Ryan andava de um lado para o outro, completamente perturbado, ele estava naquele circuito desde a hora em que chegamos em casa; eu já havia tomado banho, comido um lanche natural, e sua maratona não chegara ao fim. Alarmado por uma mensagem de Caitlin sobre minha visita noturna, fora nos encontrar na escola de Krav Maga. Normalmente, seu turno terminava às quatro, então àquela hora ele ainda estaria dormindo. Seus olhos estavam fundos e loucos, me deixando na dúvida de que realmente dormira. Depois da visita de Annelise, não consegui dormir novamente, mas não achei ideal chamá-lo, não podia ter certeza de que ela não voltaria, e não arriscaria que descobrisse Ryan vivo. No fim, eu estava certa em tomar aquela decisão. Ryan era o cara mais despreocupado do mundo, e agora estava praticamente subindo de nervoso pelas paredes.
Coloquei as mãos na cintura com um ruído, exasperada.
— Ryan!
Ele me olhou, despertando do transe. Caitlin batucava os dedos na perna, observando a cena do sofá.
— Você não precisa ficar nervosa, Faith. Vamos cuidar disso — e então seus olhos pararam no meu braço. Eu havia tirado a faixa para tomar banho e ainda não colocara de volta — Ela começou a contagem?! — ele quase gritou, ficando pálido.
Eu nunca o vira assim. Quando estávamos prestes a morrer ano passado, ele ria. Sua reação estava triplicando meu nervosismo. Como se não bastasse ter tanta coisa para me preocupar, Maxon e Yasmin estavam desaparecidos, umas das minhas crianças preferidas no orfanato, embora eu não tivesse feito propositalmente uma classificação. Há dois anos eu visitava o orfanato, e desde o primeiro dia eles estavam lá. Caleb me dissera que sumiram no sábado à noite, e que os Evans estavam dispostos a ajudar como pudessem. Seria possível o mundo me decepcionar mais? Depois de mais esse golpe, formei minha decisão.
— Temos que voltar para Boston.
Ryan negou quase que imediatamente.
— Você não conhece Annelise, ela não vai te perder de vista. Não vai permitir que você vá embora.
— Não vou deixar que ela dite o modo como vivo minha vida. Além do mais, duas das crianças do orfanato que eu visitava estão desaparecidas, eu tenho que ajudar de alguma forma.
A maratona de Ryan recomeçou.
— Você tem que se ajudar primeiro. Se ela te marcou com a contagem, quer dizer que com certeza está com um contrato seu. Quem sabe um proposto pelo próprio George?
Passei as mãos no rosto, como se quando abrisse os olhos de novo tudo estaria acabado. Não achava que fosse possível escapar da morte duas vezes seguidas. Justin contrariara o destino ao me salvar, e essa era a forma do mundo de colocar tudo de volta nos eixos. Eu não deixaria ninguém ir no meu lugar outra vez, mas não podia ir agora.
— Quanto tempo dura a contagem dela? E o que acontece quando acaba?
— O tanto de tempo que ela ganhou para concluir o serviço. A cada encontro que tem com você, é uma marca. E acho que já sabe o que acontece quando o tempo acaba.
Engoli em seco. Viver não tinha mais muito sentido, mas morrer pelas mãos de Annelise não devia ser muito agradável. Eu podia ter uma ideia da criatividade que ela tinha para isso. E aposto que seria mais engenhosa para mim. Ela me odiava.
— Vocês não podem ficar comigo. Se ela achar você, Ryan, acabou. E vai acabar suspeitando de Caitlin. Vocês têm que ficar longe de mim.
Ryan me encarou com irritação por um segundo, depois desistiu e voltou a se concentrar nos seus pensamentos. Eu continuei:
— Eu vou para Boston e vocês ficam aqui, e então dou meu jeito. Vocês não são responsáveis por mim. Ela não suspeita do seu envolvimento.
— Faith, fecha a matraca, eu estou pensando.
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One Love
FanficDurante os 5 meses após a suposta morte de seu namorado, Faith Evans se agarrou a qualquer resquício da presença dele no mundo. Colocando sua própria vida em segundo plano, ela se comprometeu a terminar o que começaram juntos, sem ter total consciên...