Minha pele é linguagem

Tell her you love her

Todos os títulos são canções
Tell her you love her - Echosmith

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CLARA

A decisão de passar o fim de semana do meu aniversário no resort foi perfeita. Infelizmente minha mãe e Alice não puderam nos acompanhar: a primeira alegou ter uma reunião importante no domingo cedo - a multinacional que minha mãe trabalhava não tinha muito respeito aos fins de semana, em contrapartida haviam feriados longos enquanto a maior parte das pessoas estava trabalhando. Minha irmã disse que não viria sozinha pra ficar de "vela". Ficamos de comemorar com um jantar preparado por dona Sandra no domingo à noite, só para não passar em branco.

O sol invadia o quarto por uma fresta na cortina. O verão já anunciava que viria intenso, os dias já estavam mais quentes. Depois da noite que tivemos, praticamente dormindo só quando o dia amanheceu, Renata estava abraçada comigo com a perna jogada por cima de mim. "Eu poderia ficar aqui o dia inteiro" pensei um segundo antes da minha barriga reclamar de fome. "Talvez tomar um café e voltar a ficar aqui o dia inteiro" completei o pensamento rindo sozinha.

- Amor - chamei-a com calma, fazendo um carinho na tez relaxada. - Que tal se levantarmos?

- Mas já? - resmungou brevemente. - Acabamos de dormir.

- É que eu estou com fome... - disse causando um riso na outra, que abriu os olhos verdes que tanto amava.

- Achei que estivesse namorando com Clara, não com Alice - respondeu divertida, já me puxando para um abraço matinal.

- É com Clara mesmo - falei dando um tapinha de leve no ombro dela. - Vamos tomar um banho e descer pra comer?

- Banho... gostei - respondeu com cara de que tinha outros intuitos no banho.

- É banho rápido - frisei a última palavra. - Porque estou com fome de verdade.

Seguimos até o banho - que não foi tão rápido assim - e seguimos até o local onde o café da manhã era servido já devidamente vestidas para mais um dia de sol e praia. O buffet super variado, certamente atendia a todos os gostos dos hóspedes.

- Só assim pra você comer direito no café da manhã - comentou rindo, quando voltei com o terceiro prato com alguns pães e geleias diferentes.

O clima agradável permaneceu durante o tempo que ficamos ali, conversando sobre o que eu gostaria de fazer durante o dia e que horas retornaríamos para o jantar. No meio da conversa minha mãe ligou.

- Meu biscuit, parabéns! Há exatos vinte e seis anos eu conhecia o amor mais sem explicação da minha vida. Foi com você que virei mãe, Kinha - disse emocionada. - Você e Alice são a minha razão de acordar todas as manhãs e motivo das minhas preces de agradecimento antes de dormir.

- Ah, Mama! - respondi já secando as lágrimas. - A senhora é a melhor do mundo. Queria muito que estivesse aqui.

- Eu também queria, meu amor! Mas aqui está uma loucura com todos os preparativos.

- Preparativos? Que preparativos, dona Sandra? - indaguei já desconfiada.

- Da reunião que te falei, minha filha! Lembra que foi por isso que não pude estar aí com vocês? - respondeu tranquila. - Tenho que desligar, mais tarde nos vemos! Amo você, mande um beijo para minha norinha.

Desliguei o telefone e Renata me olhava fixamente, com a xícara de café parada no meio do caminho até a boca.

- Que foi, amor? Tudo bem? - questionei já preocupada. - Tá sentindo alguma coisa?