Decisões

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Minha casa se tornara sede de uma carnificina em baixa escala; corpos como cascas vazias espalhavam-se da cozinha à parte externa, na entrada e nos fundos, como descobri depois. A traição por parte da segurança particular de Bryan estendia-se também aos responsáveis pela guarda de todo o perímetro de nossa residência. Por este motivo, Justin atrasara-se, ocupado em descartar os sujeitos propensos a lutar por Clark Peter.

Num primeiro momento, este pensamento não me ocorreu, preocupei-me em agachar-me ao lado do meu irmão desacordado com uma ansiedade crescente. Hanna já estava lá, inclinando a bochecha para perto do nariz dele a fim de checar sua respiração. Negligentemente, chacoalhara seus ombros em seguida emitira um grito entalado por seu nome. Felizmente, ele se sentou imediatamente, quase trombando com a cabeça na dela, olhando ferozmente a sua volta para terminar sua luta de onde parara. Soltei o ar que prendia e levantei-me desnorteada em busca de mais vítimas conhecidas. Ryan pairava ao lado de Justin como um cão leal, impressionantemente portando apenas um corte singelo no lábio. Eleanor e Bryan correram para examinar suas crias, revezando-se para tomar nossos rostos e virá-los rapidamente para uma análise clinica grosseira. Retribui a gentileza, constatando alguns hematomas espalhados por todo o rosto do meu pai, eu mal conseguia identificar de onde saía o sangue. Eleanor, tendo recebido um destino menos pior, exibia alguns arranhões pelo rosto e pescoço, o contorno bem delineado da mão de Elizabeth em sua face e uma marca vermelha no pescoço, resultado de uma tentativa de sufocamento. Depois de nos abraçar, balbuciando palavras quase ininteligíveis, pegou o próprio lenço de Bryan para limpar seu rosto, num gesto de cuidado frenético.

Livre das mãos ansiosas, procurei por Caitlin, encontrando-a dobrada nos joelhos, os ombros tensos arqueados acima de Maya. Lancei-me ao lado da morena retorcida junto a uma pequena poça escura alarmantemente semelhante a vinho espesso. Sua mão apoiava-se firmemente no abdômen, local onde identifiquei a origem da ferida, a respiração pesada e entrecortada. Xinguei baixo antes de gritar por cima do ombro.

— Alguém chame uma ambulância imediatamente!

Espantada demais para se preocupar com a mão suja de sangue, Maya agarrou meu pulso, sibilando com esforço:

— Hospital não — negou veementemente.

Os funcionários de George não confiavam em hospitais, muito menos em riscos tão grandes. Grunhi e fitei seus olhos teimosos com uma determinação superior.

— Eu não estou te consultado — rebati.

Repentinamente, Justin estava ao meu lado, ignorando completamente Maya e seu sangue manchando o chão.

— Faith, ela tem razão, não podemos leva-la ao hospital. A não ser que tenha reconsiderado minha opinião. Seria entrega-la de bandeja para Annelise — ponderou friamente.

Lancei meu olhar fulminante a ele antes de me voltar desesperada para Caitlin, em busca de apoio. Ela expirou, os dentes travados, aparentemente cedendo ao meu pedido por ajuda com certo desgosto, mas no fundo, tão perturbada quanto eu a imagem de uma conhecida definhando na frente de nossos olhos.

— Fiz algumas suturas em Chris quando precisou, talvez possa ajuda-la. Ryan, me arrume as ferramentas — ordenou, exigente.

Bryan finalmente atentou-se para a urgência.

— O que estão dizendo? Planejam deixa-la aqui? — questionou chocado. E então, direcionou-se para Justin — E vocês podem me explicar o que...? — constatando o bem-estar físico de sua família, substituía suas prioridades lógicas.

Praticamente todos os olhos fixavam-se em meu pequeno milagre posicionado atrás de mim, fatalmente esquecendo-se da mulher que morria em nossa sala de jantar. Pensei que ver um fantasma confundia as faculdades mentais só de personagens grotescos em filmes de terror.

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