A Ascensão de Líang

Capítulo 4

Me sento silenciosamente em meu lugar abaixo de duas belas consortes que cochicham entre si ao me ver passar, mantenho minha cabeça baixa quando compareço a tais encontros para chá, encontros esses que sou obrigada a vir e a fazer o chá amargo passar por minha garganta enquanto vejo as outras consortes agradarem o imperador.

A temperatura aos poucos começa a mudar e pequenos ramos verdes começam a brotar nos galhos acizentados, escuto os comentários sobre ja ter sido casada e em como engravidei rapidamente do imperador esquecendo assim meu marido, falam de minha sorte por ter engravidado tão rapidamente e algumas me acusam de feitiçaria. Gostaria de poder gritar e correr, gostaria de gritar tão alto que perderia minha voz e assim mostrar tudo o que sinto.

- Majestade beba mais chá.

Apesar de estar recebendo a atenção e cuidados das outras mulheres os olhos de Yáng Shun continuam fixos em mim, como se pudesse ver atravéz da máscara que uso, desvio meus olhos sentindo os olhos das outras consortes sobre mim, volto a beber de meu chá. Apesar de saberem que Yáng Shun foi o responsável pelo massacre de minha família elas me consideram privilegiada pelo imperador e sua raiva aumenta ainda mais por eu estar grávida.

Assim que o imperador se retira me dirijo ao jardim em direção ao meu quarto para que eu possa despejar as lágrimas trancadas em meu coração a serva de sempre me acompanha, ela não pode falar por isso Yáng Shun a escolheu para ficar ao meu lado, mas ela parece ser a única a compreender meus verdadeiros sentimentos e todo o ódio que sinto.

- É ela! Guardas a segurem!

Escuto uma voz feminina atrás de mim e me viro vendo a primeira consorte Xióng Qingling, dois guardas caminham em minha direção e antes que perceba o que esta acontecendo eles seguram meus braços.

- Terceira consorte Líang Mei mostrou um grande desrespeito por vossa majestade e pelas consortes superiores, violou assim as regras do palácio, fui encarregada pela imperatriz viúva como a responsável pelo harém então sou obrigada a puní-la.. levem-na!

Vejo ela caminhar em minha direção enquanto a serva que me acompanha tentar soltar os braços dos guardas que me seguram batendo em seus braços, apenas olho para ela e faço que não com a cabeça, eu cresci em um lugar como este e sei o que acontece entre as consortes e concubinas, sabia que este dia chegaria.

- Posso saber qual regra do palácio eu violei?

Pergunto olhando em seus olhos, ela se aproxima ainda mais segurando meu rosto com seus finos dedos.

- Então você sabe falar... Levem-na para prisão eu irei mais tarde até la podem fazer o que quiserem.

A vejo colocar um saco de moedas na mão de um dos guardas e antes que eu grite por ajuda ele cobre minha boca com sua mão, consigo pensar apenas na vida de meu filho que a cada dia parece mais real e a cada dia me mostra o motivo pelo qual devo continuar.

Sou arrastada enquanto me debato, sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto, o ambiente claro se torna escuro assim que entramos na prisão, uma das partes do palacio que não tenho permissão de ir, vejo vários homens machucados e sangrando em suas celas, entre eles alguns rostos conhecidos se levantam e vão até as grades ao me ver.

- Gōngzhǔ..

- Senhora..

Escuto suas vozes me chamando e as batidas contra as grades, mais lágrimas escorrem por meu rosto os vendo assim, tento me soltar inutilmente enquanto um deles abre uma cela vazia.

- Como ousam tocar em minha consorte?

A voz de Yáng Shun ecoa pelas paredes de pedra, sinto meus braços serem soltos e os guardas se ajoelham rapidamente no chão, vejo minha serva ao lado do imperador junto com vários guardas imperiais e na cela ao lado sentado em um canto vejo Tiang Ming inconsciente, volto a olhar para Yáng Shun, me sinto tonta e com náuseas, olho em volta enquanto escuto os dois soldados implorarem por suas vidas.

- Guardas prendam os...

Meus olhos pesam, sinto uma de minhas mãos bater contra a grade de ferro e antes que meu corpo caia no chão de pedra sou erguida e então apenas escuridão.