79.

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ISADORA.

Duas semanas já tinham se passado do acidente, a primeira foi uma correria em casa, já que eu tava com muito receio de dirigir, ainda estou, o Kaio junto da minha mãe tinham que ficar se virando pra pegar as crianças na escola. As vezes alguma das meninas traziam eles também.

O Kaio coitado, tava na correria em dobro. Ele tinha se empenhado muito em conseguir as câmeras de segurança e levar pra frente questões de justiça mesmo. Teve até audiência, várias coisas, já que o cara não prestou socorro.

Só sei que finalmente eu estava indo tirar esse bendito gesso, que coçava mais do que tudo e eu já não aguentava mais. Minha mãe tinha ido comigo, já que o Kaio tinha ido trabalhar, ela estava dirigindo.

- Você precisa começar a ir perdendo esse medo da direção, filha. Acidentes acontecem e não foi culpa sua.

- Mas podia ter sido culpa minha e se no lugar de que eu me machucasse, a Júlia ou o Vinícius tivessem se machucado? Não gosto nem de pensar mãe.

- Podia ter sido com qualquer pessoa, Isadora. Comigo dirigindo, com seu pai, com o Kaio...

Ela disse e estacionou o carro no hospital, nós entramos e demorou simplesmente uma vida pra que eu fosse atendida. Mas finalmente eu fui e finalmente tiraram aquela porcaria de mim, já tava de saco cheio daquilo. Mas como mãe é a coisa mais besta do mundo, eu queria até perguntar se eu podia guardar o gesso só porque os meus filhos realmente desenharam e rabiscaram nele todo. Mas contive o momento mamãe babona só pra mim.

- Tem certeza que não quer ir digirindo? - minha mãe falou, mostrando a chave do carro. Eu ri. -

- Tenho, mãezinha. Dirige lá pra sua bebê! - Falei me abraçando nela. Seguimos em direção ao carro e ela foi dirigindo pra minha casa, entramos pela garagem e a casa tava toda um enorme silêncio que eu até estranhei. -

- Mamãe chegou! - gritei. -

- MAMÃE A GENTE TÁ NO JARDIM! - Ouvi o grito da Júlia e do Vinicius e fui caminhando pro quintal da minha casa, quando cheguei na porta, imediatamente coloquei as mãos na boca não acreditando naquela cena... -

KAIO.

Tinha programado já esse dia, na real, já tava mais do que passando da hora, papo reto. Vivo a anos com minha mulher, sou apaixonado nela, na nossa família. Morreria por eles! Sei que o sonho da minha mina é casar e nunca coloquei isso pra frente po, ela me chamou pra morar comigo há anos atrás e assim nós ficamos.

Não que a gente já não fôssemos casados, porque po, claro que éramos. Comigo as coisas sempre foram assim. Tá comigo? Tá, pronto e acabou. Mas no fundo eu também sempre soube que os planos da minha mina eram diferentes.

Organizei a porra toda, contratei buffet pra fazer um almoço, chamei nossos amigos que são a nossa família, tava tudo pronto. E eu nervosão esperando ela chegar do médico.

- Mamãe chegou! - Confesso que meu coração deu uma acelerada, mãe dela até que enrolou ela tempo suficiente pra ficar tudo ajeitado, minha sogra sabia de tudo, dona Isabel é minha parceira. -

- Que isso?! - Ela quase gritou, pegando o buquê de flores que o Vinícius entregou a ela e eu me aproximei. -

- Vai entrar pra família ein Isa! - O Diogo gritou fazendo com que a mãe dela risse. -

- Kaio?! Que é isso?! - ela perguntou baixinho. -

- Deixa eu falar - falei coçando a barba - E não me interrompe, ou eu perco a coragem. - disse e ela riu. -

- Fala alto Kaio, não to ouvindo daqui porra! - O Mateus gritou. - Sabe que eu tenho que aprovar esse caralho, tu não passou no teste ainda não.

