Todos os títulos são canções.
Café com pão - Maglore.RENATA
Acordei num emaranhado agradável de pernas e braços. A sensação de despertar desse jeito era inenarrável. Busquei o celular na mesa de canto, ainda era cedo demais para despertar a morena. Me desfiz dos nós aos poucos e com cuidado. Assim que levantei, Clara puxou meu travesseiro para abraçar. Não pude evitar de sorrir com o gesto.
Ativei a transmissão da banheira e coloquei sais de banho de flor de laranjeira. Quando a água já estava em um nível razoável, entrei e me permiti relaxar na mistura morna. O único barulho presente era do leve ressonar da outra. Fiquei ali por um bom período, e quando olhei para cama novamente, a mais nova já estava me observando.
- Já acordou faz tempo? - perguntei sorrindo.
- O suficiente para te admirar um pouco - respondeu. - Posso lhe fazer companhia?
- Sem dúvidas - disse estendendo a mão para ela. - Vem cá.
A médica veio em minha direção e pediu espaço para se acomodar atrás de mim.
- Bom dia - disse dando um beijo um tanto quanto desajeitado na sua bochecha.
A mais jovem sem me responder, jogou um pouco de água em meus ombros e iniciou uma massagem magnífica. Escorregou as mãos até o trapézio, apertando-o e dando uma atenção maior.
- Tá tensa... - comentou.
- É a rotina - respondi.
- Espero que esses dias aqui te façam bem - disse depositando um beijo onde a pouco massageava.
- Já estão fazendo.
A morena desceu as mãos e continuou os movimentos nas costas, subiu novamente para os braços e eu já sentia os músculos menos contraídos. Lentamente, Clara chegou aos meus seios, começando a estimulá-los simultaneamente. Joguei a cabeça para trás e notei o riso sem dentes, de puro júbilo. Minha intimidade já começava a contrair em resposta aos toques da médica, que com a mão direita desceu todo meu abdomem até chegar a minha intimidade, já estava molhada não só pela água. Passeou com os dedos levemente, me provocando sem pudor. Afastei as pernas para que facilitasse seu acesso e como resposta recebi uma mordida no meu ponto de pulso e um sussurro rouco:
- Gosto assim.
A escorpiana sabia como me acender. Continuou os toques leves e desviou até minha coxa, pressionando o seio na medida certa com a outra mão.
- Você gosta de me provocar - falei entre um gemido e outro.
- Gosto de te ver entregue - respondeu no meu ouvido.
Clara voltou a atenção para minha vulva e eu sentia meu coração descompassar na expectativa do contato. Sem muita demora, senti meus grandes lábios serem delicadamente afastados e um estímulo lento de cima para baixo ser iniciado. A morena possuía um ritmo só dela, que me tirava totalmente a sensatez. Atentei-me a sentir cada lugar que os dedos passavam e fechei os olhos no intuito de aguçar meus sentidos para onde importava no momento. Minha respiração pesada denunciava o tanto de prazer que estava sentindo. Sem avisar, Clara introduziu dois dedos na minha cavidade.
- Porra! - exclamei de satisfação.
Ainda em um ritmo lento as estocadas se deram, enquanto a mais nova alternava entre beijos, mordidas e chupões no meu pescoço com avidez. Sentia meus músculos íntimos apertarem os dígitos da outra, denunciando a proximidade do orgasmo. As estocadas aumentaram de ritmo me levando ao ápice.
Clara ainda não satisfeita, voltou a atenção ao clitóris em um afago lento, acarretando-me o desejo de mais. Continuou ali até notar meu nervo pulsando freneticamente mais uma vez em sua mão, me fazendo explodir de pura satisfação pela segunda vez naquela manhã.
A médica me abraçou e depois de depositar um beijo calmo nos lábios, sorriu e respondeu:
- Bom dia!
- Ô... - falei ainda sem conseguir me mexer, com as pernas bambas.
Ficamos aproveitando a vista para o mar numa quietude confortável, quando escutei o estômago da mais nova reclamar.
- Fome? - disse brincando.
- Aham, muita fome - respondeu.
- Podemos tomar o café da manhã aqui hoje? Precisamos arrumar uma pequena mala para a segunda parte da viagem - avisei.
- Não vai me contar para onde vamos? - indagou enquanto prendia com carinho meus cabelos em um coque.
- Não, é surpresa, eu já te disse - respondi virando-me um pouco para beijá-la.
Alcancei o telefone para solicitar o café no quarto.
- Vai demorar? - questionou.
- Bem Alice essa pergunta - disse rindo. - Falaram que no máximo em vinte minutos entregam aqui na porta.
- Tudo bem, eu aguento. Rê...
- Hum.
- Eu preciso saber pra onde vamos, pra escolher as roupas corretas - tentou me convencer. - Me dá pelo menos uma dica.
- O clima é esse, Doce. Não tem mistério, roupas leves e praianas.
- Você não vai contar mesmo, não é? - falou fazendo um biquinho.
- Não - gargalhei achando graça e começando a levantar.
Saímos do aconchego uma da outra e colocamos roupões que ali estavam dispostos. Antes do tempo previsto, bateram na porta. Clara deu um pulo de alegria e foi atender. Entrou empurrando o carrinho com um sorriso de orelha a orelha.
- Vem - disse enquanto colocava a variedade de pães, biscoitos, frutas, geléias, sucos e café na mesa.
Sentamos para comer e ela realmente tinha razão: o desejum era sem defeitos.
- Que horas vamos? - perguntou no final da refeição.
- Assim que terminarmos de arrumar a mala. Não precisamos levar tudo, ainda voltaremos para cá.
Pouco depois, Clara já me chamava no closet pra saber quais roupas eu desejava levar. Antes das dez já estávamos no carro. A excitação da morena com a curiosidade de saber para onde ia era quase palpável.
- Não vai colocar o destino no GPS? - indagou marota.
- Não, eu sei como chegar - respondi sorrindo. - Já já você descobre nosso destino.
A médica pareceu se contentar dessa vez e colocou Maglore no sistema de som. Fui apresentada a banda pela escorpiana e já sabia parte das músicas. Escutava tanto na presença quanto na ausência da mais jovem.
- É sobre não calar o peito, é sobre superar anseios. Duvidar do que é direito, resistir as tentações. Tá na cor do café, tá no gosto do pão, em sonho, perda, choro, gozo, morte, amor! - cantamos juntas quase que gritando.
O clima da viagem continuou leve e Clara controlava bem a necessidade de saber para onde estávamos indo. Vez ou outra nossos olhares intensos se cruzavam e durante todo o caminho a mão esquerda da morena variava entre fazer carinho nos meus cabelos ou na minha coxa.
- Chegamos - anunciei.
- Finalmente! - exclamou a morena. - Doce, que lugar mais lindo... - pude ver o brilho nos seus olhos. Sim, eu havia acertado.
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Minha pele é linguagem
RomansaClara, 25 anos, médica e terminando um mestrado, num mundo completamente diferente do dela por causa de um relacionamento. Renata, 45 anos, advogada. Mora com as duas gatas, com uma bagagem de relações (frustradas). Elas se encontram por acaso e a v...