Minha pele é linguagem

Ciclo sem fim

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Ciclo sem fim - O Rei Leão

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CLARA

Fomos despertas com a campainha de casa tocando incessantemente. Saí da cama em um pulo e fui correndo até o banheiro pegar um roupão para me enrolar.

- As meninas chegaram - falou a advogada rindo, já colocando de volta a roupa.

- E pelo toque sutil, Alice deve ter colocado super bonder no dedo antes de apertar a campainha - respondi já caminhando para sala.

Ao abrir a porta, estavam as duas já com uma feição de impaciência no rosto.

- Precisa disso tudo? - indaguei.

- Tem mais de vinte minutos que estamos aqui na porta, sabia? - proferiu minha irmã.

- E não ligaram pra gente por quê?

- Cau, a gente ligou - falou Priscila.

- Mas pelos seus trajes, vocês estavam ocupadas, não é, dengo?

Ri em resposta e dei espaço para que as duas entrassem. A gatinha já estava com uma coleira e devidamente vacinada.

- Já temos um nome - anunciou Priscila.

- Ótimo, qual é? - perguntei fazendo um carinho na orelha da felina.

- Temos a cerimônia de batismo, cadê Renata?

- Aqui! - falou a advogada se aproximando de nós. - Como foi lá no pet shop?

- Foi ótimo. Ela não tem nenhuma doença, nem carrapato, pulga. Tomou as vacinas, já pode morar aqui sem problemas.

Enquanto Renata se atualizava da ficha médica da nova residente, fui até o quarto e troquei o roupão por um vestido soltinho e voltei para a sala.

- E então, vamos ao batizado da gatinha? - falei voltando a sala.

- Vamos - respondeu Priscila já com o animalzinho no colo. - Peguem as outras para cerimônia, por favor.

Renata já estava rindo da situação, mas pegou Jurisprudência no colo, enquanto Petição já se aninhava no meu braço.

- Música, maestro - falou a grávida olhando para minha irmã.

A canção de abertura do Rei Leão começou a ecoar pelo sistema de som, e eu não pude evitar de soltar uma gargalhada alta. Elas haviam pensado numa cerimônia inteira.

- Estamos aqui para apresentar a nova integrante do reino - proferiu Priscila. E eu apresento... - continuou levantando a gatinha ao alto - Corena!

- Como é o nome dela? - achei que tinha entendido errado, porque nunca havia escutado esse nome na vida.

- Corena - repetiu Alice. - Eu queria que ela chamasse Coruja, porque ela tem esses olhos assim atentos. E Priscila disse que ela tinha cara de Pequena. Então juntamos os dois, e ficou Corena.

- Meu Deus - exclamei. - Então bem vinda, Corena! - disse animada.

- Tanto nome jurídico para vocês escolherem... Cláusula, Anistia, Licitação. Tantas opções! - a advogada falou rindo.

- Esquece, Corena está ótimo. Nessa casa agora não mora apenas uma advogada - disse enlaçando-a pela cintura.

- Oi? Agora é oficial? - indagou minha irmã.

- Depois que eu tomei posse ontem da casa no meu arroubo de nervosismo, recebi um convite - respondi sorrindo. - Vê se você não abre a boca pra Mama, Alice. Quero contar a ela.