- Mateus, - me virei pra ele. - vai tomar no cu porra. - voltei a me virar pra Isadora, que ainda encarava tudo meio boquiaberta. -

- Amor, - disse e segurei a mão dela que estava livre. - eu sei que tô longe de ser o cara mais romântico do mundo e que isso que eu to fazendo agora eu estou fazendo com anos de atraso, mas é porque você sabe que essa parada de rótulos nunca foi o meu forte e sempre pulamos essas etapas, antes mesmo de ser seu namorado eu já era pai da sua filha e já era teu marido. Só com a minha palavra, sem precisar assinar nada.

- Eu sei e não precisa assinar nada amor, eu sou muito feliz assim. - ela disse alisando minha mão. -

- Deixa eu terminar. - eu ri. - E eu sei que falei pra você que a gente tinha se casado no momento em que fui no cartório e registrei a Júlia, que ali eu sabia que iria fazer de tudo para que o que nós termos durasse pra sempre. Mas do mesmo jeito que muita coisa mudou pra mim essas semanas, isso mudou também. Eu tive tanto medo de te perder que a única coisa que passava na minha cabeça era que eu podia ter te perdido e nem o meu nome no seu você iria ter, eu nunca quis casar, isso é verdade, mas depois de você eu sempre quis tudo. Depois de você eu quis ser responsável, quis ser pai, quis ser fiel, quis mudar e eu fui mudando de todas as formas pra poder ter você pra sempre pra mim. Eu não me arrependo de nada que eu fiz por nós dois, de nada que eu enfrentei por nós dois, mas tenho certeza que eu me arrependeria se eu não fizesse o que eu vou fazer agora... - tirei uma caixinha com do anel do meu bolso, me ajoelhei e abri, mostrando pra ela o anel de compromisso que tinha ali dentro. - Então, agora eu vou te pedir pra casar comigo, casar do jeito que você quiser, de papel passado, aqui no quintal, na igreja, na praia, de qualquer jeito. Eu só quero de fato ser o seu marido com tudo que eu tenho direito e mais. Então, Isadora, minha gata, minha mina, mãe dos meus filhos, a mulher que transformou minha vida pra sempre, você aceita?

- Você quem vai fazer meu coração parar dessa vez! CLARO QUE EU ACEITO! - ela disse e eu me levantei, colocando o anel no seu dedo e ela já veio me abraçar me beijando. Dava pra ouvir os gritos do pessoal. - Mamãe vai casar filha! - ela disse toda boba mostrando a aliança pra Júlia que ria. - Te amo tanto, meu amor! - falou voltando sua atenção pra mim e passando os braços pelo meu ombro. - Você me faz tão realizada, sempre fez. Eu nunca precisei de papel nenhum pra saber que eu era sua. De todas as formas que você quisesse que eu fosse sua, eu era, eu sou.

- Eu sei. Você esses anos todos fez muito por mim, por nós, tá na hora de retribuir não acha não, mamãe? - falei e mordi seu queixo de leve. - E eu não to fazendo isso só por você, eu falei sério quando eu disse que essas últimas semanas mudaram minha cabeça. Eu quero que esse seja mais um dos tantos momentos inesquecíveis da gente junto, que seja uma memória boa e eterna. A gente vive de memórias amor, eu poderia está só com memórias suas agora, então, eu quero criar memórias eternas com você, com nossa família.

- Te amo demais, meu bebê! - ela disse cheirando meu pescoço e depois limpou algumas lágrimas. - Nem acredito que a gente vai casar, aí to me achando! - eu ri dela. -

- Ô casal! Parem de se agarrar e venham cumprimentar a família e os amigos porra. - O André disse fazendo a gente se soltar. -

Peguei o Vinícius no colo e chamei a Júlia até a gente pra que tirassem uma foto nossa. E depois fomos andando até o pessoal pra receber os cumprimentos.

Tá vendo gente, acidente de carro nem sempre traz só tragédia 😂🥵

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