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Todos os títulos são canções
Partilhar - Rubel & Anavitoria

CLARA

O despertador tocou às seis, indicando que era hora de levantar para me organizar e passar os pacientes no hospital. Renata se mexeu, mas não acordou. Levantei e fui direto ao banheiro fazer minha higiene matinal. Quando voltei para o quarto, a cama já estava vazia. Vesti uma calça jeans e uma camiseta preta gola v e nos pés uma sapatilha simples. Ao chegar no trabalho trocaria pelas roupas privativas da UTI.

O aroma de café atingiu minhas narinas assim que cheguei na sala. A advogada já estava com a caneca cheia do líquido quente nas mãos e na bancada um prato com maçã, banana e kiwi cortados. Aquele cuidado me aquecia o coração.

- Bom dia - falei me aproximando para abraçá-la.

- Bom dia, meu bem - respondeu me depositando um beijo da curva do pescoço. - Dormiu bem?

- Dormi, e você? - disse pegando a caneca das suas mãos e sorvendo um gole.

- Impossível não ter uma boa noite de sono ao seu lado. - respondeu sorrindo. - Come as frutas, Clara - proferiu apontando para o prato.

- Ah, Rê... Eu não tenho fome de manhã - justifiquei, querendo evitar comer.

- Mas tem que comer. Vamos, come - impôs já colocando um pedaço de maçã na minha boca. - Termine de comer, vou tomar uma ducha rápida pra te levar hoje.

- Que novidade é essa? - falei brincando enquanto ela caminhava para o quarto.

- Iremos almoçar nos meus pais hoje - gritou do outro cômodo.

Nesse tempo todo que estávamos juntas, fomos algumas vezes na casa de seu Miguel e dona Maria, mas não para um almoço de família. Almoço de família, Clara. Isso tá ficando muito sério. Mas muito sério mesmo. Sorri balançando a cabeça em negativa. Enquanto ela se organizava, terminei de comer as benditas frutas, lavei as louças que estavam sujas, coloquei a comida das gatas e limpei a caixa de areia.

- Vamos? Estou pronta - falou saindo do quarto com um short jeans, uma camisa branca e os cabelos molhados.

Os finais de semana eram as raras oportunidades que a via tão despojada e sem os saltos quase inseparáveis. Fomos no carro conversando sobre o novo affair de Lais, Renata mostrando um pouco de receio e eu buscando tranquilizá-la. O que nos restava era torcer para que desse certo.

- Bom trabalho, coisa linda - falou quando parou o carro em frente ao meu local de trabalho.

- Obrigada, Doce - respondi me inclinando para dar um beijo leve nos seus lábios.

- Que horas posso te buscar?

- Acredito que umas onze já esteja livre - disse já saindo do veículo. - Até mais tarde!

RENATA

Voltei para casa e aproveitei para colocar em ordem alguns documentos que estavam pendentes. Liguei para meu sócio a fim de alinhar algumas decisões do escritório e recebi uma notícia que não me agradou muito: uma viagem para acompanhar um cliente na primeira semana de outubro. Coincidindo com a semana da apresentação da defesa do mestrado de Clara.

- Tem certeza que você não pode ir sozinho, Alex? - insisti, já sabendo a resposta.

- Rê, você sabe que os Venturi não abrem mão que sejamos sempre nós dois. Eu entendo que é importante para Clara a sua presença, mas o dever chama, minha amiga.

Minha pele é linguagem Onde histórias criam vida. Descubra agora