Todos os títulos são canções
Sina - Djavan•
RENATA
Chegamos na casa dos meus pais cerca das dez da manhã. Dona Maria estava tomando seu café dominical junto com meu pai na beira da piscina: era um ritual que ambos cultivavam por anos a fio. Cumprimentamo-nos rapidamente e subimos para o meu antigo quarto, a fim de tomar banho e vestir roupas secas. Minha mãe comentou que Priscila ainda estava dormindo.
Cada vez que entrava naquele espaço reservado a mim, a nostalgia me tomava: fotos da época da faculdade, troféus dos tempos de ensino médio e tantas outras lembranças estavam ali. Minha mãe fazia questão de mantê-lo limpo e impecável "caso houvesse alguma necessidade", segundo a mesma. Na verdade a vontade de dona Maria era a família toda reunida novamente naquela casa enorme.
Sugeri a Clara para que entrássemos juntas no banho, era um hábito que gostava cada vez mais. Já no box, as mãos nas minhas costas deslizaram e me puxaram para mais perto.
- É difícil tomar banho e não desejar você - falou baixinho próximo ao meu ouvido, causando-me um arrepio.
Com destreza a morena virou-me de frente e iniciou um beijo quente, enquanto as mãos passeavam pelo meu corpo até alcançar minha intimidade.
- Se você começar, não pode parar - disse enquanto mordia o lóbulo da orelha direita dela.
- E quem te disse que pretendo parar? - respondeu já iniciando uma massagem prazerosa.
Finquei as unhas nas costas dela, enquanto as minhas encontraram a parede. Clara movimentava os dedos com maestria, me deixando cada vez mais excitada.
- Tia? - ouvi Priscila me chamar e não consegui responder do tanto de prazer que estava sentindo. Só mais um minuto seria suficiente. - Tia? - repetiu o chamado e ouvi a porta do quarto ser aberta. Droga.
- Ela vai entrar no banheiro - disse sôfrega à mulher que estava com dois dedos dentro de mim.
- Não! - reclamou baixinho. - Não quero parar.
- Tia Rê? - nesse exato momento sabia o que viria. Com um esforço vindo não sei de onde, me movimentei e coloquei Clara atrás de mim. - Ah, meu Deus! - disse com a já porta aberta e tampando os olhos. - Me perdoa, gente! É hábito de criança!
- Relaxa, Lila - respondi tentando normalizar minha respiração. - A gente está terminando o banho já, cinco minutos e descemos!
- Tá bom, desculpa mesmo! Vou esperar vocês lá embaixo - disse fechando a porta.
Clara finalmente saiu detrás e mim e abriu o registro todo do chuveiro, deixando a água gelada cair nos nossos corpos.
- É pra baixar o fogo - anunciou rindo. - Em casa terminamos o que iniciamos aqui, doutora Renata.
Sorri em concordância e dei um beijo nela. Concluímos o banho com o desejo latente, nos vestimos e voltamos ao térreo da casa. Os três já estavam sentados aproveitando a manhã de sol. Priscila com uma blusa certamente três ou quatro números maior para esconder a barriga. Nos juntamos e ficamos conversando por um tempo, até que minha mãe anunciou que iria para cozinha iniciar o preparo do almoço.
- Posso te ajudar, vó - ofereceu-se minha sobrinha.
- Eu também posso - disse Clara.
- Vamos todos? Assim continuamos o papo, que está tão bom - sugeriu meu pai.
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Minha pele é linguagem
RomansaClara, 25 anos, médica e terminando um mestrado, num mundo completamente diferente do dela por causa de um relacionamento. Renata, 45 anos, advogada. Mora com as duas gatas, com uma bagagem de relações (frustradas). Elas se encontram por acaso e a v...