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ANDRÉ

Tava nervoso porra, o médico ficava olhando aqueles papéis e os caralhos e não dava resposta de nada. Que isso? Roberta tava segurando minha mão, apertei um pouco e ela me olhou.

- Então, primeiro a notícia boa ou a notícia ruim? - senti a Roberta apertar minha mão. -

- Que? Notícia ruim? Tem notícia ruim? - perguntei tudo rápido demais, cara não dava um sorriso também, que porra é essa. já tava ficando puto e bolado. -

- A boa primeiro. - a Roberta respondeu baixo. -

- A boa é que você é aparentemente muito saudável e que tem Deus ou alguém lá em cima que cuida muito de você...

- E a ruim? - nem deixei ele terminar, sem essa. quero saber logo o que tá rolando, não fode. -

- A ruim é que vocês vão precisar economizar bastante pros próximos custos que vão vir a seguir, algumas coisas e rotinas terão que mudar. Os gastos vão aumentar e pelo que eu pude perceber, a mamãe vai ter que deixar bebidas alcoólicas de lado, total.

- Mamãe?! - eu e a Roberta falamos juntos, fazendo com que o médico desse o primeiro sorriso. -

- Sim, parabéns aos papais. É de primeira viagem?

Eu não sei se eu respondi ou se eu consegui ouvir a Roberta respondendo alguma coisa, eu tava sentindo como se estivesse em outro planeta, outra órbita, parecia que não existia mais ninguém nesse mundo além da voz que ecoava não minha cabeça falando "parabéns aos papais" repetindo aquilo sem parar.

ROBERTA.

"Mamãe", "parabéns aos papais", meu Deus... O QUE? Meu Deus! Eu não conseguia ter outra reação além de ficar completamente em choque com essa notícia. Jesus?!

- Pelas caras de vocês eu posso presumir que são pais de primeira viagem.

- Sim! - falamos juntos. -

- Então Roberta, eu sugiro que você consulte sua ginecologista pra começar a lidar com as coisas do pré-natal. Mas agora, vou encaminhar você pra ala de obstetrícia do hospital, você precisa fazer alguns exames, antes de passar receita de qualquer medicação pra você, precisamos ter total certeza do estado do feto.

Naquele exato momento, eu queria muito comemorar ou está feliz, mas meu coração parecia que só tinha preocupação a partir do momento que ele disse sobre ter certeza do estado do feto. Eu não precisava ser médica pra saber que tinha alguma coisa errada com todas aquelas dores que eu senti. Meu Deus, por favor...

Olhei pro André e ele tava alheio a toda aquela situação, parecia que ele não tinha voltado pra Terra ainda, ele só conseguia ficar calado e confirmando com a cabeça tudo que o médico passava. Eu tava cansada, morrendo de fome, preocupada e tinha acabado de ter a notícia que eu seria mãe... Da pra acreditar?

- André? - eu o chamei quando já estávamos sentados na ala da obstetrícia do hospital esperando nossa vez. -

- Oi. - ele disse me olhando. -

- Tá... tudo bem?

- Não sei, você tá sentindo alguma coisa? Eu to bem... - ele disse claramente preocupado comigo, sorri. -

- Eu to bem, não to sentindo nada. - ele assentiu. -

- Eu vou ser pai? - ele me perguntou como se precisasse da minha confirmação pra finalmente a ficha dele cair, na verdade, eu tava exatamente como ele. tudo no nosso relacionamento tinha sido com "grandes momentos", acho que tava até sendo um choque pra nós mesmos, descobrir que íamos ser pai desse jeito, sem nenhum Grande Momentos dos SennaZioto. -

- Segundo esse papel aqui. - falei balançando o exame que constava "99.99% de probabilidade de positivo" - Sim. - falei rindo. -

- Porra... eu vou ser pai! - ele repetiu pra ele mesmo sorrindo. e meu nome novamente foi chamado no painel, me indicando qual a sala que eu tinha que ir da vez. -

- Então, Roberta... pelo que eu estou vendo nos seus exames, você está com dez semanas de gestação, o que quer dizer que é dois meses e duas semanas, isso quer dizer que sim, você está grávida - senti o André apertar minha mão. - e que também você tem que ter todos os cuidados do mundo, você não tomou todos os cuidados no começo e é normal por você não saber que estava grávida...

- É, realmente não tinha como eu saber, eu até menstruei, não foi tão intenso como normalmente é, mas veio uns três dias.

