A Ascensão de Líang

Capítulo 22

(General Fantasma)

Ela não recua como esperava mas corajosamente ergue sua cabeça e me responde de forma afiada devolvendo a provocação ao mesmo tempo que faz sua jogada, sinto algo dentro de mim palpitar ao pensar em que tipo de mulher Yang Shun teria como sua consorte, que tipo mulher mais incomum, seu temperamento é forte porém contido, sua pele é pálida como a primeira neve do ano e seus lábios ressecados porém vermelhos mas seus olhos são o que me fizeram acreditar que algo nela está quebrado e de nada adiantaria eu a interrogar como aos outros, alguém que não exita perante a morte não é alguém para usar o medo.

Por alguns instantes não sei o que oferecer, ela não se defende tampouco ataca, mesmo quando se mostrou emocional isso apenas me deixou ainda mais confuso, nunca vi essa mulher em minha vida, nunca vi ninguém como ela em minha vida, começo a me sentir um tolo mas então de forma arrogante ela diz o que deseja.

 O preço que cobra não é caro porém me deixa  se possível ainda mais intrigado, por que quer tanto saber sobre a queda? Seria essa alguma estratégia de Yang Shun para causar divisão usando o nome Shang Lín? Porém nada disso faz sentido para mim pois isso apenas os motivaria. Afinal seria ela que o envenenou e ajudou no sequestro do único príncipe? Seria ela uma aliada ou inimiga? Por que hesitei em matá-la? 

São muitas dúvidas para nenhuma resposta, então contra minha natureza cedo a seu pedido.

- Sim.. Ele foi encontrado na manhã seguinte por um agricultor, seu corpo estava na margem.

 Suas sobrancelhas se arqueiam de forma melancólica enquanto falo então ela apenas afirma com a cabeça desviando o rosto de mim, ela mantém sua postura o que faz meu sangue esquentar porém o controlo e espero paciente por uma explicação que tire minhas dúvidas.

- Tentei matar Yang Shun por vingança... ele matou todos a quem já amei, porém eu falhei e perdi a visão... acredito ser temporário, Yang Shun ainda está fraco como efeito do veneno... há um ponto fraco no palácio por onde o jovem príncipe foi levado porém eu não o vi pessoalmente, os guardas mudam a cada três horas então estão sempre despertos.... o palácio da consorte Xiáng Qingling de Wei está vazio assim como o meu então há menos guardas postos lá, há mais de dez árvores em cada jardim... mas tenho certeza que Yan já deve ter seus espiões dentro dos muros que poderiam dizer tudo o que informei, então não sei por que insiste em me perguntar.

 No começo suas palavras saem pesadas e baixas porém logo ela volta a olhar para frente ela começa a relatar detalhadamente coisas que apenas uma mente estrategista notaria, suas palavras são afiadas e ela não hesita em falar, porém a grande quantidade de informações não tira nem metade de minhas dúvidas, na verdade ela falou muito mas foram poucas perguntas que respondeu mesmo assim ela parece esperar algo.

- Está zombando de mim mulher? Aconselho que não se sinta confortável apenas porquê não a feri, deve saber que posso o fazer se assim desejar.

Pergunto e por um leve instante e me aproximo de seu rosto sentindo a vontade de a matar por sua audácia lutar com a admiração pela mesma a vejo sorrir amargamente.

- Já fui intimidada vezes de mais para ainda temer, acredito que já tenha percebido que para mim não existe um objetivo.

Ela continua calma ao me responder de forma que faz com que minhas perguntas pareçam ainda mais as de um tolo, a cada palavra minha curiosidade e raiva competem para ver qual falará mais alto assim como a vontade de a interrogar como qualquer outro, fazer com que sinta o medo que diz não existir e meça suas palavras.

- Qual seu nome?

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(Líang Mei)

Respondo suas perguntas livremente apenas esperando que ele as termine logo, duvido muito que haja uma chance de eu sair viva sem que implore ou me humilhe a sua frente, e eu nem ao menos desejo isso. Me sinto traída por alguém já ter substituído Shang Lín. Ele terá tomado sua casa? Ele será alguém cruel com os servos? Estremeço ao lembrar de Li-Wei e a imaginar nas mãos de uma farsa.

- Qual seu nome?

O escuto perguntar, apesar de minhas respostas o ofenderem seu tom de voz não muda em momento algum nem mesmo sua postura, borrada em minha visão, parece se mover. Devo admitir que ele parece conseguir se controlar bem, sua voz é calma, grave e suave porém afiada como uma lâmina fria em contato com a pela macia. O imperador procurou por alguém como Shang para o substituir, me sinto enjoada ao imaginar que o homem que aceitou uma estrangeira inimiga em seu reino por um preço barato dizendo apenas que não queria perder seu irmão pudesse o substituir tão facilmente. Sua pergunta simples me faz pensar mil coisas que fazem meu coração bater mais forte e me faz perder o controle de meus sentimentos.

- Não acho que seja relevante saber quem eu sou. Não há porque uma farsa como você saber o nome de alguém igualmente insignificante, é apenas alguém que finge ser outra pessoa... deveria se envergonhar.

Digo olhando para ele e sinto meu rosto virar bruscamente e minha bochecha arder, porém não grito, nenhum som sai por minha boca, apenas me volto para ele. Não quero que saiba quem sou ou minha relação com Shang Lín ou logo poderiam ligar Xiaofeng a mim e seu pai e além de Jin, Yan  isso poderia ser um risco para ele. Meu rosto esquenta onde foi atingido.

- Você é irritante, a cada palavra tenho mais vontade de matá-la.

 Escuto sua voz grave e seus dedos segurarem meu rosto afundando em minha pele, olho para ele mas vejo apenas um borrão prateado no lugar de seu rosto.

- Senhor temos uma emergência com as provisões!

Um guarda entra correndo o interrompendo, ele se ajoelha e mesmo não o vendo nitidamente posso ver o temor em sua voz.

- Alguém colocou fogo...

O homem mascarado a minha frente levanta rápido sem dizer uma única palavra e quando penso que irá sair ele me puxa por um braço, o sinto amarrar uma corda em meus pulsos e a puxar até que meus braços se ergam puxados pela corda presa no teto da tenda, não tenho tempo de pensar nem agir, não consigo ver seus movimentos, não luto ou tento me soltar, já fiz isso antes e sei que de nada adianta, a corda não arrebentaria.