Todos os títulos são canções
Cheiro de amor - Maria Bethânia•
CLARA
Após conduzir com o máximo de gentileza a ex de Renata até a porta, respirei fundo me encostando na parede em busca de calmaria. Os olhares pairavam sob mim e dona Sandra me observava, aguardando minha próxima reação.
- Estou bem - falei olhando para minha mãe. - Vamos continuar nossa comemoração? Agora nada mais pode ousar me incomodar - disse com um sorriso.
Alice colocou uma música animada para tocar e em pouco tempo o clima ameno voltou a tomar conta do ambiente.
- Clarinha, eu nunca pensei em presenciar uma cena dessa - comentou Lais ao se aproximar de mim. - Você sempre tão calma e tranquila, colocou aquela coisa no lugar dela: fora daqui!
- Mas sempre educada, essa menina - completou Renata.
- Ela colaborou para que fosse assim - respondi.
- Ela poderia ter dificultado um pouco para as coisas pegarem fogo! - disse a arquiteta.
- Você só pode ter enlouquecido, né? - ralhou Renata. - Eu não quero ver Clara mais chateada que isso nunca!
- Essa foi uma frase inteligente, minha filha - disse minha mãe, que estava próxima a nós. - Essa menina causa estragos maiores que um vulcão em erupção.
- Mama, o que é isso? - repreendi.
- A verdade, Kinha - respondeu rindo. - Você sabe que quando perde o controle...
- Graças a Deus está tudo sob controle, né? - falou Renata me abraçando e depositando um beijo na minha face.
A comida japonesa foi entregue e a celebração de mais uma fase da minha vida estava perfeita. Já era tarde quando as pessoas começaram a se despedir. Alice, minha mãe e Priscila foram as últimas a sair.
- Eu amei nossa noite! - falou minha irmã já na porta.
- Também amei vocês aqui conosco - Renata respondeu.
- O que farão amanhã? - indaguei no intuito de chamar as mais jovens para um almoço e revelar a Renata que ela seria tia-avó.
- Eu trabalho - minha mãe disse. - Amanhã teremos uma reunião importante o dia todo.
- Nós estaremos de bobeira - Alice respondeu. - Pri vai dormir lá em casa, qual a proposta?
- Venham almoçar aqui - convidei. - Vamos colocar o papo em dia - concluí olhando diretamente para Priscila, que ficou pálida de imediato.
- Ótimo, viremos - respondeu minha irmã já entrando no elevador. - Até amanhã!
- Até! - respondi junto com Renata.
- Enfim, nós - falou a advogada me enlaçando pela cintura, assim que fechou a porta.
Puxei-a para um beijo e no sistema de som que ainda estava ligado, Maria Bethânia começou a cantar:
"De repente fico rindo à toa sem saber por quê"
- Dança comigo? - convidei-a; que assentiu positivamente e me puxou para o centro da sala.
"E vem a vontade de sonhar, de novo te encontrar"
Nossos corpos iniciavam um movimento no ritmo da música: minhas mãos em volta do pescoço de Renata, que repousava as mãos em cada lado da minha cintura.
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Minha pele é linguagem
RomansaClara, 25 anos, médica e terminando um mestrado, num mundo completamente diferente do dela por causa de um relacionamento. Renata, 45 anos, advogada. Mora com as duas gatas, com uma bagagem de relações (frustradas). Elas se encontram por acaso e a v...