Dia 17 - Trégua, por agora

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28 de outubro

Querido Diário,

Só Jesus na causa. Hoje é sábado, aproveitei para acordar mais tarde do que o costume, e levando em conta isso, perdi o café da manhã. Tomei um longo banho e comprei uma panacota na cantina. Kyle mandou uma mensagem no grupo de amigos ― que não tem Zach ―, dizendo que está na biblioteca estudando. E no grupo da comissão de halloween, LeGrand entregou a chave para o Príncipe Lucas do terceiro ano, ele é primo da família de Diego, só que é um primo da família real principal da Espanha. Enfim... o depósito está aberto e pelo visto, Daphné e Trevor já estão por lá.

Caminho rápido terminando de comer o meu café da manhã... sorte que coloquei um tênis esporte, e pela primeira vez na Academia, mesmo o ‘climazinho’ ameno, eu coloquei um calção e uma camisa verde lisa. O depósito fica do lado de fora da Academia, pelo menos a entrada, e eu acelerei meu passo até lá. As portas duplas estão escancaradas e já vejo um pessoal da comissão olhando para tecidos pretos e abóboras de plástico. Diego e seu grupinho estão rindo alto enquanto, o próprio Diego está fingindo ser o assassino de “Pânico” por conta da máscara de morte.

Passo por eles que me cumprimentam, e educado como sou mando tomarem logo no cu deles. Brincadeira, ainda bem que estou de bom humor, aceno para eles e entro no depósito, que para a minha surpresa é muito bem iluminado. É do tamanho do auditório, com caixas e mais caixas empilhadas, grandes janelas estreitas, mas grandes de altura e muito pó. E fico pensando em quantos lugares na Academia eu ainda não visitei ou não tenho ideia ― esqueci de mencionar, mas nos 10 dias que fiquei sem escrever, dei uma volta conversando com Veronica e acabei encontrando um estábulo cheio de cavalos grandes. O tamanho desse lugar me assusta e me fascina. Real.

― Bran! E aí amigão... ― Zach vem sorrindo de orelha a orelha na minha frente. O que me surpreende a seguir é que ele me envolve em um abraço. ― Como você tá? ― pergunta enfiando a mão nos bolsos da calça jeans azul clara e continua sorrindo.

― Bem? ― respondo desconfiado e ele me dá um tapinha no ombro.

― Esse halloween vai ser só sucesso! ― ele diz animado e passa por mim gritando: ― Ei Lorien! Liga o som aí!

Olho ao redor procurando por Daphné e Trevor e vejo Lorien com uma robusta caixa de som com alças que cortam o seu torso na diagonal e tem estampa militar, ele controla a música pelo celular e em instantes a batida de “Bad Child” da Tones And I começa a tocar. Cumprimento algumas pessoas que sorriem na minha direção enquanto entro mais para dentro do depósito e os escuto antes de vê-los.

― Ai Trevor, você é tão engraçado... ― diz Daphné rindo bastante.

Trevor? Engraçado?

Então eu passo por umas caixas altas demais e os vejo. Daphné está sentada em cima de um caixote rindo em um macacão jeans ― até que bonito ― e Trevor está revirando uma caixa rindo, ele usa todo um conjunto de preto, incluindo uma jaqueta de couro. Olho para o meu look... me sinto em uma gincana de escola com a minha roupa, ah, mas quem se importa? O que importa é que eu estou confortável, e basta.

― Bran! ― Daphné me vê primeiro.

Trevor olha por cima do ombro, e vai parando de rir. Coloco minhas mãos para trás, nas minhas costas, e as junto, dou um sorriso e falo:

― Olá pessoal... me atrasei?

― Não muito. ― diz Daphné. ― Trevor e eu estávamos até agorinha pouco na entrada tirando fotos... chegamos tem uns 10 minutos.

― Ah sim. ― digo. ― Então... o que eu posso fazer?

― Ajude o Trevor a encontrar um balde cheio de teia de aranha falsa. ― pede ela descendo do caixote. ― Vou ver com a Beatrice se ela encontrou os morcegos de plástico que segundo o mapa do depósito está por lá... ― ela passa sorrindo e se afasta.

Diário de um jovem (príncipe) gay - 01 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora