94.

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07.

ROBERTA.

Assim que chegamos na perinatal não demorou pra gente ser atendidos, fizeram o exame de toque em mim e eu fiquei surpresa de já está com 5cm de dilatação. Meu Deus! Eu realmente teria meus bebês hoje, vou surtar, minha mãe vai surtar e o André vai surtar.

Prontamente me colocaram no quarto, como eu tinha vindo com a roupa que estava já suja por causa do líquido, a médica que me examinou falou pra eu tomar um banho. A banheira estava enchendo enquanto eu tava sentada chorando, não de dor, mas de nervosismo, preocupação, meu Deus... tenho que ligar pra minha mãe.

- Cadê o André, dona Andréia? - falei chorando. -

- Calma, filha. Ele já tá chegando, já. A Renata tá lá fora falando com ele, ele já está perto. Fica calma, vamos organizar os nossos pensamentos. Você não pode se estressar agora. - eu assenti. -

- A senhora pode pegar meu celular? Preciso ligar pra minha mãe. - Ela concordou e foi pegar meu celular, me entregando logo em seguida. Liguei pra minha mãe por facetime e ela demorou um pouco mas me atendeu. -

- O QUE É ISSO? Aconteceu alguma coisa? ONDE VOCÊ TÁ? Tá chorando porquê? - minha mãe disse assim que apareci pra ela, se fosse em outro momento eu estaria rindo, minha mãe é doida. mas agora só conseguia sentir por ela tá tão longe assim de mim. -

- Mãe! - fiz bico. - Eles vão nascer! - ela deu um grito, que até me tirou um sorriso. - To já aqui, a bolsa estourou e eu to com 5cm.

- QUE? MEU DEUS, Roberta! EU NÃO TO AI! - ela disse e já vi já que ela queria chorar. - Meu Deus você tá aí com quem? - mostrei a dona Andréia pelo celular. -

- A Renata tá lá fora com o André e ele já tá vindo pra cá. Mãe eu to com tanto medo, preciso de você! - falei e ela já chorou logo. - Não sei se vou conseguir.

- Para com isso! Claro que você vai conseguir. Tá louca? Você conseguiu tudo que sempre quis na sua vida, você vai conseguir isso também. Você é forte, filha. E sua família tá aí com você também, vão cuidar de você! Mamãe tá com o coração partido de não tá ai, to sofrendo tanto!

- Vai da tudo certo, não vai?!

- Claro que vai! Já deu tudo certo, lembra sempre do que mamãe falou, você é forte e é corajosa. Você vai passar pela melhor experiência da sua vida, que é dar a luz aos seus filhos, as pessoas que você tá gerando por nove meses, nada nunca vai ser igual ao que você vai sentir. Você vai saber quando tiver ele nos seus. riscos e eles vão ser pra sempre os seus bebês, que nem você é, você é minha bebê. - senti uma cólica forte e gemi um pouco de dor. - Agora deixa eu falar com a Andréia, passa pra ela! Deita na cama, descansa um pouco. -

Entreguei meu celular pra dona Andréia e só ouvi minha mãe falando "Andréia pelo amor de Deus, cuida do meu bebezinho! Por Deus ein!" ela saiu pra falar melhor com minha mãe e assim que ela saiu, o André entrou que nem maluco por aquela porta. Com uma enfermeira do lado.

- Cheguei! Cheguei! - disse se aproximando de mim, beijando minha resta, rosto e boca. - Vocês vão né matar, porra. Trouxa tudo, tá? - ele dizia afobado. - Tá tudo aqui, eu to aqui! - beijou minha boca de novo. - Papai tá aqui, meus bebês. Papai tá aqui! - disse encostando o rosto na minha barriga e senti uma cólica mais forte ainda que acabei puxando o cabelo do André. - É! Vocês vão mesmo nascer. - ele disse me fazendo rir. -

- Idiota! - falei e ele se levantou pra me dar mais um beijo. -

A enfermeira que entrou com ele veio pra me ajudar a entrar na banheira que já estava cheia, eu tinha que me limpar e também a água ajudava. André foi trocar de roupa e depois disso ele não saiu nem por um segundo do meu lado.

Ficou lá segurando minha mãe, beijando minha testa, prendendo meu cabelo quando a força vinha e eu já estava toda descabelada. Nossa. Nunca senti tanta dor na minha vida, só Jesus mesmo pra me dar forças de não surtar e implorar por uma cesariana.

André ajudou a enfermeira me tirar da banheira, me trocou e ficou dando voltas comigo pelo quarto. Cada contração essa um aperto que eu dava nele, bichinho. Mas quem mandou jogar dentro? E ainda mais de dois!

- Não sei como você tá aguentando ficar de pé ainda... - a médica disse. -

- É eu sei! - o besta do André falou e eu o apertei. - Tá vendo?

- Então! Sua dilatação já está se aproximando dos 10 centímetros, vamos te deixar na cama, ok? Seus bebês estão completamente em perfeitas condições de virem pelo parto normal, como você queria. Já observei aqui os últimos exames e a posição deles está ótima. - minha médica falou e eu mordi o lábio. -

- Vem, amor. - André disse me levando até a cama e me ajudando a sentar. Quando ele se virou, o puxei pelo braço. - Calma! Eu vou só avisar minha mãe, que ela e a Re tão na recepção. Não vou sair do seu lado por nada, tá maluca. - ele disse e me deu um beijo na testa. -

E realmente, ele não demorou nada, em um pulo ele ja tava do meu lado, quando o bicho começou a pegar mesmo, ele não parava de falar que eu era a mulher mais incrível do mundo, da minha força, do quanto eu era linda, que já era uma ótima mãe, me pedia força, falava que me amava. E eu só conseguia fazer força pros meus bebês e chorar até de agradecimento por ter ele na minha vida, como meu marido e pai dos meus filhos.

- Tá coroando, mãezinha, força! Tá vindo seu bebê, olha só! - Ouvi a médica de longe falando isso e só conseguia pensar nos meus bebês logo nos meus braços e colocar mais força. -

Então eu ouvi o primeiro choro. A médica falando que era meu bebê, meu príncipe, meu Miguel. Ela chamou o André pra cortar o cordão umbilical e ele só sabia chorar, não sei nem como conseguiu cortar. A enfermeira colocou ele em um negocinho que era como um aquecedor, pra lembrar dele de como era na barriga.

Sai daquele transe e fui ainda mais forte, faltava minha Luísa, faltava minha filha. Eu sinceramente não sabia de onde iria tirar forças pra ter ela aqui comigo, dizem que mães são leoas e é exatamente nessa hora que já começamos a mostrar tudo isso.

- Vamos amor, falta só mais um pouco. Você consegue. Você é demais! - ele falava segurando minha mão. -

Ao contrário do Miguel que chorou baixinho e pouco, quando a Luísa veio pra nós, foi todo aquele furacão. Um choro estalado por todo o quarto, mas que só me fazia sorrir. Meu Deus, como sou realizada. Novamente o André cortou o cordão umbilical e depois delas limparem um pouco do sangue que tinha neles, elas os colaram em meus braços.

Inacreditável! Meus bebês nos meus braços, comigo. Eu sentindo e ouvindo o coração deles. Meu mundo aqui, comigo. Senti o beijo do André em mim, sua língua enfiada na minha boca e lágrimas escorrendo no meu rosto.

- Você é a mulher mais incrível desse mundo! Você é me devolveu a minha vida, me deu a minha vida. Nunca antes fez tanto sentido. Vocês são tudo. - ele dizia com lágrimas. - Eu te amo, te amo, te amo. Porra amor! Eles são perfeitos. Olha só... - disse todo bobão olhando pra eles. -

- Obrigada por ser você! - me estiquei pra da um selinho nele. -

As enfermeiras tiveram que pegar meus bebês, pra medir, pesar, limpar um pouco. Ver se tava tudo certo com eles, mandei o André ficar de olho em tudo. Pra onde elas fossem levar eles, era pra ele ir atrás, não importava se eu fosse ficar só ou não, tinham que ficar de olho neles.

A médica foi colocar meus pontos, que graças a Deus mesmo tendo passado dois bebês, não foram muitos. Obrigada pela cabeça pequena dos meus filhos, senhor.

Quando meus bebês voltaram, a enfermeira me ajudou a fazer com que eles pegassem o peito, uma dor absurda. Misericórdia! Como dia, principalmente a forma como o Miguel agarrava o bico do meu peito, aí sério. Meu sonho era amamentar meus bebês e só desistiria se realmente não tivesse leite, mas meu Deus, que dor!!!! Tomara que ele não ferisse.

- Tá doendo muito. - André perguntou alisando meu cabelo. -

- Um pouco, esse garoto parece que é esfomeado. O dele tá doendo bem mais do que o dela.

- Calma, filhão! Da uma aliviada aí na mamãe, po. - ele disse alisando a cabeça do Miguel e eu sorri. -

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