Simples desejo

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Todos os títulos são canções
       Simples desejo - Luciana Mello

RENATA

A semana intensa de trabalho em São Paulo me possibilitou fazer uma surpresa para Clara e tentar chegar a tempo para assistir ao menos uma parte da apresentação. Todas as reuniões e eventos que exigiam a minha presença e de Alex encerraram na sexta pela manhã.

- Eu ainda não acredito que você vai pegar esse vôo absurdo de caro para poder chegar a tempo - comentou meu sócio. - Você pode voltar amanhã comigo, depois que eles nos entregarem os documentos já assinados.

- Amanhã a apresentação já passou, meu amigo - respondi enquanto fechava a mala. - Todos os nossos compromissos já foram encerrados, eu tenho certeza que você dá conta de levar os documentos sem mim.

- Muito engraçadinha, Renata. Vamos, vou te deixar no aeroporto.

O avião pousou às 13:30h, já não sabia se conseguiria chegar a tempo. Como não havia despachado a bagagem, segui para a entrada do aeroporto e um motorista do escritório já me aguardava.

- Samuel, preciso estar lá em até vinte minutos. Dê o seu melhor, só não nos mate ou cause um acidente.

- Sim senhora - respondeu solícito.

Quando o rapaz parou em frente à universidade, já eram 14:10h. Do jeito que conhecia a pontualidade da morena, já havia começado. Abri a porta com cuidado para não atrapalhar. Ela achava-se em pé no palco pouco elevado, explicando com maestria o que tinha estudado com tanta dedicação. Trocamos um sorriso e sentei para prestar atenção no que ela falava.

A banca elogiou o trabalho de Clara e em pouco tempo aguardávamos do lado de fora do auditório para esperar a decisão. Meu incômodo era latente, e, quando começaria a explicar para ela o motivo, fomos chamados de volta para o resultado. Tomamos os nossos lugares e a médica voltou ao palco. Sentei-me ao lado de Priscila, que estava tão amiga de Alice a ponto de vir para a apresentação. Ela me olhou quase que temerosa e eu respondi com um sorriso.

- A senhora viu? - me perguntou.

- Vi - respondi sussurrando.

O assunto foi interrompido pela orientadora que também estava no palco, pronta para anunciar o que a banca havia decidido.

- A banca foi unânime quanto ao resultado - proferiu Daniela. - Como já havia lhe dito antes, Clara, mas faço questão de reiterar frente aos seus familiares, entes queridos e os demais presentes, você é uma aluna exemplar. Não esperaria menos de você por tanta dedicação e empenho na sua pesquisa.

- Obrigada - respondeu a morena já com lágrimas nos olhos.

- Seu trabalho foi impecável. Aprovada sem necessidade de correções - anunciou.

As pessoas presentes começaram a bater palmas, Clara tinha o maior e mais bonito sorriso estampado no rosto. Luana, a estudante de veterinária que a auxiliava, pulava empolgada e dizia para todos que o resultado era equivalente a  um dez. Dona Sandra se debulhava em lágrimas e Alice já planejava a comemoração em algum lugar que tivesse comida. Eu me encontrava extremamente orgulhosa da mulher que dividia a vida comigo há alguns meses.

Diversas pessoas a cumprimentavam enquanto ela galgava a subida do auditório para falar conosco. Assim que chegou, recebeu um abraço furtivo da mãe, que dizia o quando estava desvanecida de ouvir todos aqueles elogios sobre a filha. Alice também a abraçou, bem como Luana e Priscila. Assim que se aproximou de mim, enlacei-a pela cintura e depositei um beijo rápido nos seus lábios.

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