Capítulo 18

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(Yáng Shun)

A vejo ajoelhada a minha frente enquanto os ministros cochicham entre si, ela está vestida com trapos e suja, chegou aos tropeços, foi humilhada por todos porém sua cabeça continua erguida e seu orgulho intacto, ranjo os dentes ao vê-la.

Sinto meu peito doer e o ódio dentro de mim é grande o bastante para transformar um reino em cinzas, por sua culpa fui contra a imperatriz viúva, por sua culpa quase perdi a vida e sofri uma rebelião da parte de meu irmão, suportei tudo por ela incluindo seu ódio por mim, porém ela apenas tem olhos para outro homem. Eu mostrei ser superior, eu o derrotei e lhe dei mais luxo que ele poderia sonhar.

Cresci ao seu lado e a consolei vez após vez, dei tudo de mim e ela me retribui assim? Ela agiu como uma perita, poderia ter sido uma boa espiã e derrubado um império se tivesse tido outra vida, usou palavras e gestos amigáveis, fingiu esconder seus sorrisos quando na verdade os estava forçando para me enganar, falou de forma doce e acalentou meu coração, acendeu em mim a esperança de uma paixão.

- Qual era seu objetivo? Recebeu ordens de quem?

O eunuco pergunta e a vejo olhar em volta por alguns segundos, cerro os punhos enquanto ela está em silêncio, minha vontade é de matar qualquer um que fale contra ela mas também de qualquer que fale ao seu favor.

- Eu suportei ficar ao lado do homem que matou minha família mas como poderia permitir que meu filho ficasse ao seu lado? Não recebi ordens de ninguém!

 Sua voz ecoa, mesmo ajoelhada sua postura é superior não como quando ela fingiu estar ao meu lado, ela não fala em Shang Lín, dou risada ao perceber que ainda sim ela procura esconder a identidade do filho bastardo.

- Não minta perante vossa majestade! Recebeu ordens de Yan? Quem foi seu informante? Onde está o jovem príncipe?

Ela continua a olhar em volta e então para seus olhos no eunuco porém percebo seu olhar vago e distante, ela está agindo naturalmente mas percebo que não está enchergando, novamente sinto um amargor dentro de mim sair em um sorriso enquanto luto com as lágrimas.

- Por que eu receberia ordens de Yan se meu estado é a grande Líang?

Escuto sua resposta afiada e os oficiais praguejar a condenando, me levanto rápido sentindo minhas mãos tremerem.

- Bata nela!

Assim que termino de falar escuto o estalar do chicote em suas costas, ela apoia as mãos no chão porém nenhum som sai de sua boca.

- Onde está o jovem príncipe?

Pergunto mesmo sabendo que não me responderá, sinto náuseas e meus olhos embaçar com lágrimas, meu peito dói, ela permanece em silencio mesmo quando o chicote estala em suas costas, pela postura e como aguenta os golpes meu coração fica certo que não é a primeira vez que passa por isso. Seu silêncio e força fazem apenas meu coração se despedaçar ainda mais.

- Bata mais!

Grito sentindo meu corpo quente travar uma guerra dentro de mim, desvio meus olhos sem suportar mais a ver, então quase inaldivel escuto um gemido de dor e me volto para ela, sua cabeça esta baixa e as unhas cravadas no chão, os lábios se comprimem a cada vez que um novo corte se abre em sua pele.

- Pare!

Engulo em seco ao vê-lo se afastar curvado ainda segurando o chicote, ela não se ergue, consigo ver ela tremer mas tentar se controlar e continuar firme.

- Eu não nego ter envenenado o rei, por favor majestade conceda meu castigo de acordo com a lei.

 Sua voz sai forte e apesar de suas palavras serem uma confissão que ela sabe que a levam mais perto da morte ela as fala com autoridade.

- Li Yong...

Chamo dentre os oficiais meu general e ele logo aparece se curvando.

- Leve a senhorita Líang Mei até a fronteira onde os soldados estão acampados, deixe que ela veja o exercito de Yan ser mais uma vez derrotado, porém ela não deve usar armadura ou carregar uma espada, deverá morrer pelas mãos de seus aliados e ser enterrada em uma vala comum junto dos inimigos.

 Me viro para sair e dispensar a corte enquanto os ministros imploram para que eu já cumpra sua sentença ou que vá atrás da criança, porém não suporto mais permanecer em sua presença.

- Corte encerrada.

 Digo e caminho rápido para longe de todos mandando todos os servos embora de meu caminho, paro em frente ao jardim e de longe vejo dois servos arrancando as flores usadas no veneno, consigo ver em minha mente Líang Mei andando em minha direção enquanto sorri porém assim que estendo minha mão para a tocar ela não está mais lá, sinto o gosto salgado das lágrimas que escorrem por meu rosto e fecho os olhos.

A Ascensão de LíangOnde histórias criam vida. Descubra agora