É claro que eu não obedeci o meu irmão, continuei ao lado dele, enquanto o menino aparentava total desespero. Ele me olhou, negou com a cabeça e fingiu que eu não estava ali.
Roger: Porra! É só furada. Vai tomar no cu!! — estalou a boca e saiu em direção ao beco que tinha ali do lado. — Bora, ué. Vamo lá na treta da tia Enilda, mas você tá ligado que tudo que a mina precisar, vai sair do teu bolso.
Laura: ROGER! — dei um gritão, meu irmão nem me deu ideia e o João Henrique apareceu do nada na minha frente.
João: Bora, Laura. Bora!
Laura: O que tá acontecendo?
João: Bagulho que não é da sua responsa. Bora! — me abraçou de lado e foi me obrigando a voltar pra onde minha família estava.
Laura: Pode me falar, João.
João: Não perde essa mania. — respirou fundo. — Sheila deu um negócio lá na boca e teu irmão foi ver qual é.
Laura: E por que eu não posso ajudar?
João: Porque você tá grávida e porque não é da tua responsa.
Eu sei que não parece normal a minha preocupação com ela, mas eu não consigo ser ruim, sei lá, agir com naturalidade. Eu posso não ser mais amiga dela, mas nunca vou querer ver seu mal.
Voltei pra casa, tomei banho, conversei um pouco com o Vagner e praticamente passei a noite em claro, entre séries na Netflix e vídeos no Instagram.
Levantei e o dia ainda estava clareando, fui direto tomar café e sentei na sala, vendo qualquer coisa no jornal. Até que, a música do plantão da Globo começou e logo fiquei apreensiva.
📺 Estamos aqui com o Capitão Ribeiro que está no comando da operação que teve início hoje, na Vila Cruzeiro.
Laura: O QUÊ? — não me contive e logo comecei a chorar.
📺 Ribeiro: Peço que os moradores não saiam de suas casas. A pedidos do governador, demos início a essa operação para limparmos o nosso Rio de Janeiro.
As palavras dele eram ásperas, ele estava com sangue nos olhos, eu pude perceber e quando ouvi cada uma delas, meu corpo se arrepiou. Sabe aquele arrepio ruim? Carregando de energia negativa, pois é, foi assim.
Assim que a imagem daquele homem saiu da tv, escutei os tiros começarem.
Em questão de segundos, meu pai, minha tia e a Carol já estavam na sala comigo. Meu telefone não parava de tocar, e eu só conseguia pensar na Joice.
Já era 12h, quando consegui falar com a dona Sônia, que me disse que teve que sair com a Joice e a Alice às pressas de casa, na madrugada.
Estava escondida em uma das casas que o Boca tinha e a Alice tinha arrumado aquele telefone, já que ela não pode levar o antigo.
Eu não conseguia raciocinar, só queria minha filha comigo e implorava a Deus que cuidasse dela, que não deixasse mal algum atingi-la.
Os tiros não paravam, eu não conseguia comer nada, Vagner me ligava de 5 em 5 minutos e eu só chorava desesperadamente.
Meu pai conseguiu contato com a Maria, que teve que abrir fuga igual a dona Sônia, e eu... Depois de cair na real, só conseguia pensar: eles vão bater aqui.
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ANDANÇAS - PARTE II
Random(2019) ⚠️ PLÁGIO É CRIME ⚠️ Pra quem acompanhou a história do casal Laura e Vagner, finalmente, a segunda parte chegou. Estão prontos pra mais surpresas?