A Ascensão de Líang

Capítulo 13

(Yáng Shun)

Um ultimo grito corta a noite e rasga meu coração aflito, de repente posso ouvir apenas as batidas de meu coração no silêncio perturbador que enche o ambiente, sinto minhas mãos tremerem, o silêncio desconhecido me deixa mais assustado que os gritos em que sabia que estava viva mas o silêncio e a incerteza me deixam em agonia. A cada batida de meu coração odeio ainda mais essa criança. 

O vento quente sopra em meu rosto, o tempo parece parar e depois de eternos segundos um choro de bebê é acompanhado de felicitações, porém não escuto Líang Mei o que faz meu coração se apertar ainda mais, ela não pode me deixar, não permitirei que essa criança a tire de mim.

- Parabéns majestade, é um príncipe.

 As servas abrem a porta e trazem o pequeno bebê para perto de mim, nem ao menos olho para o rosto do bastardo, sinto minha garganta seca ao passar pelas servas e entrar no quarto em que Líang Mei está, a vejo deitada sobre a cama, uma serva limpa seu rosto com um lenço e ao me ver faz uma reverência antes de continuar. Me aproximo vendo seus olhos fechados, o rosto pálido e magro, mesmo adormecida ela parece triste, suas sobrancelhas estão proximas como quando está com vontade de chorar.

- E.Ela está bem?

Pergunto me aproximando ainda mais dela, consigo ouvir sua respiração, ela sofreu por horas, tiro uma mecha de cabelo de seu rosto e observo aca pequena mudança em sua expressão enquanto parece sonhar.

- A consorte está bem, apenas seu corpo estava fraco e seu coração ferido, ela quase não sobreviveu, mas ela é forte e deu a luz a um príncipe, se manteve acordada e só desmaiou depois que viu seu filho.

 Concordo com a cabeça ainda mais admirado com tudo que ela suportou, em como se submeteu e se curvou para proteger o filho daque homem, isso me deixa orgulhoso mas enraivecido, feliz por a ter comigo mas enciumado por saber que ele ainda está em seu coração.

- Majestade... o pequeno príncipe..

Escuto uma serva falar da porta e a interrompo.

- Levem-no daqui e cuidem dele, quando a consorte estiver melhor o levem até ela.

Falo decidindo qual será o melhor dia para o entregar a uma ama de leite para que ela o cuide e leve daqui. Seguro a mão de Mei e com um sinal mando todos saírem.

- Você vai me odiar se eu o fizer? Não posso deixar que seu filho bastardo seja uma ameaça a nossos futuros herdeiros legitimos... é minha obrigação como imperador manter a linhagem real.... E ele é filho de Shang Lín, como poderia aceitá-lo?

 Digo frustrado cansado de dar desculpas ao meu coração enquanto mesmo morto o general fica em meu caminho se recusando a deixar seu coração. Contudo o jeito que ela tem me tratado tem me dado esperanças de uma forma que antes não me permitia alimentar, quando nada mais a lembrar de seu passado com um homem que só a machucou, então ela esquecerá e poderá ver que estive ao seu lado e sempre a amei.

- Shang...

A escuto balbuciar e cerro meu outro punho, sento ao seu lado tentando manter a calma enquanto ela chama por outro, então vejo seus olhos abrirem e pararem nos meus, consigo ver uma lágrima brilhante escorrer por seu rosto, e sua mão segurar meu braço.

- Yáng Shun... cadê meu filho? Onde ele está? Por favor....

 Ela tenta levantar mas não consegue então da pequenos socos em meu braço, fico sem reação.

- Por favor onde está meu filho?

A vejo soluçar e olhar em volta, ela não aceita em tratá-lo como nosso filho, se continuar assim pode gerar comentários, ainda mais com o nascimento prematuro, já que ela chegou grávida de dois meses. Engulo em seco ao vê-la lutar sem forças para levantar.

- Ele está bem, foi levado por uma serva e será colocado em seu quarto assim que estiver recuperada.

 Ela suspira e funga algumas vezes e então fica em silêncio por vários segundos, não sei o que pode estar passando por sua mente e me sinto nervoso ao estar cego e também por ao vê-la frágil.

- Eu quero vê-lo.. me ajude a levantar eu estou bem.

 A seguro na cama quando mais uma vez tenta levantar, vejo duas servas entrar carregando bandejas.

- Amanhã quando estiver recuperada o verá, tem minha palavra... agora precisa comer ou não vai ter forças.