— Como você pode acreditar numa coisa dessas? É óbvio que é armação, besteira, mentira! — eu me revoltei logo que deixamos Annelise de volta à casa de Maya.
Ela ficou o caminho todo se vangloriando e tagarelando sobre o quão engraçado aquilo era. E sinceramente, eu não sei como me contive para não jogá-la fora do carro. Annelise ultrapassara muito além da minha quota de paciência na vida inteira.
Justin permaneceu calado, mas não era uma coisa boa. Eu podia ver a ira consumir seu rosto e imaginava os pensamentos homicidas que estava tendo, gritando tão alto que eu quase podia distingui-los pela minha audição. Os nós de seus dedos estavam brancos da força desnecessária com que agarrava o volante, o carro quase voava pela pista.
Sua raiva estava provocando a minha. Me irritava que ele estivesse realmente crendo que aquela informação era verídica.
— Justin! Me olha nos olhos e diz que não acredita nessa besteira!
Seus olhos lampejaram para mim.
— Não posso fazer isso. Você me pediu para ser sincero com você.
Grunhi, dando um soco no painel do carro. Justin pareceu ofendido, abriu a boca para reclamar, mas a fechou quase no mesmo instante com um ruído.
— Agora você confia em Annelise e George? Não acha que eles podem estar ganhando com essa informação falsa?
Ele estava obstinado em não responder, o queixo duro.
— Me responda, Justin! Eles estão armando alguma coisa! Precisamos descobrir o que é!
O carro deu uma freada brusca e a porta do motorista se abriu no timing perfeito. Justin tirou um boné de beisebol e um óculos preto sabe-se lá de onde, saltando para fora. Cogitei a possibilidade de ele estar me deixando para trás por não aguentar mais meus surtos.
Pertinente, fui atrás dele, descontando tudo no carro outra vez ao bater a porta com força. Ele parou no meio da calçada.
— Você precisa maltratá-lo mesmo? Ele não tem culpa de nada.
Cruzei os braços, a cara mais enfezada do que nunca.
— Onde você pensa que está indo?
Olhei para a placa branca que ele apontava, lendo os escritos "Clube de luta" grotescos em vermelho. Antes que eu pudesse protestar, Justin empurrava a porta para entrar.
— O que caralho você espera que façamos aqui? — exigi saber, apertando o passo para que ele me ouvisse.
O sujeito de bíceps do tamanho da minha cintura apoiado num balcão de recepção fez uma rápida análise minha enquanto cumprimentava Justin. Quando a porta se fechou atrás de mim, inalei o ar carregado de homem suado, uma banda de rock nervosa gritava nos alto falantes. O centro do local mórbido, sem janelas ou cores claras, abrigava um ringue de luta, e a sua volta pendiam sacos de pancada gastos. Homens sem camisa pingando suor dividiam o espaço, separados em duplas para distribuir socos entre si ou no saco. Eles não me deram atenção. Em outro dia, eu poderia me sentir intimidade naquele clima pouco amistoso.
Justin pegou um par de luvas vermelho e voltou a andar, em direção a escada de ferro que apontava para um segundo andar não visto antes por meus olhos lentos.
— Se você não me explicar o que está acontecendo, não dou mais um passo! — estagnei onde estava, recebendo alguns pares de olhos pelo pequeno ataque.
Ele indiciou a escada, arqueando a sobrancelha.
— Você não quer conversar? Podemos fazer isso com segurança lá em cima.

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One Love
FanfictionDurante os 5 meses após a suposta morte de seu namorado, Faith Evans se agarrou a qualquer resquício da presença dele no mundo. Colocando sua própria vida em segundo plano, ela se comprometeu a terminar o que começaram juntos, sem ter total consciên...