Run, baby, run

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Todos os títulos são canções.
Run, baby, run - Sheryl Crow

CLARA

Fiquei imaginando o que aconteceria. Sabia que minha mãe e Alice não estranhariam o sumiço por um ou dois dias, e as lágrimas voltaram a rolar no meu rosto imaginando a possibilidade de estar ao lado de Ester esse tempo todo. Será que Renata tinha buscado saber o que estava acontecendo? E se ela achasse que simplesmente fiz as pazes com Ester? Meu choro compulsivo acordou a mulher que estava ao meu lado.

- Bom dia, meu amor! Dormiu bem? - perguntou.

- Dormi - menti. O ditado "para um louco outro" nunca havia feito tanto sentido.

- Maravilha, minha princesa! Hoje vamos para o nosso paraíso particular. Eu tenho certeza que você vai amar, Clara! - disse levantando e colocando a maldita arma na cintura mais uma vez.

- Vou tomar um banho e volto já. Nem pense em sair daí viu?

Como eu sairia se estava literalmente com os pés e as mãos atadas? Ester saiu do banheiro com os cabelos molhados, vestindo um short de linho branco e uma blusa amarela.

- Vou te desamarrar para tomar um banho também. Não ouse nenhuma gracinha, Clara. Estarei aqui na cama esperando por você.

Primeiro ela desamarrou a corda que prendia meus tornozelos e depois as mãos. Se aproximou, invadiu minha boca com a língua e não a impedi, eu estava com medo de negar e ela reagir de forma bruta. Quando aquele momento asqueroso terminou, levantei e fui até o banheiro. No espelho minha aparência não poderia estar pior. Tomei um banho rápido e quando saí Ester estava no telefone.

- Nossa noite foi maravilhosa, Nanda. Fizemos as pazes, está tudo incrível! - era Fernanda, então. - Estamos nos arrumando para nossa lua de mel. Clara? Está ótima! Claro, super feliz de termos nos reconciliado - eu não aguentei e gritei.

- Mentira, Nanda! Me ajuda, por favor! - no segundo seguinte senti um estalo forte no meu rosto.

- É brincadeira dela, Nanda. Não sabe como Clara é? - disse apontando a arma para mim. - Vou desligar que estamos quase de saída.

Assim que desligou o telefone, Ester me pegou forte pelo braço.

- Você quer que a gente vá curtir do outro lado, meu amor? Porque eu não me importo de morrer e te levar junto - só consegui balançar a cabeça negativamente. - Ótimo. Então é melhor você deixar de gracinha, Clara - disse me soltando. - Separei essa roupa para você usar.

Em cima da cama havia um vestido azul curto, que eu sabia ser um dos preferidos de Ester.

- Vista-se que estamos de saída. Já arrumei as nossas malas - falou animada.

Cerca de 15 minutos depois estávamos descendo o elevador. Ester mantinha a arma encostada nas minhas costas e antes de sair do apartamento ameaçou-me novamente para que eu não tentasse uma fuga. Entramos no carro, a engenheira ligou o som e colocou uma música animada. Parecia realmente que estávamos saindo para uma viagem super agradável. Quando o carro atravessou o portão da garagem, passamos por um HR-V chumbo e eu tinha duas opções: estava alucinando ou meu olhar encontrou com o de Renata.

Entramos na via principal e Ester cantarolava tranquila com a mão direita tamborilando na minha coxa. Será que eu estava certa? Realmente era Renata? Olhei pelo retrovisor e um carro da mesma cor que o da advogada estava imediatamente atrás. Poderia ser coincidência.

- Está animada para nossos dias juntas, minha princesa? - Ester me perguntou cerca de 20 minutos depois que saímos do apartamento.

- Uhum, muito - murmurei olhando novamente pra o retrovisor e vendo aparentemente o mesmo carro ainda seguindo o mesmo caminho que Ester estava fazendo.

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