Capítulo 9

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 Nas horas que se passam acalmo meu coração e como a serpente que simbolizou o ano de meu nascimento eu procuro um meio de enganar o homem que tenho certeza que logo aparecerá, não deixarei meu filho em suas mãos, os guardas em minha porta deixam muito claro o abismo entre nós, as desconfianças, intrigas e traições que nos rodeiam, algo que terei que mudar se quiser manter o que resta de minha história com o único homem que já amei e o único que amarei.

 Tiro o grampo que prende meu cabelo e o jogo para longe, respiro fundo e sento no chão deixando que as lágrimas escorram por meu rosto sem controle, soluços escapam por minha garganta, escuto saudações ao imperador e o vejo entrar rápido, ele se aproxima cauteloso e se abaixa a minha frente, ele aproxima sua mão de meu rosto mas antes que o toque eu seguro seu braço e ergo meus olhos até os seus, começo a conter meu choro deixando apenas lágrimas silenciosas correrem até meus lábios.

- Eu tive tanto medo...

 Digo tão baixo que acho que ele talvez não tenha escutado mas então ele me puxa me envolvendo em seu abraço, sinto seu cheiro doce que me dá nojo, ele alisa meus cabelos.

- Eu sinto muito, não a protegi como deveria.

 Fecho os olhos e luto contra o impulso de o empurrar para longe, sinto raiva e nojo mass forço soluços de tristeza e me deixo ser abraçada por mais alguns segundos.

- Tentaram matar a mim e meu filho.. mais uma vez.

 Digo em um suspiro e então o afasto aos poucos, olho para a janela evitando seus olhos e enxugo mais uma lágrima, finjo lutar contra as lágrimas quando na verdade estou as forçando, sinto suas mãos segurarem uma das minhas e em poucos segundos a puxo de volta, se eu mudar muito rápido ele perbeberá, porém agora está cego, olho para ele encontrando seus olhos.

- Chamem o médico imperial para examinar a senhorita Mei.

O escuto falar alto, se virando para o guarda que sempre o acompanha Li Yong, um obstáculo que deixarei para depois, se o médico imperial achar resquicios da erva utilizada será algo que poderei usar como máscara para me aproximar do imperador sem que nem ele mesmo veja por trás, minha cabeça dói ao tentar montar sem tempo um plano simples o suficiente para que ele não reconheça mas arquitetado o suficiente para que não falhe.

Percebo seus olhos fixos em mim me trazendo de volta de meus pensamentos, volto rápidamente meus olhos para o chão em silêncio, abraço meu proprio corpo e balbucio palavras de conforto para meu filho.

- Sinto muito não poder lhe proteger melhor...

 Digo baixo e sinto meu corpo ser erguido do chão, ele me carrega até a cama e me cobre.

- O chão está frio, pode ficar doente.

Ele senta ao meu lado e então escuto o médico imperial chegar, olho para Yáng Shun  por alguns momentos e então desvio os olhos para minhas mãos, as massageio nervosamente e sinto seus olhos irem até elas também.

- Você deve ter muitas coisas para fazer, não deve se preocupar de mais, não devo o tirar de seus afazeres apenas para nos proteger, tem um reino para governar eu entendo seus deveres.

 Jogo com as palavras, mantenho meu tom de voz baixo, seguro forte os cobertores ainda sentindo seus olhos em minhas mãos, ele segura uma da minhas mãos e olho para ele rápido tentando puxar minha mão mas ele a segura, não tento novamente.

- Ousaram tentar a ferir dentro do palácio, eu devo ficar ao seu lado para protege-la.... mas se quer que eu vá eu irei.

 Ele olha para mim, deixo mais uma lágrima escorrer.

- Por favor... quero ficar sozinha.. o médico me dirá o que preciso e me tratará.

 Com a voz fraca e calma deixo claro que ele assim como não pode evitar não conseguirá ajudar, ele solta minha mão e a puxo rápido me encolhendo para longe dele.

- Tudo bem, eu voltarei mais tarde.. quer alguma coisa?

Escuto sua voz já distante.

- Não..obrigada.

 Sinto seus olhos me analizar como se quisesse ver atravéz de mim, então ele apenas acena com a cabeça e o médico se aproxima antes que ele saia.

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A Ascensão de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora