Novos Desafios

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Joguei-me no sofá, cedendo aos meus instintos mais gritantes. Justin riu.

— Você parece ter saído de uma guerra agora — ele se sentou ao meu lado, deitando a cabeça para trás. Vi seu pescoço branquinho tão exposto exibindo o pomo-de-adão.

No fim, Patricia colocou um vinho na mesa e começou uma conversa casual, o assunto basicamente se resumia a mim, ela queria saber meus gostos, planos — esse foi meio difícil de responder, mas soltei de praxe que planejava ser médica, o que fez com que desse uma olhadela impressionada para Justin, e então falamos sobre os desafios da profissão, depois sobre meu primeiro emprego. Expliquei que tinha um carinho especial por artes, mas trancara o curso ano passado por ter recebido outro chamado profissional do meu coração. Contei que conheci Justin na primeira exposição dos meus quadros e ela pediu que lhe mostrasse algum em outra oportunidade. O assunto se estendeu tanto que quase não nos lembramos da promessa de colocar as crianças para dormir, já era tarde e aqueles olhos pequenos estavam praticamente se fechando sozinhos.

Eu ajudei Jazmyn a escolher um pijama e lhe fiz companhia enquanto escovava os dentes no próprio banheiro. Depois a observei subir na cama enorme e deitar-se tagarelando sobre o nervosismo de começar em uma escola nova.

— Eles vão te adorar, Jazmyn — dei-lhe um beijo na testa e apaguei a luz. Antes de sair do quarto ela me perguntou se Justin demoraria a lhe dar boa noite, em suas palavras, Jaxon poderia monopolizá-lo até que ela dormisse.

Quando entrei no quarto de Jaxon, os dois realmente estavam perto da televisão apertando agressivamente controles de Xbox. Demorei alguns segundos para chamá-los, encantada com o brilho infantil nos olhos dos dois. O rosto de Justin completamente livre daquela preocupação constante que aparecia até atrás dos seus sorrisos. Naquele momento, ele era apenas um menino. Foi o gesto de coçar o olho de Jaxon que me fez entrar em cena.

— Você não pode me julgar. De um dia para o outro tem duas crianças enormes me chamando de mãe e acabei de conhecer sua família materna.

Ele fechou os olhos e atribui isso ao seu cansaço.

— Desculpe por isso. Não consegui explicá-los que não era bem assim.

— Não me importo. Gosto muito dos dois.

Por outro lado, eu sabia que aquilo não era muito saudável. Quer dizer, ter um filho acarreta muitas responsabilidades, os dois sabiam muito bem disso e esperariam tudo de mim. Com vinte e dois anos ser mãe de uma menina de nove e um garoto de oito parecia um desafio e tanto.

— Eu quero te pedir uma coisa — seus olhos lampejaram para mim.

Àquela altura eu achava difícil recusar alguma coisa que ele me pedisse. Mesmo assim, fiz graça:

— Vamos ver o que posso fazer por você.

Ele repuxou o lábio em um sorriso.

— Consegui um segurança para essa casa. Acrescentando a isso o fato de que eu queria que Jazmyn e Jaxon ficassem perto de alguém que já conhecem... Você acha que pode morar algum tempo aqui? Fiz a mesma proposta a Caitlin e Ryan, e embora tenham aceitado passar essa noite aqui, partirão amanhã para encontrar um apartamento nas redondezas. Sei que talvez você prefira morar com eles, mas... — respirou fundo, e então existiu de falar. Era quase cômico que estivesse perdendo sua habilidade de se expressar.

Ponderei por cinco segundos no máximo, então ele piscou seus cílios longos para mim.

— Tudo bem. Por um tempo.

O alívio fez com que fechasse os olhos outra vez. Próxima demais de seus traços angelicais, cedi a tentação de acariciar seu rosto com a ponta dos dedos, percebendo-o relaxar ainda mais sob meu toque.

One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora