendi e já vi que o encosto tava atrás dela.
— Oi filha. Não vem pra casa mais não?
— O Felipe tá mamando, mãe?
— Tá, filha.
— Mãe, eu posso morar com meu pai e com minha avó?
— Ué Joice, por quê? Não gosta mais de ficar com a sua mãe não?
— Gosto, mãe. Mas eu já morei muito ai, agora quero morar aqui. — armou um bico.
— Não é assim, Joice.
— É sim, mãe. Também tenho quarto aqui, minha avó me leva pra escola.
— Deixa eu falar com seu pai.
— Vai brigar com ele, né mãe? Você só briga com a gente. — entregou o celular pro pai. — Toma pai, essa chata...
— Joice. Respeita a sua mãe! — ele logo a repreendeu.
— Pelo menos isso, né?
— Fala, coisa linda. — ele disse rindo.
— Não quero gracinha com você, Wellerson. Você tá bêbado, né cara? Que história é essa da Joice morar com vocês?
— Eu não tenho nada com isso, Laura. Ela só falou que queria, eu disse que podia e ela pediu pra te ligar.
— Você me aborrece, cara. Você vai além de todos os limites da idiotice. Como consegue? Você não sente vergonha não? Pois deveria, já cansei de conversar com você, numa boa, mas parece que teu entendimento é só na grosseria. Amanhã to indo cedo buscar a Joice. Foda-se! — falei um pouco mais alto e o Felipe começou a chorar no meu colo.

Aproveitei e desliguei na cara dele, que tentou me ligar de volta mais algumas vezes.

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora