Todos os títulos são canções.
Mil razões - Tiago Iorc.CLARA
Os clientes de Renata eram dois loiros muito bonitos, que certamente atraiam olhares onde quer que fossem. Fui apresentada a ambos e sentamos pra iniciar o jantar. Comecei a notar alguns olhares insinuantes de Adriana para Renata, mas me convenci que era impressão minha, até começar a ser praticamente atacada pela língua ferina da mulher.
Foquei em continuar calma e educada. Era um jantar de negócios e a advogada realmente era atraente. Com aquele cabelo escuro levemente ondulado jogado para o lado e o batom carmim característico, ficava ainda mais bonita.
Em dado momento, Renata foi ao banheiro.
- Meus amores, com licença vou retocar meu batom - informou Adriana indo na mesma direção que a advogada.
O ciúme me tomou de tal forma que senti minha pulsação no pescoço.
- Clara, me conta mais do mestrado - disse Anderson.
Busquei continuar sendo cortês, não era de responsabilidade dele nem minha o que estava acontecendo ali. Engatamos na conversa, tempo demais havia passado e Renata e Adriana não voltavam. Continuei entretendo o rapaz contando os casos engraçados dos dois anos de mestrado e alguns perrengues que já tinha passado, fazendo-o rir.
- Do que estão falando? - indagou Renata ao sentar-se de volta. A pupila da mais velha estava visivelmente dilatada e o verde dos olhos estavam escurecidos.
- Do mestrado de Clara - respondeu Anderson ainda rindo. - Essa menina é fantástica, Renata!
- Eu também acho, Anderson - respondeu me olhando com candura. - Ela é maravilhosa.
Maravilhoso vai ser quando eu souber o que aconteceu naquele banheiro - pensei.
- O que você também acha, Renatinha? - questionou a loira evidenciando a intimidade que possuía com a advogada.
- Que Clara é fantástica, irmã. Você precisa ouvir as histórias dessa menina - respondeu Anderson.
- Ah, nossa comemoração virou Clara - reclamou antipática.
Durante todo o jantar, Adriana fazia questão de soltar farpas para mim, que respondia polidamente. Ela não teria o prazer de me fazer perder o prumo.
- O jantar foi excelente! - disse o irmão quando já estávamos aguardando os carros para ir embora. - Clara, foi um prazer te conhecer! Pode voltar sempre com Renata, que será muito bem vinda.
- Obrigada, Anderson. Realmente o jantar foi ótimo. Foi muito bom conhecê-los - respondi incluindo Adriana.
Terminamos de nos despedir, e sem perder a oportunidade Adriana tentou um selinho de adeus em Renata, que moveu a cabeça mais rápido que os lábios da loira, atingindo a bochecha da advogada.
Peguei a chave na mão do manobrista para poder voltar ao hotel, já que a mais velha havia bebido não só o champagne, mas também duas garrafas de vinho com os clientes. A partir daquele momento não precisava mais fingir nenhuma simpatia.
- Doce, eu amei o jantar - disse sorrindo.
- Uhum. Que bom que você gostou - respondi com frieza e sem tirar o olhar do trânsito.
- E você não? - teve a petulância de perguntar.
Minha vontade era de responder com grosseria e falar que eu realmente tinha amado ver aquele loira dar em cima da mulher que eu estava apaixonada, mas com o tempo me ensinou que a melhor resposta quando nossos nervos estão à flor da pele é o silêncio. Aumentei a música que estava tocando, para que ela constatasse que eu não queria conversar no momento.
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Minha pele é linguagem
RomansaClara, 25 anos, médica e terminando um mestrado, num mundo completamente diferente do dela por causa de um relacionamento. Renata, 45 anos, advogada. Mora com as duas gatas, com uma bagagem de relações (frustradas). Elas se encontram por acaso e a v...