Improvável

340 19 19
                                        

Grande ideia, Faith Evans. Meu arsenal de ideias geniais crescia a cada dia. Eu deveria ter uma premiação exclusivamente sobre elas.

— Você acha que deveríamos ter pensado numa entrada? O que poderíamos colocar? E a sobremesa? Ah, meu Deus, eu não sei muito sobre aquele esquema de talheres. Justin, você teve aulas de etiqueta, não? Podia me ajudar um segundo com isso, querido? — Patrícia corria de um lado para o outro, preocupada em preparar um jantar a altura dos Evans, insistia que minha ajuda não era necessária. O nervosismo para agradar um pouco acima do normal me dava a dica de que deveria mesmo ter pesquisado sobre mim na internet.

Justin me olhou de soslaio, implorando que eu fizesse alguma coisa para tranquiliza-la.

— Não se preocupe com isso, Pattie. Eles não vão se limitar a esse tipo de coisa — menti — O que fizer estará ótimo.

Meus pais eram peritos nesse tipo de julgamento. Na ocasião, os critérios estariam mais elevados do que nunca. Mas, de fato, não havia muito a fazer para que eles aprovassem, até o mais fino dos jantares preparado por Patricia não seria capaz de influenciar em sua opinião.

Parecera mesmo propício anunciar que eu moraria no Canadá, e que já estava até vendo uma boa faculdade por ali — depois que desliguei a ligação fiz uma pesquisa rápida para responder o questionário que seguiria — e já havia encontrado um ligar para morar... na casa da mãe do Justin. Acabei passando o endereço depois de praticamente ouvir Eleanor entrar em trabalho de parto e o circo estava formado. Eles queriam constatar de perto toda a situação para dar o parecer final, já que me recusei veementemente a voltar. Como se já não fosse suficientemente inquietante o fato de reunir a família do seu namorado com a sua.

— Eu sabia que deveríamos ter contratado cozinheiros profissionais, mas a ideia de uma coisa mais familiar e íntima me pareceu bem atraente.

— Patricia, a comida da família Mallette e Dale vence qualquer restaurante, você sabe disso! Essa lagosta é de dar água na boca! — Bruce entrou em defesa deles mesmos.

— Obrigada pelo voto de confiança! — Diane gritou da cozinha.

— Poutine parece espetacular — contribuí, verdadeiramente fascinada com a combinação de batata frita, queijo e molho de carne.

— Eu contei sobre sua veneração por batata. Uma vez que esse é um dos pratos mais tradicionais do país, você será uma ótima canadense — Justin disse, me abraçando de lado.

Sorri, sentindo aquela ansiedade em nível agradável revirar minha barriga, quando esperamos com prazer o que o futuro nos reserva. Eu estava empolgada com a ideia de me tornar uma canadense com Justin.

— Se você quer sobremesa, podia fazer Nanaimo Bar, e eu posso fazer Bloody Caesar como entrada — Bruce continuou, vendo Patricia colocando os pratos na mesa, aparentemente inatingível às nossas tentativas de tranquiliza-la.

— Nanaimo Bar é uma sobremesa de três camadas de bolacha waffer, creme de baunilha e cobertura de chocolate — Justin me explicou — Já Bloody Caeser é um drink de vodka, suco de tomate, molho tabasco e molho Worcestershire. Experimentei praticamente de tudo isso quando cheguei aqui. O drink é de fato interessante.

— Mas será que tudo isso tem harmonia? Não estou certa disso... — Pattie refletiu. Eu me lembrava de Justin ter contado sobre sua paixão por cozinhar, aliás, até estava meio que construindo um restaurante para ela em Boston — que ele destruía sempre que ficava nervoso. Imaginei se ele lhe daria um no Canadá.

— Mesmo que não combinasse, eles não teriam como julgar, é um país diferente, culinária diferente — Justin argumentou.

Pattie pensou um pouco sobre isso e levantou um ombro, aceitando.

One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora