Dia 07 - Bebida batizada

3.1K 408 359
                                    

22 de setembro

Querido Diário,

A sensação de Kyle de que ia dar merda deu certo. Ô menininho bocudo... enfim, vou ir do começo para criar um suspense e um mistério para vocês.

― O que acha? ― perguntei saindo do banheiro vestindo uma das minhas roupas novas, calça jeans clara, um tênis e uma camisa da Adidas e por cima de tudo, um daqueles moletons que brilham com o flash. ― Me diz se eu estou bonito, não tô?

Kyle sorri nervoso e olho para o lado e depois para mim.

― Esse não parece quem eu acho que você é. ― responde ele.

Droga, ele tem razão, tá muito héterotop do Twitter.

― Aí, isso é muito difícil, Kyle. ― digo.

― Tive uma ideia. ― diz ele sorrindo.

Ok, então, depois de sairmos do quarto, atravessarmos o jardim no fluxo de algumas pessoas, chegamos atrás da construção. Ah, claro, você deve estar curioso sobre qual era a ideia de Kyle. Ele me fez tirar a camisa e o moletom e me jogou uma camisa três quartos em um tom creme. E disse que combinava comigo. É, e ele tem razão. Kyle anda ao meu lado usando tons mais frios, e uma camiseta preta com uma palavra em branco “happiness”.

Olho ao redor, estamos no meio de uma ampla sala em construção. O teto ainda não foi fechado e a luz natural da lua entra dando um clima agradável. Tem uma fogueira no meio da sala e as pessoas estão rindo e andando de um lado para o outro com copos de bebida na mão enquanto um caixa de som potente bate uma eletrônica modinha do Tik Tok.

― Então... essa é a nossa primeira festa da Academia? ― pergunta Kyle ao meu lado.

Sorrio olhando na sua direção e até diria que ele está com uma puta vontade de voltar para o nosso quarto, tirar a roupa, se enfiar no pijama e ter uma boa noite de sono. E não o julgo, porque em todo começo de festa essa mesma vontade me bate com uma força sobrenatural que eu tenho até medo.

― Acho que é. ― respondo. ― Mas... acho que depois de uns trinta minutos tudo filha melhor, não vamos nos desesperar ainda...

― Estou confiando na sua palavra. ― diz ele.

Assinto. Acabei de fazer uma promessa a Kyle, e se eu não cumprir vou ficar chateado comigo mesmo.

― Certo... vamos começar pelo básico. ― digo.

― E qual seria? ― pergunta Kyle.

― Bem... a bebida. ― respondo.

― Ah, eu não bebo. ― responde ele.

― Nem eu. ― respondo.

― Mas...

― Só em festas. ― interrompo. ― Mas é um mililitro de álcool e o resto é tudo gelo derretido. A bebida, querendo ou não, te dá uma “passabilidade” que você não se torna o “chato” do rolê. Entende?

Kyle assente. Caminhamos em direção aonde o pessoal está se reunindo em cima de um freezer, daqueles que só vai o gelo dentro. Kyle parece nervoso ao meu lado, mas eu super entendo. Levanto a tampa do freezer e só vejo algumas garrafas de champanhe.

― Oh meu Deus... ― digo procurando um gim tônica, ou uma vodca...

― Eu gosto de champanhe. ― responde Kyle e o vejo sorrindo.

― Sendo assim... ― pego uma garrafa com nome francês e entrego para Kyle. ― Se divirta.

― Mas eu só bebo com a minha família, e é meia taça e só. ― diz ele sorrindo.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora