Um céu, um sol, um mar

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Todos os títulos são canções
       Um céu, um sol, um mar - Natiruts

RENATA

O fim de semana do aniversário de Clara finalmente havia chegado. Por sorte, Lais não havia conseguido acabar com minha sanidade mental por inteiro e estava expressamente proibida de ligar para qualquer coisa relacionada à surpresa. Não queria chances da mais jovem desconfiar do que estávamos planejando.

No sábado pela manhã saímos cedo em direção ao resort que havíamos escolhido juntas. O entusiamo tomava conta daquela menina que me provocava tanto amor. Meu sentimento por ela era translúcido como água limpa. Cerca de uma hora depois, entrávamos no complexo hoteleiro cheio de regalias, como ela merecia.

Aproveitamos o dia entre massagens, alguns drinks, comida de qualidade e praia, como ela amava. Antes de voltar à suite que estávamos hospedadas, assistimos o pôr do sol abraçadas de frente ao mar tranquilo. Havia reservado uma mesa em um restaurante italiano para finalizarmos a noite como ela merecia.

- Que tal? - perguntou-me ao sair do pequeno closet que ali havia, em um vestido preto com um decote profundo em V, que deixava o solo fértil para a imaginação de qualquer um que cruzasse seu caminho.

- Maravilhosa! - foi o único que consegui responder.

- Você também está maravilhosa, amor - elogiou-me. - Vamos?

Seguimos até o restaurante, que tinha um clima intimista e contava com um violinista tocando canções suaves. Sentamos na mesa reservada e fizemos nossos pedidos. Um vinho saborosíssimo chegou para que brindássemos.

- Ao primeiro aniversário que passo ao seu lado - proferiu a morena estendendo a taça em minha direção.

- Que seja assim pro resto da vida - respondi encostando minha taça de leve na dela.

Clara estava radiante. O brilho no olhar e a pele bronzeada depois de um dia na praia a deixavam ainda mais bonita. "Como se isso fosse possível", pensei. Ela mexia com minhas estruturas, com meu íntimo. Minha mente devaneava ao olhá-la.

- Um beijo pelos seus pensamentos - falou sorrindo.

- Só um? Acredito que meus pensamentos valham mais - respondi buscando uma negociação melhor.

- Todos os beijos e tudo que você quiser, doutora Renata - devolveu me fitando diretamente com um olhar cheio de lascívia.

- Estava pensando a sorte que tenho de ter você na vida, em como você é linda, tão cheia de qualidades - falei buscando a mão dela que estava descansando na mesa e fazendo um carinho de leve.

- Meu amor, sorte tenho eu, de você ter cruzado meu caminho - disse-me sorrindo.

Ficamos ali entre palavras doces e carinhos nas mãos até que nossos pratos chegaram. A comida estava excelente, e o maître acertou em cheio na harmonização do vinho. Clara como uma boa formiga pediu um tiramisu de sobremesa.

- Epa, epa, epa! - disse quando roubei uma colherada do doce. - Você falou que não queria!

- É só experimentar! - disse me defendendo. - Um pouquinho só, amor - completei quando já estava pegando a segunda colherada.

- Amor, você já experimentou, né? Experimentar é uma vez só, nesse momento já estamos dividindo a sobremesa e essa não era a proposta - disse batendo de leve na minha colher, com o intuito de derramar o doce.

Ainda tentei comer mais - no intuito de provocar mesmo - mas fui veementemente proibida por ela. Terminamos o jantar e saímos para uma caminhada pelo hotel: o lugar seguia lindo durante a noite, as luzes fortes iluminando o mar de um azul profundo. Não havia ninguém ali, além de nós duas.

- E se entrarmos só um pouquinho agora? - os olhos dela brilhavam ao fazer a proposta.

- Agora? Está tarde, nem com roupa de banho estamos... - tentei dissuadir a ideia. Mas, pelo que a conhecia, a batalha já estava perdida.

- Vai ser rápido, juro! - disse já desafivelando a sandália que usava. - Olha, ali tem algumas toalhas - falou apontando para um dos quiosques de apoio e já caminhando para resolver mais um problema.

- Amor, você tem certeza? - indaguei já rindo e tirando os sapatos que estavam nos meus pés.

- Aham! Banho de mar noturno é excelente! - disse voltando para perto de mim, munida de toalhas e roupões. - Vamos, não dá pra ficar pelada aqui!

Pelada? Quem falou em ficar nua ali mesmo? Com toda naturalidade ao chegarmos num ponto mais escuro, a morena despiu-se e cruzou os braços como se esperasse que eu fizesse o mesmo. Fiquei apenas de lingerie e ela não aceitou. Me convenceu a ficar nua em pelo, assim como ela estava. Fez uma chantagem de leve "por favor, é meu fim de semana de aniversário!", e lá estávamos nós, como viemos ao mundo correndo em direção ao mar. Os únicos sons eram o da gargalhada da aniversariante e o leve bater de ondas na areia daquele infinito que se dispunha a nos acolher.

Clara me tirava da zona de conforto da melhor forma possível. Eu jamais faria aquilo se estivesse sozinha! A água estava numa temperatura agradável, refrescou a noite quente que estava. Era lindo contemplá-la. Não sei quanto tempo ficamos ali. Ao sair, enrolamo-nos cada uma em um roupão e alcancei no chão as roupas que antes estávamos usando. Alguns funcionários nos acompanharam com o olhar quando entramos com os cabelos pingando no saguão, com ar de riso e talvez um pouco de incredulidade.

- Foi maravilhoso, não foi? - falou assim que entramos na suíte.

- Muito! - respondi puxando-a para um beijo.

Meu corpo aquecia com o mínimo de contato físico com o dela, que já estava me puxando em direção ao banheiro.

- Você não acha mesmo que vamos deitar nessa cama limpinha sem tirar o sal do corpo, né? - sussurrou no meu ouvido já desamarrando o nó do meu roupão.

Não, eu não achava. Nossos corpos não descolaram um do outro nem mesmo para entrar no box. Encontrei o registro da água e abri com cuidado, buscando uma temperatura agradável. Enquanto isso, as mãos da morena estimulavam meus dois seios simultaneamente, numa destreza inexplicável ao mesmo tempo que distribuía beijos no meu pescoço.

As minhas mãos largaram o registro e foram de encontro a bunda de Clara, que apertei e trouxe o corpo para entrar em maior contato com o meu. Passeei a mãos pelas costas arranhando levemente, provocando um gemido baixo dela. Desci pela lateral do corpo e fui até o sexo, que estava molhado, pronto para mim. Sem hesitar, larguei a boca e comecei o caminho que tanto gostava. Encostei-a na parede, dei atenção aos seios rijos, desci pelo abdômen, beijei a vulva com carinho.

Sem precisar pedir, a médica colocou o pé direito sob meu ombro, me permitindo um acesso livre ao que mais ansiava. Resvalei a língua devagar, mas fazendo a pressão necessária para senti-la pulsando para mim. Cada vez que a sentia, parecia a primeira. Me surpreendia com a delicadeza de cada curva não importa quantas vezes já estivera ali.

Estabelecemos contato visual, Clara já estava mordendo o lábio inferior, como se quisesse postergar iminente ápice do prazer. Ao vê-la tão entregue, penetrei dois dedos e iniciei um movimento de vai e vem no mesmo ritmo que a minha língua passeava no clitóris. O orgasmo veio intenso, junto com um gemido alto. Levantei-me e ficamos em um abraço silencioso, tranquilo, cheio de significado.

- Feliz aniversário, amor - disse ainda sentindo a água percorrer o corpo. - Eu amo você.

Clara afastou a cabeça do meu ombro pra olhar-me diretamente. O mais lindo dos sorrisos estampou aquele rosto que eu não cansaria jamais de observar.

- Eu amo você - respondeu.

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