A Ascensão de Líang

Capítulo 6

Meus olhos parecem mais pesados que todo meu corpo, me sinto cansada até mesmo para abrir meus olhos, a tristeza parece impregnada em meus ossos os fazendo doer, sinto aos poucos a claridade entrar por entre meus cílios.

- Senhorita...

Abro meus olhos rapidamente ao ouvir a voz conhecida, vejo Tiang Ming parado a poucos metros de mim, tento levantar rápido e um grito escapa por minha boca ao tentar apoiar a mão na cama, vejo meu pulso inchado em com um grande hematoma, a porta bate com força e correndo entram três soldados que chutam as pernas de Tiang Ming o derrubando.

- Não, Soltem ele!

Digo confusa e me sentindo zonza, os soldados olham entre si e então o soltam, com esforço sento na cama, o jovem se levanta, suas roupas estão limpas mas sua pele ferida, há cortes em suas mãos e hematomas em seu rosto, suspiro e fecho os olhos por alguns segundos.

- Saiam!

Digo na esperança que os guardas obedeçam e para minha surpresa eles o fazem nos deixando novamente. Me levanto e sinto minha visão escurecer e me sinto tonta, sinto ele segurar meu braço e me fazer sentar novamente.

- Tiang Ming.. Como..?

Ele parece me analizar como alguém experiente apesar de sua pouca idade.

- Ele me trouxe... Disse que devo ficar ao seu lado e a proteger.. Cuidar de você...

Ele fala com nojo porém parece preocupado ao olhar para mim, o vejo suspirar e então se abaixar a minha frente. Não consigo entender qual motivo Yáng Shun teria para trazer Tiang Ming até mim, suas tramas são complexas e cruéis, apesar de termos estudado juntos não entendo os pensamentos em sua mente ou as intenções em seu coração.

- Xiānshēng mandou que eu a protegesse, devo cumprir isso ou morrer tentando.

Escuto suas palavras e ergo meus olhos até os seus ao ouví-lo falar de meu marido, sinto meu coração bater mais forte e fica díficil respirar normalmente.

- Não, você não pode morrer.. está muito machucado?

Ele faz que não com a cabeça várias vezes.

- Não como a senhorita.... por que ele me deixou vir até a senhorita? Qual o objetivo dele?

Volto a abaixar minha cabeça e acaricio minha barriga levemente, não sei como responder sua pergunta, não consigo ver através da mente de Yáng Shun e suas palavras de amor parecem meras fantasias criadas na mente de um louco, ele acredita ter sentimentos por mim e age como tal porém me priva de liberdade e machuca todos com quem me importo. Quando volto a olhar para Tiang Ming ele está sorrindo e olhando para minha barriga.

- O bebê está bem?

Ele pergunta e suspiro tentando inutilmente responder seu sorriso com outro.

- Ele está bem, será um principe saudavel... porém não suporto pensar em vê-lo nos braços dele.. ele anunciou a todos a espera de seu primeiro filho...

Não consigo segurar as lágrimas, sinto meus ombros tremerem e soluços escapam por minha garganta.

- Eu..Eu sinto tanta falta dele....tanta..

Enxugo minhas lágrimas com minhas mãos, sinto um peso sair de meu coração por poder pela primeira vez expressar em voz alta a dor que sinto com alguém que confio. Ele abaixa a cabeça por alguns segundos. Vejo minhas mãos tremerem.

- A senhorita.. Tem algum plano?

Ele fala baixo como um sussuro e as lágrimas voltam a cair ao ver sua esperança, faço que não com a cabeça sem conseguir olhar em seus olhos.

- Tudo bem, tudo bem, gōngzhǔ.. precisa se alimentar bem e ficar bem agora, Yan não vai se curvar diante de Jin, precisa se manter saudável pelo bêbe..vamos pensar em alguma coisa.

Sua voz soa quase inaldível, suspiro e assim que abro a boca para lhe responder ouço a porta bater e o Imperador entra seguido de guardas e servas, me levanto o mais rápido que consigo ficando a frente de Tiang Ming. Vejo Yáng Shun se aproximar rapidamente de mim e segurar meus braços.

- Por que não está na cama? Está muito fraca ainda para caminhar.

Ele olha em meus olhos, forço a retribuir seu olhar o que me causa ainda mais nauseas.

- Não o machuque por favor..

Minha voz soa mais baixa do que gostaria e perco o contato visual, do que adiantaria eu o desafiar? Quem pagaria o preço seria eu ou aqueles poucos com quem me importo.

- Não vou... Levem ele para um quarto próximo ao da consorte Mei e lhe deem comida, os outros saiam!