Dia 21 - Não se preocupe

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12 de novembro

Querido Diário,

Acho que o drama cessou por alguns dias... no caso, uma semana, mas assim já deu para dar uma respirada. E hoje, domingo, vamos ter a segunda visita da família. Confesso que estou um pouco agoniado com a última mensagem que Lady Amelie me enviou:

“Precisamos falar sobre algo grave”.

E eu não sei que “algo grave” ela quis dizer. Será que de alguma forma eles descobriram que eu matei aula na sexta retrasada? Mas como... ok, não é bom eu ficar paranoico antes da hora. Vou só esperar eles chegarem.

E vocês devem estar se perguntando, quase 10 dias, Bran, o que houve? Nada. Acontece que foi tão parado, tão monótono que algumas coisas foram abafadas. Trevor passa no corredor sem olhar para a minha cara e Diego está de licença, voltou para o reino dele ao norte da Espanha para ficar com a avó. Talvez o que tenha me alegrado esses dias foi ver Petra cantarolando uma tarde depois da aula, numa quarta-feira, estávamos sentados nos degraus da escadaria principal e ela estava cantando na nossa frente, foi aí, ao som de alguma música da Demi Lovato, que eu não sei o nome de todas que Trevor e Daphné passaram juntos, rindo de alguma coisa que Trevor havia dito. Engoli em sexo olhando para os dois. Eu não me importo, não é? Também teve o Zach que se isolou mais ainda..., mas ele já é um caso perdido para mim.

― Onde está a Gwen? ― pergunto quando acordo vendo que não fui surpreendido pela irmã de Kyle como da última vez.

― Ela ficou em casa, está com catapora. ― diz Kyle. ― Fui saber hoje porque ela me mandou uma foto.

― Nossa. ― me sento na cama e olho Kyle amarrando os cadarços do tênis.

Kyle olha pra mim, vê que estou sem sorri e pergunta:

― Hum... está tudo bem?

― Não sei. ― respondo.

― Como assim não sabe? ― pergunta.

― Ah, é que... não sei, só estou angustiado. ― digo.

― Ah, talvez você esteja apenas ansioso. ― ele sorri para mim. ― Vai ficar tudo bem, Bran, e nem é semana de simulado.

― Nem me fale... já tenho que começar a estudar para o segundo. ― digo.

Ele suspira e assente colocando o casaco. O trovão ecoa do lado de fora da Academia.

― Nos vemos no jantar? ― pergunta ele.

― Uhum. ― digo.

Kyle e eu nos despedimos com um toque e ele sai do quarto. Veronica já me avisa também que não veio dessa vez, ou seja, é apenas Lady Amelie, Rei Harrison e eu. E mensagem da minha “tia” martela na minha cabeça. Troco de roupa colocando um suéter e uma calça jeans. Amarro o cadarço do All Star e saio do quarto em seguida para tomar café da manhã. Os corredores da Academia parecem mais escuros que o de costume, e muito mais vazios.

O refeitório se encontra vazio igual, como um mousse de maracujá e uma maçã. Saio dali com uma latinha de suco natural. No saguão de entrada as portas duplas estão abertas e a luz dos relâmpagos entram enquanto um homem de terno abre o guarda-chuva para Daphné que está de sobretudo. Em frente a ela está Trevor, usando uma de suas inúmeras roupas pretas. Me aproximando para esperar pela minha família, ouço o que eles dizem:

― Tem certeza que não quer passar o dia com a minha família? ― pergunta Daphné.

― Tenho, é melhor assim. ― diz Trevor.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora