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Sem palavras - Móveis Coloniais de AcajuRENATA
A sensação era que todo o sangue do meu corpo havia esvaído. Tudo que eu não desejava ouvir, aconteceu. Todo o tempo buscava acreditar que Clara não estaria em apuros, que no dia seguinte ela apareceria e daria uma explicação plausível para o sumiço. Mas não, de acordo com o que Fernanda havia dito, Ester e Clara estavam juntas.
Pedi para Lais ligar para Fernanda, queria mais detalhes sobre o que exatamente a engenheira havia dito.
- Oi, Fernanda. É Renata - falei assim que ela atendeu.
- Oi, Renata - falou do outro lado.
- O que exatamente Ester te falou? Desculpa ligar esse horário, mas estou realmente preocupada.
- Pelo visto você também caiu no feitiço da doutorinha - disse sarcástica.
- Acho que esse não é o momento pra piadinhas, Fernanda - estava impaciente.
- Liguei hoje depois do almoço para Ester, chamando-a para fazer alguma coisa de noite. Como você deve saber, somos amigas - amigas, sei. Pensei. - Ela me respondeu que não poderia, Clara tinha marcado de ir na casa dela para que as duas se acertassem e que finalmente teria a chance de ser feliz de novo, Clara querendo ou não.
- Clara marcou de ir lá buscar as coisas dela - relatei. - E ela não falou mais nada, Fernanda?
- Não. Ela estava com pressa. Me disse que precisava organizar tudo para a noite de amor que teria com Clara - bufou do outro lado da linha.
- Fernanda, você pode por gentileza me passar o endereço de Ester?
- Você vai lá agora, Renata? Olha a hora! E você pense na possibilidade das duas terem se reconciliado!
- Não vou agora, mas se Clara continuar sem dar notícias precisarei tomar algumas providências, não acha, Fernanda?
- Eu te diria que você está sendo exagerada... - silenciou momentaneamente - Mas admito que até eu fiquei assustada pela forma que Ester falou no telefone. Só escolhi não levar a sério.
- Talvez se você tivesse levado a sério não estivéssemos nessa situação - a ouvi resmungar.
- Anota aí o endereço.
Peguei um papel na escrivaninha anotando o endereço que a moça do outro lado me ditava. Agradeci e desliguei.
- O que você pretende fazer com esse endereço, Renata? - Lais me perguntou - Isso não é hora de ir na casa de ninguém.
- Vou lá só ter certeza que Clara está com Ester - falei. - Ela não pode ter me enganado, Lais. Você acha mesmo que se Clara estivesse com o mínimo de vontade de voltar com ela marcaria um jantar comigo depois que saísse de lá?
- Eu concordo com sua linha de raciocínio, Rê, mas... - a essa altura eu já estava de pé com a chave do carro na mão.
- Não tem mas, eu vou lá. Me espera aqui, você é de casa. Eu não devo demorar.
- Me espera aqui o quê, cara pálida? Eu vou com você! - falou já levantando e caminhando comigo até a porta. - As vezes odeio esse seu complexo de super heroína - resmungou baixinho.
Em menos de 20 minutos estávamos no endereço que Fernanda havia passado.
- E agora, mulher maravilha? - perguntou Lais.
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Minha pele é linguagem
RomanceClara, 25 anos, médica e terminando um mestrado, num mundo completamente diferente do dela por causa de um relacionamento. Renata, 45 anos, advogada. Mora com as duas gatas, com uma bagagem de relações (frustradas). Elas se encontram por acaso e a v...