Sinal de fumaça

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Todos os títulos são canções.
       Sinal de fumaça - Roberta Campos.

CLARA

Retornamos ao hotel envoltas em planos de passeios com toda a família na embarcação de seu Miguel. Ao chegarmos, fomos direto para o chalé que estávamos hospedadas para organizar tudo: no final daquela tarde retornaríamos a Maceió. Decidimos almoçar no quarto mesmo, visto que Renata precisava organizar algumas pendências do escritório.

Enquanto ela trabalhava, deitei na rede que havia na varanda e liguei para minha irmã. Conversamos um bom tempo sobre a faculdade, sobre nossa mãe e assuntos triviais.

- E você não sabe o que descobri, Dengo! - falou do outro lado da linha. - A sobrinha de Renata está pegando matéria comigo esse semestre.

- E você só descobriu agora, Li? Estamos em agosto.

Alice comentou que se aproximou de Priscila faz pouco tempo porquê estão no mesmo grupo em um trabalho da matéria, só descobriram por um comentário da minha amada irmã dizendo que a cunhada tinha o mesmo sobrenome que a colega.

- E aí, você achou o quê dela? - questionei.

- Ela parece ser legal, Dengo. Super comprometida com a faculdade, tem até me ajudado a estudar, porque não sou tão boa em cartografia.

- Que ótimo, irmã! - disse animada. - Quem sabe vocês não desenvolvem essa amizade?

Alice era uma menina de poucos amigos, e de certa forma aquilo me preocupava. A maior parte do tempo ela ficava entre os estudos e obrigações do dia a dia, pouco se divertia.

- Então... ela me chamou até pra ir no barzinho depois da faculdade, mas não sei, Cau... - falou hesitante.

- Vai sim! - incentivei. - Você precisa sair um pouco, Li.

- Você sempre achando que eu não tenho muita vida social - disse rindo.

Continuamos o nosso papo, até que Renata se aproximou da rede e sentou atrás de mim. Me recostei nela e terminei de me despedir de Alice.

- Conseguiu terminar tudo? - perguntei.

- Consegui. Só tenho uma notícia um pouquinho chata... - falou reticente. - Amanhã precisarei passar na empresa de Adriana e Anderson para que eles assinem mais um documento.

- Não tem problema, meu bem. Você acha que demorará muito lá?

- De jeito nenhum, no máximo meia hora. Alex precisou incluir algumas cláusulas no contrato e já que estou aqui, me pediu para já colher as assinaturas - explicou.

- Tranquilo - respondi. - Sabe quem está na mesma sala de uma matéria com Alice?

- Quem? - perguntou curiosa.

- Priscila!

- Mas Alice não faz engenharia?

- Faz, deve ser algum eixo em comum - esclareci. - Elas estão se aproximando, acho que vão até em um barzinho depois da aula.

- Isso é maravilhoso, Doce. Dona Maria outro dia estava reclamando de alguns amigos de Priscila, que ela não considerava boa companhia - falou rindo. - Mas não sei exatamente os critérios de minha mãe para selecionar quem é boa companhia ou não.

A mãe de Renata era uma senhora simpática, que tinha um jeito engraçado de falar, como se estivesse reclamando de tudo. Mas era a forma que tinha de demonstrar preocupação e amor. Cada um com seu jeitinho, não é mesmo?

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