Capítulo 19

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Cada dia é mais exaustivo que o anterior, os dias cada vez ficam mais quentes e meus pés doem pela longa jornada e tropeços, aos poucos consigo definir melhor as imagens a minha volta porém não terei tempo para saber se minha visão retornará, na primeira noite a caminho da fronteira percebi que não me seria permitido morrer antes de chegar ao destino, desde então sou vigiada ainda mais para que nao tente novamente.

Uma risada amarga sai por minha garganta ao pensar em tamanha crueldade de tal destino imposto a mim, mais doloroso que uma morte por mil golpes ele decidiu não ter sido suficiente ver meu povo e minha família morrer e me condenou a morrer vendo o povo do homem que me acolheu ser aniquilado, me condenou a morrer pelas mãos de quem um dia chamei de lar.

Sinto os olhos em mim, me encaram como se fosse uma louca, outros com a intenção de me matar porém sem esse poder, penso comigo que talvez um deles me mate antes mas não sob os olhos atentos do general Li Yong.

- Marchem mais rápido, a luz do sol já está clara.

Os soldados concordam alto e aceleram o passo me forçando a quase correr, a luz do sol brilhar ou não pouco ou nada me ajuda ao ver apenas vultos de cavaleiros e soldados apé assim como eu, sinto minha garganta seca arranhar como se tivesse engolido espinhos e meu corpo luta para permanecer caminhando firme.

- Pelo menos não verei o rosto de quem tirar minha vida.

Penso alto e tropeço em mais uma pedra quase caindo, sinto uma mão segurar meu braço e me por de pé.

- Preste atenção em seus passos senhorita.

Puxo meu braço da mão de Li Yong rápido e em silêncio continuo a caminhar, enterto minha mente imaginando como será o rosto de meu filho ao crescer, espero que não se esforce de mais, que se alimente bem, cresça e seja um homem forte, que tenha muito amor e coragem para defender o que acredita e a quem ama, espero que não seja tão sério quanto o pai mas que tenha seu coração. Imagino o quão bonito ele será e tento pensar na vida sem preocupações que levará em Wei.

Sorrio sozinha ao relembrar bons momentos em minha vida, e as estrelas que iluminaram meus dias mais escuros.

- Quando chegarmos não dave se afastar de mim, não me entenda mau meu desejo é matá-la com minhas próprias mãos... mas o imperador ordenou que a protegesse, tenho ordens para a manter viva.

Escuto a voz forte mas baixa do general ao meu lado e me viro para ele mesmo não conseguindo distinguir suas feições. Sinto um turbilhão de emoções trancarem em minha garganta.

- Por que ele faria isso? Ele é tão egoísta a ponto de não me deixar morrer quando é o que desejo?

Por que Yang Shun me condena e então manda me proteger? Ele quer que eu viva depois de ver os dois povos que chamai de meus morrerem? Quer que eu viva sem meu marido e sem meu filho? Porém dúvido muito que em meio a batalha Li Yong lute para me defender.

- Eu tentei matar o imperador, e tentarei novamente se voltar então apenas finja que não foi capaz.

Digo confiante antes de mais uma vez tropeçar e dessa vez cair, sinto minhas mãos serem mais uma vez esfoladas pelas pedras mas sem reclamar levanto e sopro os ferimentos antes de continuar a caminhar em silêncio.

O sol arde sobre nossas cabeças e continuo apenas seguindo os passos dos borrões dos soldados, sinto meu corpo fraquejar porém minha mente abatida ainda luta enquanto meu coração a muito desistiu.

- General!

Escuto o grito de um cavaleiro que corre em nossa direção.

- O acampamento foi atacado durante a noite, precisamos de reforço os homens não vão aguentar por muito mais... o general deles não é humano...

Escuto sua voz assustada e sorrio. Um general habilidoso... Yan parece ter esquecido rápidamente de Shang Lín, porém mesmo assim sinto o pavor do soldado me dar uma alegria amarga de que o imperador de Yan não esqueceu, não se subjulgará e vingará a morte de seu irmão de armas.

- Se acalme homem e mostre o caminho. Todos preparem as armas!


A Ascensão de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora