Família

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Todos os títulos são canções.
       Família - Titãs

RENATA

Acordei com o celular vibrando freneticamente ao meu lado. A primeira imagem que meus olhos puderam admirar ao acordar foi a menina de cabelo cacheado dormindo tranquila. A segunda foi a tela do telefone; era Lais ligando.

- Alô - falei baixinho para que Clara não acordasse.

- Onde você está, Renata? Já mandei várias mensagens e você não responde, não atende minhas ligações! Que tipo de amiga é essa, que eu arranjei?

- Então, eu estava meio ocupada... - disse.

- Abra a porta que eu quero saber que ocupação toda é essa.

- Quê? Que porta? - como ela tinha descoberto o endereço de Clara, ou ainda, como ela sabia que eu estava aqui?

- Da sua casa, óbvio. Onde mais eu estaria? - Lais já dava sinais de impaciência.

- É que eu não estou em casa, Lai... - Clara abriu os olhos e sorriu pra mim.

- COMO NÃO ESTÁ EM CASA? ONDE VOCÊ DORMIU, RENATA? Porque na casa de seus pais não foi, minha senhora, já falei com dona Maria hoje - ainda não tinha conversado com Lais sobre esse envolvimento inesperado com Clara.

- A gente tem que conversar pessoalmente sobre o assunto - falei já rindo.

- O assunto certamente tem nome e sobrenome, não é? - ralhou - só espero que não seja nenhum embuste do passado.

- Sem passado, querida, quem gosta de recaída aqui é você.

- Vamos almoçar hoje, que eu quero saber dessa história, Renata. Eu conheço essa figura que você passou a noite?

- Até o almoço, então. Amo você! - não quis responder a pergunta.

- Renata, me responda!

- Beijo, até lá!

A essa altura Clara já estava sentada ao meu lado rindo baixinho de toda a situação.

- Encurralada pela amiga de manhã cedo, Dra? - Clara brincou comigo.

- Eu sumi, ela foi bater lá em casa querendo satisfações.

- Sumiu, né? Espero que o sumiço tenha valido a pena... - falou provocando.

- Valeu sim, e muito! - respondi e dei um beijo na bochecha da morena.

- Esqueci de comprar uma coisa essencial ontem - falou com uma cara triste.

- O quê? Achei que já houvesse comprado tudo que você precisa pra viver.

- Faltou o café! - sorriu pra mim

- Isso é um vício? - perguntei.

- Totalmente - falou com cara de culpada.

- Vamos lá em casa, então? Tomamos café lá, preciso alimentar as filhas.

- Filhas? - suspendeu uma sobrancelha.

- Sim. Jurisprudência e Petição, minhas gatas - Clara na hora soltou uma gargalhada, certamente pelos nomes.

- Suas gatas atendem termos jurídicos? - falou ainda sem controlar o riso.

- Mas é claro. São bons nomes, admita - essa reação era comum quando sabiam o nome das gatas.

- São ótimos! Ótimos, Renata! - respondeu ainda rindo. - Vou tomar um banho para conhecer oficialmente as suas filhas. Já que no outro dia que estive no seu apartamento meu foco era outro - disse com um sorriso sugestivo.

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