Domingo

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Todos os títulos são canções.
       Domingo - Tássia Holsbach

RENATA

Encostei na entrada do hospital e Clara já estava me aguardando.

- Como foi hoje? - perguntei voltando a andar com o carro.

- Foi ótimo. Estou preocupada com um paciente específico - comentou. - Meu bem, eu sei que você já veio preparada para irmos para casa de seus pais, mas eu queria passar em casa... Preciso tomar um banho.

- Trouxe uma muda de roupas pra você - respondi virando para o banco de trás e puxando a mochila que havia preparado. - Tudo bem você tomar banho lá?

Além de um sorriso grande, ganhei um "muito obrigada por se preocupar" e um beijo leve nos lábios. Fomos até o endereço dos França conversando sobre a manhã que ela passou no hospital. Eu amava escutar todas as histórias, só fazia com que minha admiração pela profissional que ela era aumentasse.

- Chegamos - anunciei estacionando o veículo.

O dia estava levemente nublado e meus pais estavam na cozinha. Dona Maria sentada tomando um vinho enquanto meu amado pai se organizava para preparar o almoço. Assim que entramos, Clara explicou o motivo de não abraçá-los imediatamente e fomos até meu antigo quarto para que ela pudesse tomar banho.

- Vou te esperar lá embaixo, certo? - falei assim que a deixei no banheiro com tudo que precisava.

- Certo, meu bem - disse entrando no banheiro. - Já já desço.

CLARA

O quarto de Renata na casa dos pais poderia ser habitado a qualquer momento. Estava limpo e organizado, como se a advogada fosse voltar a morar ali. Entrei na ducha forte e tomei um banho relativamente rápido. Ao pegar a mochila, não pude evitar sorrir: a advogada sempre me elogiava quando usava o vestido que havia separado para mim. O único detalhe é que a calcinha que ela colocou junto ficava mostrando através da peça, então como era um vestido longo, resolvi não utilizá-la. Prendi o cabelo em um coque despojado, deixando alguns fios soltos. Como não tinha um perfume disponível, passeei os olhos pela prateleira e encontrei uma das fragrâncias que a advogada costumava misturar. Borrifei algumas vezes e saí do quarto para o almoço em família com meus sogros.

Ao me aproximar da cozinha, as vozes animadas conversavam e pude notar que Priscila também havia se juntado ao grupo. Assim que me viu entrar no recinto, Renata sorriu. Cumprimentei todos agora com beijos e abraços.

- Nos acompanha no vinho, minha filha? - indagou meu sogro.

- Clara é mais adepta a cerveja, pai - comentou a advogada me enlaçando pela cintura. - O que você prefere, meu bem?

- Aceitarei o vinho hoje - respondi.

- Agradando os sogros, muito bem - brincou Priscila. - Vô, da próxima o senhor faz churrasco, que combina com cerveja.

- A senhorita não se acha muito jovem para saber que bebida alcoólica combina com o quê, dona Priscila? - inquiriu dona Maria.

- Ah, vó... Eu já tenho vinte e um anos - respondeu revirando os olhos.

- Você sempre será nossa pequenininha - disse a senhora se aproximando da neta e dando um aperto na bochecha.

- Meu Deus - comentou ficando vermelha. - A vergonha nessa casa é sem fim.

- Conheço esse cheiro - disse a advogada inspirando o aroma no meu pescoço, me causando um leve arrepio.

- Roubei um pouco de um perfume que achei na prateleira - respondi sorrindo. - Gostou?

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