Enfadada

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Onde você disse que está indo mesmo? — a voz de Hanna soou estridente do notebook de Caitlin, posicionado em cima da minha cama de frente para o guarda roupa enquanto conversávamos por Skype. Era mais uma vídeo conferência sobre moda do que qualquer outra coisa.

— É uma festa de Hazel para inaugurar os trabalhos de nosso novo artista na galeria.

Alguma chance de ser você?

— Tanto quanto meu talento para me vestir.

— A propósito, ew, essa não, de onde tirou isso? Do lixo do vizinho?

Ergui a blusa estampada de várias cores, um babado enfeitava a gola para uma essência mais casual. Descartei-a na pilha cada vez maior atrás do notebook, não conseguindo deixar de relacionar o evento com a festa que fizemos na minha casa ano passado para apresentar meus quadros. Foi a primeira vez que vi Justin Bieber.

Você frequentou vários eventos formais, seu senso de moda está decaindo! Minnesota não está te fazendo bem, melhor voltar para Boston — Hanna graciosamente me puxou da tortura psicológica.

Forjei uma risada irônica e me enfiei no guarda roupa, resmungando.

— Eu devia ter comprado alguma coisa, sabia disso. Vou ter que usar uma roupa de Caitlin de novo.

— Você subestima o poder da reciclagem. O que estou vendo ali? Perfeito! Aquele vestido preto de alças no canto!

— Eu já usei ele umas quarenta vezes — contra argumentei.

— Apenas pegue um cinto preto e hm... Aquela camiseta vermelha sangue de seda.

Já enfadada de procurar combinações, a obedeci, embora não fizesse sentido, e vesti conforme ordenara. A camiseta de mangas longas e um laço grande no pescoço vinha por cima do vestido, simulando ser a parte superior do tecido. Para camuflar a junção, o cinto grosso ia um pouco acima da cintura, cobrindo o final da camiseta.

Me olhei no espelho enquanto Hanna batia palmas.

— Espetacular! Uma estilista pessoal nata!

Eu devia admitir que a ideia era boa, mas...

— E se o tecido pular para fora? Vai ficar deselegantemente na cara nossa tramoia.

— Pois aperte bem esse cinto que não vai soltar. Agora me diz que tem um salto vermelho.

— Caitlin tem. Mas vou passar a noite toda de salto?

— Sim! Também quero ver a maquiagem, então se apresse!

Apertei o cinto flexível até o penúltimo buraco, eu quase não conseguia respirar. Levei o notebook e a nécessaire até o banheiro, apoiando aquele na tampa fechada da privada para que eu pudesse me olhar no espelho.

Não me diga que estou no vaso — Hanna pediu com uma voz enojada.

— Não direi — prometi, pegando um rímel.

— Não! Primeiro a base!

O devolvi no lugar e peguei a base da minha cor, espalhando com a mão pelo rosto.

— Você não tem uma esponjinha?

— Hanna, me conte sobre como estão as coisas em casa — pedi para distraí-la.

Ela adorava falar, então logo disparou:

— Bom, continua a mesma coisa. Seu pai não abre mão dos seguranças, aliás, Willian está com saudade.

One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora