Dia 38 - Seguro de nada

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14 de janeiro

Querido Diário,

Domingo, esse foi o abençoado dia que cheguei na Academia, faltando apenas um dia para o retorno das aulas que será no dia 15, amanhã, segunda, bléh. Saímos de Deelvin bem cedinho e cheguei em Marchfield pelo fim da manhã, e aqui tem muito mais neve do que no resto do país. Quando passamos pela guarita provisória com guardas eu já vi os carros de luxo fazendo uma fila em frente a Academia com todos os acadêmicos descendo um por vez e tendo as malas levadas pelos choferes.

A SUV preta que eu estou para na fila e pego meu celular, avisando para o pessoal em Deelvin que cheguei bem ― o que provavelmente os seguranças que estavam em um carro atrás do que eu estou já fizeram, mas mando a mensagem mesmo assim porque eu sou um bom filho. Antes que chegue a minha vez de descer do carro, deixe eu contar o que houve nessas duas semanas minhas de ausência.

A primeira semana desse novo ano foi lenta demais, parecia que não tinha nada para fazer na capital, mas que ao mesmo tempo tinha um monte de coisa. Rei Harrison tentou me levar para jogar golfe, já que ele disse:

― Não tenho mais porte para lacrosse.

Sorri agradecido. Lacrosse, igual a assunto delicado. Então jogamos golfe, ou melhor o Rei Harrison jogou lacrosse enquanto eu só ficava acertando a bolinha com o taco e ela ia bem longe de todos os buracos ― em geral, foi o dia mais agitado daquela primeira semana.

Então a segunda semana chegou e pedi para ir para Brewood, eles não perguntaram o que eu faria na minha antiga cidade ou algo parecido, mas Veronica foi comigo. Fomos escoltados, mas passamos pelo centro de arranha-céus da cidade e depois seguimos para o subúrbio, com casas de no máximo dois andares e chegamos no cemitério onde meus pais foram enterrados. Coloquei as flores nos túmulos deles e contei em resumo o que acontecera na minha vida para eles enquanto Veronica andava reconhecendo amigos do passado pelos túmulos ― é surreal o tanto de gente que ela conhecia e fala:

― Oh meu Deus, ela/ele morreu?

Enfim, voltamos para Deelvin no mesmo dia e assisti um punhado de episódio de uma sitcom nacional e foi isso a segunda semana, resumidamente.

Agora, o chofer abre a porta para mim e desço, apertando o meu casaco contra o meu corpo. Minha respiração virando fumacinha no ar, sorrio e agradeço ao chofer enquanto caminho apressado para fugir do frio para dentro da Academia. A Sra. Smythe está na porta com um casaco que é o triplo de espessura dela com um sorriso petrificado no rosto e dando bons retornos aos alunos.

No hall de entrada poucas pessoas, puxo meu celular do bolso do casaco e tiro uma das minhas luvas para mexer. Mando uma mensagem no grupo de amigos falando que cheguei. Abro também a conversa com Trevor e tiro uma selfie rapidinho e mando também dizendo que cheguei.

Não vou negar, estou ansioso para vê-lo, não me lembro de ter tido um caso que durou mais que uma ficada e falando assim até parece que eu pego geral, mas minha boca só beijou três outras pessoas ― quatro se colocar também o Zach. Então, não tenho muita experiência com isso e sempre sei que todo mundo diz para nunca criar expectativas, mas desde que deixei a Academia para o Natal o que mais minha cabeça tem feito é me iludir mais ainda ― ô merda, isso vai dar ruim, mas eu não quero que dê.

O grupo de amigos respondem e dizem que estão tomando chocolate quente no refeitório. Vou até lá e os encontro, eles estão sem o casaco e estão com suas roupas normais, Petra usa um casaquinho branco com um P bordado com cristais no peito e uma boina na mesma cor e com cristais espalhados aleatoriamente, o gloss, sua marquinha, já está em seus lábios quando ela sorri na minha direção. Delancy deixou os cabelos mais cacheados e estão soltos, ela usa um macacão jeans e por baixo uma blusa de mangas até o meio do braço em uma cor roxa, e Kyle está usando o seu suéter vermelho.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora