Dia 20 - Operação Langford

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4 de novembro

Querido Diário,

Ontem matei aula pela primeira vez (por querer, não por dormir demais!).

De manhã bem cedo, na sexta ainda dia 3, Kyle tomou café da manhã conosco e já usava o conjuntinho de desfiles do time de handebol. Ele estava muito ansioso para o jogo no fim do dia em Dimagora, e Delancy e eu estávamos felizes por ele. Depois do café da manhã, acompanhamos Kyle até a entrada da Academia e acenamos e fizemos todo o nosso charme enquanto o time entrava no ônibus de luxo de dois andares da Academia. Quando o ônibus se afasta, Delancy me olha:

― Operação Langford iniciada, baby. ― e corremos para dentro da Academia de volta com um sorriso no rosto.

Enquanto todos caminhavam em direção as salas de aula para as aulas da manhã, Delancy e eu corríamos contra essa maré de jovens vestindo o terninho da Academia. Entro no meu quarto e Delancy segue para o dela. Mesmo que eu não tenha tido contato com Trevor nesses dias, vocês devem estar se perguntando se aconteceu alguma coisa, aconteceu, ele respondeu um dos meus stories no Instagram com um foguinho, e abusado que só ele respondeu: “Opa, foi sem querer”. Na hora eu estava quase enviando uma resposta, e pensei... hummm, melhor não, vou deixar ele no vácuo que é mais agoniante. Consigo sim ser uma gay má ― às vezes.

Mila mala de rodinhas já está pronta no pé da cama, assim como a roupa que vou usar. Calça jeans e uma camisa branca com uma estampa de estátua grega no meio. Por cima coloco um moletom da Gucci, feito especialmente para uma das coleções especiais do DeLacroix, e eu particularmente gosto bastante, viu. Abro a porta e não vejo ninguém no corredor. Sorrio, olho para o meu celular e Delancy diz que vai atrasar alguns poucos minutos. Arrasto a mala apressado, e a rodinha faz um barulho baixo no chão de linóleo que me causa agonia, sendo que pensa que na minha cabeça o som deve estar milhares de vezes mais alto.

Chego no saguão de entrada e vejo um funcionário com o esfregão no piso. Uma coisa que notei é que nenhum funcionário, a não ser professores, olham nos seus rostos, todos os outros passam sempre de cabeça baixa como se não quisessem ser vistos, ou que fossem proibidos de terem contato conosco. Isso pra mim é frescura, como aprenderemos a ser reis se não temos contato com o povo nem aonde estudamos?

Saio da Academia e vejo uma BMW branca estacionado. O cara de terno sorri na minha direção.

― Príncipe Brandon? ― pergunta.

― Sim? ― digo, um pouco cauteloso, mas acho que deve ser o chofer que Delancy pediu ao tio em Petrovich do Sul.

― Sou Lukien, chofer da Srta. Delancy. ― ele sorri e abre a porta.

― Calma, calma... ― olho para trás e Delancy está desajeitada com três malas descendo a escadaria da entrada enquanto os cabelos soltos, e encaracolados hoje, estão balançando no vento fresco da manhã. O chapéu preto e branco para combinar com o vestido está quase caindo da cabeça. Lukien e eu a ajudamos. E ela sorri dizendo: ― Awnt, obrigada.

Com as malas no porta-malas e Delancy e eu sentados atrás com um frio na barriga, o carro começa a deixar a propriedade da Academia. Olho para trás e vejo pelo vidro traseiro as torres ficando menor.

― Lukien, por favor, coloque uma música. ― pede Delancy.

― Claro, Alteza. ― diz Lukien e ele coloca uma playlist pop que é a cara da Delancy que cantarola algumas das músicas.

Quando saímos de Marchfield e o que temos ao nosso redor ou é floresta ou é pequenas lavouras, Delancy me olha.

― Quais são os segredos que vocês não me contam, Brandon?

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora