Dia 47 - Não me mata

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20 de abril

Querido Diário,

As coisas só aconteceram e o tempo passou... então vamos nessa!

Quando dia 13 chegou e estávamos comemorando o nosso primeiro mês de namoro e eu já tinha uma reserva em um dos restaurantes de Marchfield para irmos, Trevor disse que essa noite ele quem estava cuidando e eu bem triste ― imaginem um tom falso saindo junto com essas palavras ― que falei que eu tinha uma coisa fofinha, mas que podia fazer depois.

Ele só riu e me beijou antes de voltar para a aula dele depois do almoço ― não posso esquecer de mencionar que ele deixou uma rosa na porta do meu quarto, só uma, vermelha e com um laço de cetim que segurava um cartão, selado com parafina e um brasão estilizado com um P no centro, talvez do reino dele. No cartão, duas palavras e o seu nome.

"Amo você ― Trev."

E eu me derreti tudo... e o que eu guardava para de noite, não pude mais guardar. Levei comigo até o refeitório, e naquele dia o Squad e os meninos estavam sentados juntos. Coloquei a caixa em azul marinho pequena na frente dele. A caixa não deveria ter mais de 15 cm², ele sorriu bobinho como eu na minha direção ― enquanto nossos amigos nos olhavam curiosos.

― Está me pedindo em casamento? ― perguntou ele e espero que estivesse brincando.

― A caixa é muito grande para isso... só... abre. ― me sentei na cadeira e apoiei meus cotovelos na mesa e meu queixo nas minhas mãos enquanto observava Trevor com um sorriso ansioso enquanto tirava o selo de papel que selava a caixinha.

Então ele puxou o primeiro pedaço de papel, ou melhor, a primeira polaroide, que era amarrada a uma outra e outra... e assim as dezenas delas com fotos de nós dois estavam conectadas. Trevor sorria de uma orelha a orelha e os nossos amigos estavam soltando "owns", "fofos" e qualquer coisa que enaltecesse o ego desse casal.

Demos um beijinho e a minha barriga roncou e soltamos risada no meio do momento fofo.

O dia foi se arrastando lentamente, meu lápis batia na folha do meu caderno, não escrevi mais que meia dúzia de linhas o dia inteiro. Qualquer coisa que entrava pelos meus ouvidos, entrava de um lado e saia do outro. A Educação Física foi massagem para dor muscular, e eu fiquei sem entender qualquer coisa, meus movimentos eram robóticos. E quase que nem esperei o professor terminar de falar e já estava apressado em direção ao meu quarto.

Kyle tentava me alcançar, e como ele é mais atlético que eu, chegamos juntos na porta do nosso quarto. Ele passou o cartão dele enquanto eu não parava de falar o quão ansioso eu estava e entramos no quarto.

Kyle me ajudou a escolher a roupa que eu usaria naquela noite ― uma calça cáqui, uma camisa de mangas longas numa cor branca e meu cabelo revoltoso que Kyle riu enquanto me ajudava com o pente.

Trevor apareceu para me buscar, ele usava o mesmo que eu, em cores opostas, sua calça não estava no marrom da minha, estava em um preto, assim como a camisa de mangas longas deles, erguidas até o cotovelo. Sorriso no rosto, num dos braços sua jaqueta dobrada. Kyle se despediu da gente dizendo:

― Não façam o que eu não faria...

Caminhamos de mãos dadas em direção a entrada da Academia, tínhamos algumas horas até o toque de recolher, então... daria tudo certo.

― Eu vou dirigir. ― confessou ele enquanto descíamos os degraus da escada da entrada.

― Não me mata. ― ele riu do que eu disse, e acrescentei. ― Não é brincadeira. ― para ele ficar ciente que eu tenho medo real.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora