Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓

Dia 50 - Me diz que estou errado

24 de abril

Querido Diário,

Precisava tirar algumas coisas a limpo, e não conseguiria se ficasse na Academia, faltam ainda três semanas de aula, mas... agora que Lavinia sabe que mexi na torre com dados da Rebelião e que provavelmente Trevor também saiba... o melhor é eu ir para Deelvin. Eu achava alguns arcos da causa da Rebelião motivadores, agora eu tenho medo deles, não sei do que eles são capazes para conseguirem chegar aonde querem ― então, agora que eu estou “oficialmente” do lado inimigo ao deles, preciso fortalecer o meu lado e conversar com Veronica, entender tudo, perguntar tudo.

Me tranco no meu quarto e ligo para Jeanine, sei que é tarde, mas ela disse que em qualquer emergência era para eu ligar para ela. Ela atende no terceiro toque.

― Alteza?

― Jeanine, desculpa o horário, mas... ― solto um suspiro. ― Preciso que mande um carro para a Academia para me pegar. O mais rápido possível, é uma emergência.

― Ok, mandarei. Está tudo bem, Príncipe Brandon?

― Vai ficar. ― e assim eu espero.

Jeanine fala que em umas duas a três horas o carro já estará pronto para mim... isso é tempo demais, até esse momento Lavinia já vai estar solta da torre, mas eu concordo, não tem como ser mais rápido que isso.

Pego uma das minhas malas vazias no guarda-roupa e começo a colocar as roupas dentro. Preciso avisar Delancy, Petra e Kyle sobre minha partida. Devo contar o motivo dela? Merda, merda... isso virou uma verdadeira bola de neve, os problemas estão ficando maiores a cada segundo. Se eu contar a eles o que sei eu os colocarei em perigo também. É melhor eu poupá―los um pouco da verdade ― por enquanto.

Abro o grupo do squad e não sei o que digitar... omito a maior parte das coisas e no final só aviso que houve uma emergência em Deelvin que eu preciso ir, e para eles se cuidarem e ficarem em segurança. Assim que mando a mensagem e estou com a mala pronta, já se passou 1 hora desde que falei com Jeanine. Tenho vontade de roer a minha unha, mas não faço isso...

Então escuto as batidas na porta do meu quarto. Meu corpo paralisa, respiro fundo e me levanto da cama. As batidas continuam. Acabou, fui encurralado, tenho certeza...

― Bran? ― a voz de Trevor me deixa mais em pânico ainda. ― Sabemos que está aí...

Engulo em seco.

― Eu não queria te assustar, Bran. ― a voz de Lavinia também vem do outro lado, ela conseguiu sair da torre, evidentemente... ferrou.

Não digo nada, eles continuam batendo na porta. Caminho silencioso até a janela do quarto ― sorte de estar no térreo. Subo a janela e jogo a minha mala com cuidado por ela.

― Bran?! ― Trevor grita meu nome, as leves batidas viraram socos contra a porta.

Respiro fundo e pulo da janela, me desequilibro na grama e rolo, o orvalho umedece toda a minha roupa. Não tenho tempo para isso. Pego a mala e saio correndo em direção ao portão principal da Academia. Estou confuso, agitado... não sei o que fazer, não sei o que eu estou fazendo.

Falta mais de meia-hora ainda até a carona segura chegar.

Não olho para trás enquanto me afasto mais ainda da Academia. Tenho medo de olhar e perceber que eles descobriram que fugi do meu quarto, de descobrir que eles estão atrás de mim...

O portão está trancado, a guarita está com segurança. Pelo menos aqui terei um ponto seguro ― assim eu espero. Os seguranças não questionam eu ali com a minha mala, não fazem perguntas e se limitam a leves reverências ao reconhecerem o meu rosto. O príncipe bastardo de Taenia, legitimado ao trono meses atrás...