Pela luz dos olhos teus

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Todos os títulos são canções
       Pela luz dos olhos teus - Tom Jobim e Miúcha

CLARA

A noite mal dormida me fez levantar um pouco mais tarde do que havia programado, mas estava dentro do horário, visto que a defesa aconteceria no início da tarde. Fiz minha rotina matinal e assim que saí para sala me deparei com um buquê enorme de lírios brancos, minhas preferidas no mundo todo. Dilma já estava na cozinha organizando alguma coisa.

- Meu Deus, o que é isso tudo? - falei sorrindo e chamando a atenção da senhora.

- Nem preciso dizer quem mandou, não é? - respondeu me devolvendo o sorriso. - E eu nem li o bilhete que veio junto. Está lacrado!

- Como a senhora sabe que está lacrado, dona Dilma? - indaguei. - Tentou bisbilhotar, foi?

A senhora sorriu divertida enquanto me aproximava do buquê. Peguei o cartão que o acompanhava e ao abrir, me surpreendi ao reconhecer a letra bem trabalhada da advogada. Não que eu esperasse flores de outra pessoa, mas porque ela certamente havia escrito antes de viajar.

Meu bem,
o desejo real era acordar ao seu lado e estar presente quando a banca avaliadora der o resultado da sua defesa. Eu tenho certeza que tudo ocorrerá ainda melhor do que os seus melhores pensamentos. Volto logo e tenho certeza que estarei morrendo de saudade saudade quando você ler esse cartão.
Te quero o tempo todo,
                                             Renata.

O sorriso nos meus lábios não escondia minha alegria. A letra denunciava que ela havia pensando numa forma de estar presente mesmo na ausência.

- É tão bom ver essa carinha de apaixonada depois de tudo que você viveu, menina - comentou Dilma. - Senta que vou terminar de colocar a mesa pra você comer.

- Estou sem fome, Dilma. Acho que hoje vai ser difícil descer alguma coisa - respondi.

- Mas nada disso! Pode sentar, vamos. Vai comer sim, onde já se viu? Imagina se você desmaia de fraqueza no meio da apresentação! - disse já colocando na mesa tudo para um café da manhã mais do que reforçado. - E antes de sair vai almoçar, estou preparando o strogonoff que você tanto gosta.

Comi um pouco e voltei para o quarto no intuito de conferir pela última vez o slide e salvar em um outro pen drive. Precaução nunca era demais. Assim que sentei em frente ao computador, meu celular tocou, era Renata.

- Bom dia, meu bem! Tudo certo e preparado para hoje? - perguntou animada do outro lado da linha.

- Bom dia, Doce! Vou conferir agora pela última vez a apresentação - respondi. - Você não existe...

- Eu? Existo sim! - falou já sorrindo. - Por que não existiria?

- Pelas flores, eu amei! Obrigada.

- Nada menos do que você merece. Eu preciso que me faça um favor, você está no quarto?

- Uhum.

- Na minha parte do closet tem uma caixa preta com um laço azul na segunda gaveta, preciso que você pegue e abra. É para você usar hoje, caso queira.

Como acreditar que ela preparou essa sucessão de surpresas antes de viajar? Levantei rápido e encontrei a caixa no lugar que ela havia indicado. Ao abrir, uma camisa branca de seda, um conjunto de lingerie da mesma cor e numa uma caixa de joalheria, um colar dourado com um ponto de luz.

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