- Então, provavelmente o que você teve foi uma Nidação e não menstruação de fato, naquele momento que você achou que estava menstruando, na verdade você estava, hmmm como posso explicar, naquele momento tivemos um espermatozoide vencedor. - eu sorri. - Muitas mulheres realmente se confundem, mas acredito que foi esse o seu caso. Bom, como eu ia falar, sem perceber você continuou sua vida normalmente e não cortou alguns excessos, o que eu peço é que você tome cuidado, os três primeiros meses são complicados em questão de aborto espontâneo, você não apresentou sangramento quando chegou no hospital, mas já que estava sentindo muitas dores é melhor prevenir ao máximo, até que se complete os três meses. - apertei a mão do André, que me olhou igualmente preocupado. - Não é um bicho de sete cabeças, você vai ver como você vai tirar isso de letra, mas, preciso que você marque algumas consultas com sua ginecologista e explique a situação, vou te deixar com meu número pois quero receber o feedback sobre esse bebezinho que tá aí.

Como pode eu descobrir só alguns minutos que estou grávida e esse bebê já ser a coisa que mais tá me preocupando e a que eu mais vou depositar cuidados no mundo. No caminho de casa eu e o André não falamos muita coisa, até mesmo porque eu fui o caminho todo tentando marcar uma consulta com a minha ginecologista pra amanhã, até que consegui marcar pro finalzinho da tarde, entre um sinal ou outro ele me alisava e eu sentia que ele tava me olhando, mas eu só conseguia pensar em todos os cuidados que eu tinha que ter com o bebê.

Senti as primeiras horas de água molharem meu cabelo e meu corpo, precisava com que aquela tensão fosse embora e pelo que eu li no caminho até aqui, elevar a pressão em período de gravidez não era bom.

- Perdoa a mamãe, bebê. Eu juro que eu não sabia que você tava aqui. Como eu fui burra. Coloquei você em risco por não ter ido num médico logo. Eu sei que você não conseguiu me ouvir comemorar, na verdade, eu ainda to me acostumando com a ideia, mas eu to tão feliz que você tá aqui, que bom que você chegou. Não comemorei antes, mas eu prometo que vou comemorar todos os dias até você está nos meus braços. - falava enquanto alisava minha barriga e senti as mãos dele em volta do meu corpo. -

- Me perdoa pela minha reação... - ele disse me virando pra ele. - Eu só não conseguia acreditar que eu tava descobrindo que ia ser pai de supetão daquela forma, parecia que a ficha não tinha caído e logo em seguida veio a incerteza em saber se vocês estavam bem ou não. - ele me abraçou e eu desfiz do abraço lhe dando um beijo. -

- Tudo bem amor, eu também não comemorei de imediato. Eu só tava preocupada com ele. Você me perdoa? - falei abaixando o queixo. -

- Ei... - ele tocou meu queixo o levantando pra que eu pudesse olhar pra ele. - Do que você tá falando? Eu não tenho que perdoar nada em você.

- Me perdoa por ter sido tão teimosa durante essa semana e ter me recusado a ir no hospital, eu poderia ter estragado tudo. Se alguma coisa acontecer eu vou me culpar tanto, tanto...

- Ei! - ele segurou meu rosto com as duas mãos. - Tá maluca, amor? Nada disso é sua culpa! Nenhum de nós dois fazíamos ideia e não vai acontecer nada com vocês. Tá maluca? Vocês são a minha família e eu não vou deixar absolutamente nada no mundo ferir vocês dois. Que isso... não vai acontecer nada e você não tem culpa, nunca mais repete isso, pode ser? - eu assento e senti seus lábios tocarem os meus. em um beijo que começou leve e sem maldade mas que logo foi esquentando. - Vem cá... - ele disse quando partimos o beijo. - Deixa eu da banho na minha deusa e do meu filho. Porra... - ele riu tão lindo. - VOU SER PAI, não acredito!!!!

- Te amo tanto que você nem tem ideia. - Eu sorri pra ele e ele me beijou novamente. Se agachando e colocando a cabeça na minha barriga. -

- Papai ama você filhao. Você e sua mãe são as coisas mais importantes. Vou mover o mundo inteiro por vocês dois. - e ele beijou minha barriga e naquele momento parecia que tudo tinha sentido agora. Eu e ele = a nós tres.

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