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6.

MARIAH NARRANDO.
1 mês depois.

Eu estava no hospital e tinha acabado de fazer a curetagem, depois de alguns dias que eu tinha completado o terceiro mês de gravidez, eu acabei tendo uma hemorragia que me fez abortar, agora estou aqui, deitada olhando pro teto tentando entender porque não posso ser mãe novamente e nem nunca vou poder. Olhei pro lado e o Mateus tava dormindo no sofá cama que tinha no quarto do hospital, ele tinha passado a última noite comigo e eu tenho certeza que todas as horas que eu consegui dormir ele tinha ficado acordado. Eu não conseguia entender qual era o problema comigo, eu era nova, tive o Guilherme mais nova ainda e com ele já foi toda a complicação, não da pra aceitar que o meu problema seja tão grande assim, continuei perdida nos meus pensamentos olhando pro teto, eu ainda não tinha conseguido falar nada, com ninguém. Ouvi as batidas na porta e o Mateus se acordando com o susto, em seguida a enfermeira entrando, ela trocou meu soro e saiu. Mateus veio até mim e deu um beijo na minha testa e um selinho.

— Ta sentindo muita dor, amor? - ele disse alisando meu cabelo, assenti olhando pra cima. - falei com a Valentina e com a sua mãe, elas já estão chegando pra visita, o Guilherme ta querendo vir, Valentina ta perguntando o que fazer. - eu comecei a chorar descontroladamente, eu não queria que meu filho me visse daquele jeito, fraca, frágil, sem saber o que dizer a ele a respeito de toda aquela situação, sem saber o que fazer, só querendo não ter perdido outro filho que eu nem cheguei a conhecer. - Amor... por favor, não faz isso comigo, não faz assim... - vi o Mateus limpar uma lágrima e se esticar ainda mais na cama, limpando minhas lágrimas. - não era pra ser, não podia ser agora, vamos esperar mais um pouco.

— Você não entende, Mateus. Eu nunca mais vou poder engravidar, sempre vai ser isso, eu nunca vou conseguir segurar outro filho nosso. Eu não entendo porque disso comigo.

— Nunca é tanto tempo amor, você ta triste, eu tô triste, mas Deus sabe de todas as coisas, não vai levar a nada você ficar se culpando dessa forma. Nossa família já é muito especial, você é perfeita, uma mãe incrível e eu não te vejo de outra forma por isso ter acontecido, claro que eu queria que a gravidez tivesse durado e a gente conseguisse ter nosso bebê, mas não aconteceu e eu sei que não aconteceu por um motivo maior, que um dia a gente vai descobrir. Ein, minha princesa, não fica assim... - ele me ajeitou na cama pra que ele conseguisse deitar, nem que fosse de mal jeito ali comigo e me aninhou, eu entendia tudo o que o Mateus estava falando mas eu não queria aceitar, não era um sentimento que vinha do meu coração mas sim que vinha da minha cabeça, eu não conseguia pensar de forma diferente. Eu queria está me preparando pra fazer minhas consultas de rotina, fazer ultra e saber o sexo e não isso e eu achava que ia ser quase impossível de entender tudo que estava acontecendo comigo. -