Dia 42 - Eu vou chorar

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3 de março

Querido Diário,

Sexta, é um dia tão gostoso... quem não gosta de uma sexta-feira?

Hoje foi o dia em que acordei com um stories em minha homenagem. No Instagram de Trevor lá estava uma selfie que tiramos há muitos dias no aniversário de Petra, estamos sorrindo e o stories na verdade é do fim da noite de ontem e tem como legenda “TBT” e um coração azul. Sorrio e respondo com dois corações azuis ― eu que não acreditava que ia viver um romance assim, estou todo bobinho vivendo em um, ai Senhor.

Se eu tenho coisas que não importam mais, mas que continuam acontecendo? Claro... a “trégua” entre Daphné e eu que nunca existiu e ela fez seu pequeno batalhão do ódio contra mim composto por ela, Beatrice e mais duas meninas de nossa sala, uma tal de Suek e uma tal de Pearl, e elas me encaram feio aonde quer que eu vá ― mas como sou um pouco mais evoluído, as ignoro erguendo meu queixo e andando rindo junto com o meu squad. Tem uns dramas da juventude que eu não quero viver, e esse com a Daphné eu vou passar o mais longe possível porque está ficando saturado e chato demais.

O segundo simulado também está para chegar em uns dez ou menos dias ― estou estudando bastante e tendo também como tutora, Petra N’Kahn, a rainha do último simulado com a nota mais alta da classe. Entre estudos e risadas com os meus amigos, Trevor e eu andamos de um lado para o outro pela Academia em alguns momentos rindo um para o outro como dois bestinhas, nos beijando e ele me zoando. Acho que Trevor tem uma pequena tara, porque ele sempre arruma um jeitinho de fazer eu ficar com uma raiva que não é raiva... sabe quando a pessoa enche um pouco o seu saco, depois você acaba rindo, porque sabe que a pessoa fez de propósito só para te tirar aquela reação? Bem... é isso.

E também teve o primeiro jogo de volta da temporada atlética ― foi no domingo passado ―, que foi de basquete e a Academia venceu. O jogo foi aqui na quadra da Academia contra um colégio que atravessou o país, da cidade de Tangres. Depois teve uma pequena social, a qual LeGrand e o diretor de Tangres fizeram aquele discurso de encorajamento e tudo mais, salva de palmas, ponche sem álcool e muitas pessoas me reconhecendo do Instagram. Sem querer acabei me tornando uma influência digital nacional que nem sabia do próprio poder de influência.

Depois que eu ouvi isso, na segunda postei um stories falando que toda doação para uma ONG de proteção aos animais domésticos abandonados e a coisa bombou ― doei quase vinte mil euros para não ser a pessoa que pede, mas não contribui com nada. Espalhei a campanha pela Academia também e no final a ONG arrecadou quase um milhão de euros até o dia de hoje ― todo dia eu entro no site e vejo o balão de doações que gira o tempo todo e eu acho uma maravilha as pessoas se solidarizando para ajudar uma causa como essa.

E hoje, depois da aula, resolvi não estudar, precisava de um momento de relaxamento, então resolvi fazer uma tarde dos garotos da minha vida ― e no meu quarto, com pipoca gourmet, que tem um preço que eu acho que é um roubo ―, chamei Kyle e Trevor e íamos passar o resto da tarde jogando videogame e eu disse que não me importava se eles tivessem treino de lacrosse ou de handebol, eu só queria eles me fazendo companhia ― calma que eu não fui tão autoritário assim, é claro que eu perguntei se tinha a possibilidade e tudo mais daquela maneira minha super educada e fofinha e com olhos de Gato de Botas, e eles dois não tiveram como não recusar. Eu sou muito ator, eu.

Trevor sugeriu “Fifa” ou “PES”, e eu sabia que ele ia ganhar todos os jogos, Kyle pediu “Mortal Kombat”, e eu sabia que Kyle ia arrebentar ― então, bem manipulador, peguei uma remasterização de um jogo antigo: “Donkey Kong”. E eles aceitam... e eu tenho que dizer... eu era o mestre desse jogo no Play 2.

― Você morreu. ― diz Kyle quando sou o primeiro a jogar, e nem passei da primeira fase.

― Que? ― pergunto.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora