Do outro lado da cidade...
KAIO.Hoje era um dia foda pra mim, "aniversário" de morte da minha mãe e eu sempre me fechava pro mundo e só me abria pra ela. A minha relação com minha mãe sempre foi de altos e baixos, principalmente depois que a Isadora apareceu na minha vida com minha filha e por muito tempo ela teimou em não aceitar, mas, pro fim da vida dela, a gente tava do caralho. E é óbvio, mesmo com tudo, eu amava minha mãe pra caralho.
- Eu sei, - Isadora disse me olhando. - mas antes que você fale qualquer coisa, você precisa comer. E hoje é um dia importante pro Vinicius, tenho certeza que ele vai querer ter o pai presente.
Normalmente, eu passava esse dia todo fora, levava a maior parte do tempo no cemitério e a outra parte eu ficava no trabalho com os moleques, mas a Isadora tinha razão, hoje era um dia importante pro meu filho. Ele ia ter seu primeiro jogo pela "seleção" da escola, contra uma outra escola. E por mais que não seja a maior coisa do mundo "adulto", eu sabia o quanto era importante pra ele e o quanto seria especial ele me ter do seu lado, o apoiando. E a verdade era que, eu moveria o mundo pelo meu moleque.
- Eu sei. Eu vou tá lá. - disse dando um selinho nela. -
- Eu nem posso imaginar sua dor, meu amor, mas tenta dividir ela. Eu te amo, a gente te ama e precisa de você. - assenti e lhe dei um beijo calmo. -
- Eu amo vocês. To indo lá, qualquer coisa eu to no celular, tá? - ela assentiu e eu lhe dei um selinho. Indo até a garagem e saindo no carro, dei uma passada na floricultura e comprei umas flores que eu sabia que minha mãe gostava, de lá já segui rumo ao cemitério e quando cheguei ao lugar da minha mãe, de longe avistei meu pai. -
Preferi ficar de longe dando o tempo dele, se era difícil pra mim, imagina você ter que enterrar o amor da sua vida e passar essa data sempre em um lugar tão agonizante quando esse. Se fosse comigo, se eu tivesse perdido a Isadora dessa forma, acho que nada conseguiria me sustentar. A única coisa que me sustentaria era o amor pelos meus filhos... E acho que é basicamente isso o que sustenta o proprietário.
Vi meu pai saindo dali e finalmente me aproximei, não queria que ele me visse, não que a gente tivesse algum tipo de problema, mas a conversa que ele teve com minha mãe foi de forma tão íntima, que eu não tive coragem de atrapalhar o momento deles.
- Oi mãe! Nem acredito que mais um ano to tendo que falar com você por aqui, que porra, mãe. Tu tinha tanta coisa pra viver com a gente, com minha filha, tu precisava conhecer meu filho mãe. Toda vida eu digo isso, mas eu sei que sempre vou precisar repetir, porque eu nunca vou me acostumar que eu te perdi da forma que eu te perdi. Quantos anos você me negou que eu vivesse seu "fim", eu merecia isso. - falei limpando algumas lágrimas. - Eu sei que não fui o melhor filho do mundo, mas eu quero que onde quer que a senhora esteja, que eu te amei demais mãe. Muito, muito, muito. - coloquei as flores em cima e dei um beijo. - To indo mãe, te levando em todos os lugares do mundo. Te amo pra caralho, velhona.
Sai dali em direção ao carro e fui pra casa, queria mais era ficar com a minha família, foda-se. Cheguei em casa e meu filho tava brincando na varanda, chutando a bola do Flamengo pra lá e pra cá, paz terrível eu diria. Sou o que sou e sempre vou ser isso por causa da minha família, papo reto.
- Olha pai, vou fazer um gol. Presta atenção. - ele disse assim que me viu. -
- E o Vinicius ajeita com a esquerda, mas engana o zagueiro e chuta forte com a direita em direção ao gol. E é, GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! De Laroque número 11, marca no Maracanã lotado, fazendo o Flamengo fechar o placar e conseguia a vaga novamente pra Libertadores. - eu brinquei de narrar o gol dele enquanto ele fazia tudo aquilo, ele veio correndo, com os braços levantados e se jogou em mim. -
- Gostou pai? - ele disse rindo. -
- Po, daqui uns dias cê tá jogando melhor que o papai moleque. Curti ein!
- Marrinha de jogador que tá foda. - ele disse quando coloquei ele no chão e falou esquivando o uniforme do Flamengo que ele usava, quis até rir dele. Sabia que ele tinha aprendido essa porra comigo e é por isso mesmo que eu tinha que cortar. -
- Ou?! Tá maluco?! - falei segurando ele antes que ele corresse o quintal todo. - Tu não pode falar palavrão não, qual foi? Que que foi que o pai já te disse? Se tua mãe te ver falando palavrão, acabou pra ti e pra mim.
- Desculpa papai, não vou mais falar. Achei que quando tivesse só nós dois podia.
- Filho, a gente vai fazer uma infinidade de coisas de pai e filho, mas nem quando tiver só nós dois você pode repetir as maluquices do seu pai e dos seus tios, beleza? Ou vira hábito e aí vai ser foda pra tirar. - ele riu. - Tá vendo como é ruim pra tirar? Papai tá ai falando sem nem ao menos querer.
- Tudo bem. - ele deu de ombros. - Vamos jogar comigo?
- Pai vai só trocar essa roupa que tá suja demais e já volta. Ajeita o campo ai, vou deitar e rolar em...
Falei e corri em direção a casa, Isadora não estava no meu campo de visão, provavelmente ela tava no escritório fazendo alguma coisa pro Mateus ou tinha ido até a clínica, já que a moça que ajuda a gente tava em casa, tirei aquela roupa que tinha a presença daquele lugar e tomei um banho rápido, colocando um short de jogo e uma camisa do Flamengo, indo enfim brincar com meu moleque.
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VNCS - Flashs ✨
Fanfiction💛 não é minha primeira web. 💛 isso NÃO é uma segunda temporada, apenas um especial, com alguns flashs. 💛 pretendo ser rápida, mas não deixar pontas soltas e atropelar a história. 💛 plágio é crime, se for repostar, fale comigo antes. 💛 up são ma...