Capítulo 15

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Observo o dia pela janela, está tão belo quanto qualquer dia de primavera, os pássaros cantam alegremente e o aroma das flores do jardim preenchem todo o quarto, porém como cada dia de minha vida em Jin o dia me parece melancólico e carregado de lembranças de um passado já distante, observo minhas mãos tremer e vejo a roupa em meu corpo, roupa da mesma cor que a dobrada sobre minha cama. Sinto minha cabeça doer de leve.

-Prometa levar meu filho para longe... prometa para mim, não vou estar deixando meu filho sozinho... o proteja, tenham uma vida simples, deixe que case por amor e não por um status...... e diga que eu o amo.

Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto mas não me viro para Tiang Ming, enxugo as lágrimas e prendo uma das flores vermelhas usada para tingir o tecido que uso e também o sobre a cama, caminho rápido até a mesma e apanho a bandeja com o tecido cor de sangue.

- Eu prometo.

O escuto sussurrar antes que atravesse a porta, suspiro enquanto caminho pelos corredores até a mansão do imperador, apesar de ter feito esse caminho é a primeira vez que vou até o fim, nunca antes me pareceu tão distante, sinto meu abdomêm começar a doer levemente e minhas mãos suar, e ainda há a possibilidade de não ser recebida apesar de saber que ele está la.

- Segunda consorte!

 Sou cumprimentada pelos guardas e sorrio para eles tentando parecer normal.

- Por favor avise vossa majestade que estou aqui para vê-lo.

Ele faz uma leve reverencia e segundos depois escuto meu nome ser chamado, respiro fundo e aperto a bandeja em minhas mãos, fecho os olhos por poucos segundos e então entro, mantenho meus olhos fixos nos seus enquanto caminho. Forço meu corpo a se curvar e sinto sua mão me erguer já tocando em minha roupa.

- Saiam todos.

 Ele diz sorrindo para mim e então seus olhos param na peça em minhas mãos, escuto a porta se fechar mas não retribuo seu sorriso, ele não acreditaria nele.

- O que a traz aqui? É a primeira vez que me visita... sentiu minha falta?

 Ele pergunta se abaixando de leve em minha frente ainda olhando em meus olhos e sorrindo alegremente. Suspiro tentando lembrar de minhas proximas palavras.

- Em Líang há um costume que após terem o primeiro filho a mulher deve preparar roupas iguais para o casal, ela mesma deve as fazer e presentear o marido...

 Ele me interrompe em meio a minhas palavras.

- E então ele deve realizar um pedido... diga o que deseja? Você está tão bela que poderia lhe dar o mundo se me pedisse agora.

Ele completa a conhecida tradição que muitas vezes vimos ser cumprida. Suspiro ao ouvir suas promessas vazias mas me forço a dar um sorriso tímido antes de continuar. Sinto meu abdomem doer mais a cada minuto que se passa e começo a ter dificuldade para respirar, porém sei o pedido que o fará aceitar a roupa que o condenará junto comigo.

- Eu desejo que me aceite... me deixe ficar ao seu lado e me ajude a esquecer o passado... e mantenha Xiaofeng em segurança.

 Vejo seus olhos brilharem enquanto faço meu pedido e ao tentar me curvar novamente ele me segura impedindo, então o vejo dar um passo a trás e abrir os braços para que o vista. Largo a bandeja e lentamente coloco a peça sobre seus ombros, garanto que ela toque sua pele para assim o efeito ser mais rápido.

 Paro em sua frente, ele está sorrindo largamente e então analiza o tecido o segurando em suas mãos, então em um único movimento ele segura em minha sintura e me puxa para junto de seu corpo. Sinto o gosto metálico invadir minha boca, seu rosto se aproxima do meu mas então ele para, sinto meu sangue quente escorrer de meus lábios.

- Mei... Líang Mei...

 Sinto seus braços me rodearem e me erguer, ele sacode meu corpo enquanto finalmente me entrego e paro de lutar.

- O que houve? Alguém.... Chamem o médico imperial!

Ele grita, consigo ver o desespero em seu olhar, ele continua a me abraçar mas então vejo dor em seus olhos, ele leva a mão até o pescoço.

- Veneno...

 Ele sussurra e então olha para mim, vejo a compreenção em seu rosto assim que ele tira a for presa em meu cabelo e a joga para longe, consigo ver a dor não apenas física nele mas a dor de ser enganado e então sorrio, o primeiro sorriso em mais de um ano que não forço quando estou em sua frente.

Cuspo mais sangue e tento o empurrar para longe mas ele me aperta em seus braços. Olho para ele enquanto sinto mais dificuldade de respirar, escuto guardas entrarem correndo e chamando por sua majestade.

O vejo segurar seu pescoço tentando respirar, seus olhos estão sem brilho e o veneno está agindo mais rápido em seu corpo, os guardas se acumulam ajoelhados em sua volta, fecho meus olhos. Viva bem meu pequeno Xiaofeng...

A Ascensão de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora