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Oie! Olha quem chegou?! 🤩
MARATONA 1/5

Pela manhã do domingo, todos já estavam em seus carros, pra voltar pra casa. Segunda-feira tinha muito trabalho pra maioria ali e não dava pra ficar pra voltar no domingo a noite. Roberta ia dirigindo o carro, já que o André tinha machucado o pé na viagem e já tinha forçado o suficiente, então ela preferiu ir dirigindo. Já tinham conseguido passar pelo inferno que é aquela ponte Rio-Niteroi, quando o que estava aparentemente normal, não estava tão normal assim...

ANDRÉ.

Observei ela morder o lábio inferior pela quinta fez em menos de um minuto, aquilo não era normal e eu tava ficando cada vez mais com a certeza de que ela tava escondendo alguma coisa.

- O que você tem? - percebi que ela se assustou com a minha voz. - Roberta...

- Eu não sei... - ela disse ofegante. - Tem alguma coisa estranha. Ta doendo muito... - ela disse enfim me olhando pelo menos por um segundo. -

- Para o carro...

- Que?

- Para o carro no encostamento e vem pra esse banco.

- Amor, o que?

- Roberta! O carro! - ela assentiu e parou o carro no acostamento, eu desci, enquanto de la dentro mesmo ela passava pro banco do passageiro. -

Entrei no carro vendo ela levar a mão até a barriga, segurando como se isso fosse fazer passar a dor que ela tava sentindo. Eu sabia desde o começo que era pra vir dirigindo essa porra, carro automatico vai prejudicar meu pé em que?! Eu ein...

- Calma amor, não chora... - falei quando a gente parou no sinal, pegando sua mão, entrelaçando na minha e em seguida a beijando. - De 0 a 10 quanto que ta doendo?

- 20! - Olhei pra ela espantando. - Tem alguma coisa errada, André...

Aquilo só fez aumentar ainda mais o meu nervosismo, se eu já tava indo rápido pra chegar logo na porra desse hospital, agora eu ia voar. Pelo amor de Deus, como eu detesto essas porras, bagulho de energia é um negócio que tu não pode desdenhar não, sabia que tinha alguma porra errada.

- Eu já tô chegando no hospital amor, fica calma, ta bom? - ela assentiu fechando os olhos e gemendo de dor. -

10 minutos depois a gente tava no hospital, deixei nem ela sair do carro, já fui atrás de uma cadeira de rodas, ajudando ela a sentar.

- Fica aqui, você vai pra triagem é o tempo que eu estaciono. - me abaixei na frente dela. - Eu tô logo aqui, não se preocupa. Amo você.

Fui estacionar o carro, coloquei essa porra de qualquer jeito porque foda-se, tinha coisa mais importante pra me preocupar. Quando voltei pro hall do hospital, conseguia até ouvir um grito da Roberta e aquilo tava me deixando nervoso pra caralho, eu odeio esse ambiente, odeio emergencia de hospital.

Corri até a Roberta, a enfermeira avisou que ela seria levada pra emergência, minha mulher não parava de chorar e esse bagulho tava pesando a minha mente. O médico e o maqueiro sei lá o que era, foram com ela mas tentaram me barrar na porta.

- Não tem condições deu não entrar com ela ai. Sou o marido dela, ela ta nervosa, não vou deixar ela entrar ai sozinha. Nem prontuário com as informações eu preenchi...

- Senhor, o senhor não vai poder ir. Como o senhor mesmo ta falando, sua esposa ta nervosa e com dor e o senhor ta atrasando o atendimento. Fique tranquilo, temos a melhor equipe pra cuidar dela.

- Eu não vou sair daqui, ta bom? - falei apertando a sua mão. - Te amo muito, você não ta com nada. Lembra que você me falava que era bobagem? - falei e ela assentiu, sussurrando um "te amo" e ai eles entraram com ela. -

PUTA QUE PARIU! Pensei mais alto do que deveria, dando um tapa na parede. Isso não ta acontecendo comigo, não ta! Porra! Sai dali indo até o carro, abri o porta luvas e peguei a seda e a erva, bolando um fino e fumando. Que porra é essa, Deus é mais e é comigo, isso não ta acontecendo de verdade. A porra do beck foi pro caralho e eu sai do estacionamento, tava escorado em um dos carros vendo o cigarro queimar a última ponta e voltei pra ver se tinha alguma notícia. Nada. Eu sei contar exatamente a única vez que eu tive que vir pro hospital por causa da Roberta, tirando essa vez, foi só uma única vez. Sentei em uma das cadeiras e escorei minha cabeça no banco, deixando as lembranças daquele dia virem...

Alguns anos anos...

Nosso casamento era na próxima semana, a gente tinha feito todo mundo comprar passagens e convencer que era uma boa ideia se casar na Grécia. Quando eu digo convencer que era uma boa ideia, eu digo convencer a mãe da Roberta que sonhava com a filha casando na principal igreja de São Paulo, pois é. Mas quando minha mulher colocava uma coisa na cabeça, ela não tirava por nada. Grécia tinha sido um lugar importante pra gente, bom de verdade, sabe? A gente tinha feito uma viagem pra lá bem no começo, quando ela aceitou namorar comigo. E aquilo mudou nossas vidas. Eu achava do caralho ela querer casar ali e quando eu digo do caralho, eu quero dizer, tudo que essa mulher fazia era do caralho.

Enfim, a gente viajaria daqui há dois dias, junto com metade das pessoas, pois nossa despedida de solteiro seria junto e seria lá. Eis que eu chego em casa do trabalho e encontro a Roberta hiperventilando, no começo eu quis rir, até eu entender que aquilo era sério.

- Calma, minha deusa. Vai da tudo certo no casamento.

- Não vai e se meus pais perderem o voo? Não conseguir chegar a tempo? Se o hotel não tiver feito as reservas direito? E se o pneu furar quando tiver me levando pro altar? Meu vestido... eu posso derrubar cerveja no meu vestido, você sabe como eu sou.

- Roberta! - segurei em seu rosto. - Respira! Vem cá, respira comigo...

A gente respirou junto, mas quando eu toquei nela, senti que ela tava com febre e não era qualquer febre. Naquele dia, passamos a noite no hospital, porque ela ficou tão nervosa e acabou comendo tanto que comeu até coisa estragada sem ver.

- Tá vendo a pessoa que você escolheu pra casar? - ela disse me assustando com sua voz, enquanto eu tava sentado na cadeira de acompanhante vendo ela tomar soro. - Ainda quer casar comigo?

- Até se você tivesse me vomitado inteiro, eu ainda me casaria com você. - puxei um banco que estava perto dela e me sentei nele, pra ficar mais perto ainda. Sorri. - Eu te amo. E eu sempre vou amar tudo em você, quando eu digo tudo, inclui esses ataques também. - Eu ri e ela se esticou pra me beijar... -

Atualmente...

E agora eu to aqui, na porra da cadeira desse hospital, sem notícias da mulher que faz todas as células do meu corpo funcionarem.

- Acompanhante de Roberta Senna Zioto?! - me levantei num pulo...

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