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Eles entraram e um ficou na sala, olhando pra todos os lados, arma em punho. Acho que é novato, porque nunca vi policial mais escaldado na vida.

Policial 2: Teu nome é Laura, né? — perguntou ao voltar pra sala, acompanhado do me pai.

Laura: Você sabe qual é o meu nome... — disse com desdém.

Policial 2: Teu pai não te ensinou a respeitar polícia? — se aproximou de mim.

Laura: Respeito é pra quem tem... — respirei fundo. — Já terminou o serviço? Agora pode ir.

Policial 2: Quero o recibo de tudo que tem aqui nessa casa. A senhora trabalha de que? — ele falava próximo de mim.

Laura: Mantenha certa distância, por favor. — fiz cara de nojo. — Seu cheiro está me enjoando.

Peguei todos os meus recibos na gaveta da cozinha, mas todos mesmo. Ele olhou pra quantidade de papéis, olhou pro parceiro com cara de decepção e jogou tudo no chão.

Alex: Tá de sacanagem, né? — se exaltou. — Vocês gostam de esculachar morador, né? Minha filha grávida, minha irmã hipertensa e eu diabético, vocês gostam de aterrorizar mais fraco, mas quando o papo é com gente grande, vocês peidam. Já terminou num já? Então, tchau. — foi em direção a porta, eles se olharam e foram atrás.

Policial 2: Não fica feliz não, eu vou voltar aqui e vou achar o que eu quero. — olhou pra mim e riu debochado. — E o senhor, educa melhor a sua filha.

Não sei de onde tirei tanta força naquele momento. Todas as vezes que passei por isso, eles me esculacharam, já tomei até tapa na cara de policial, porém, depois de um tempo, comecei a me impor. Foda-se! Eles sempre batem mesmo, então, que batam com motivo.

Depois que a adrenalina baixou, voltei a chorar. Não desgrudei do telefone, só queria que a dona Sônia me ligasse e que eu conseguisse ouvir a voz da Joice, só isso.

Já se fazia tarde, quando o tiroteio acabou. Eu estava rolando na cama, depois de ter conversado com o Vagner.

X: LAURA!! — estava meio que cochilando e ouvi alguém gritar e esmurrar a porta do meu quarto.

Levantei devagar e abri, era a minha tia. Estava com os olhos arregalados e tremia muito.

Laura: Fala, tia. Fala!

Tânia: Ligaram pro seu pai... — meu coração parou. — Vocês precisam descer pra reconhecer um corpo.

Laura: Corpo de quem, tia? Pelo amor de Deus.

Tânia: Eu não sei. Ele não falou, pediu pra te chamar.

O meu mundo caiu...

Só troquei de roupa, peguei a carteira com os documentos, a chave do carro e fui com o meu pai até o IML.

Eram 4h da manhã, la estava lotado, uma burocracia imensa e eu não aguentava mais. Andava de um lado pro outro, e rezava baixinho.

Atendente: Laura Patrícia!

Laura: EU! — com dois passos, já estava perto do balcão.

Atendente: Acompanhe nosso técnico, por favor. — assenti e fui atrás dele.

Eu estava tão atordoada que nem dei ideia pra quantidade de corpos que haviam na sala. Passei por uns 10, sem brincadeira, até que chegamos a uma maca, o técnico se posicionou ao lado e abriu a capa.

Laura: NÃO! Isso só pode ser mentira...

ANDANÇAS - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora