CAPÍTULO 3

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							A tensão se espalhou entre nós depois da "visita" inesperada de Jason e sua matilha

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A tensão se espalhou entre nós depois da "visita" inesperada de Jason e sua matilha. Parece que ele é o Alfa agora, e sua matilha não demonstra ter encontrado algum problema em aceitá-lo como tal.

A morte de Hunter ainda me surpreende, não que seja impossível totalmente, afinal, ele era odiado por muitos. Christian me treinou durante o primeiro ano da minha transformação, e diante de tantos questionamentos, decidiu me esclarecer algumas coisas.
Hunter foi Alfa da alcateia dos Tenebris por pelo menos trinta anos, e, durante essa época, empenhou-se em correr atrás de poder, e com seus meios sem escrúpulos, conseguiu amedrontar muitos de nós.

Hunter trabalhou incansavelmente, com a intenção de alcançar seguidores fiéis e prontos a atendê-lo. Não foi responsável por boa parte do trabalho sujo que sempre planejava, pelo menos não com suas próprias mãos. Pessoas inocentes morriam, talvez por puro esporte e apreço pela dor e derramamento de sangue. É difícil conviver com tanta loucura, quanto mais penso, mais entendo que a morte de minha mãe foi por seu puro prazer doentio.

Depois do nascimento de Dylan, meu pai decidiu que deixaria a matilha de Bruce, não é uma decisão apreciável e pelo o que entendi, não houve uma aceitação do seu alfa, mas Bruce nunca o impediria de tomar tal decisão. Meu pai sabia que as consequências poderiam ser duras. Quando se deixa tudo para trás, suas fraquezas ficam mais expostas, porque de fato, a união nos torna mais fortes. Conviver com a dor e solidão do seu lado animal pode ser um grande desafio, mas tudo o que meu pai queria, era estar cem por cento ao lado da esposa e filhos que tanto amava. Hunter foi apenas uma consequência inesperada e totalmente sombria. Não aceitou o fato de Bruce ter deixado que seu beta abandonasse a matilha, aquilo causou nele uma espécie de ira, considerava que minha mãe era um ponto fraco na vida de meu pai, e por isso decidiu — não com suas próprias mãos, como quase sempre fazia —, providenciar a morte dela. E então conseguiu arruinar todo o sentido de nossas vidas.

Hunter foi meu professor, agora se tornam mais claras em minha mente as lembranças de todas as formas e tentativas frustradas que meu pai inventava para nos mudarmos daqui. Ele nunca conseguiu, sempre desistia, e talvez isso tenha a ver com o medo das reações de Hunter sobre nós.

Diante de tudo isso, apenas desejo que sua morte tenha sido ainda mais dolorosa e sofrida do que eu possa imaginar.

— Harry, está tudo bem? — Nathan senta ao meu lado, no banco da varanda, enquanto observo o escuro do céu.

— Uhum . — Respondi, ainda sem olhar para ele. Nathan se tornou um grande amigo, e embora ainda não consiga me abrir tanto com alguém, gosto de contar com ele.

— Sempre achei que quando Hunter morresse a vida seria mais tranquila para nós. Mas eu estava errado, Jason parece ser ainda pior que o antigo alfa.

— Só quero abraçar o cara responsável pela morte dele. Parabenizá-lo por ser tão forte e corajoso para realizar o meu único grande desejo. — Respiro fundo, divagando, enquanto meu olhar se perde entre a neve presa ao chão.

—  Você deve ter outros desejos, fique tranquilo, Jason e seus oito seguidores estão aí para isso.

—  Nunca pensei que teria uma vida tão sem sentido. Se soubesse de toda a verdade, teria aproveitado muito mais os meus dias como humano.

—  Acho que se soubesse viveria com medo do que está por vir. Foi assim comigo ... Meu pai me entregou ao Bruce quando completei dezoito, quase um ano antes de você chegar. É a idade onde tudo fica mais intenso. Sempre soube o que eu era, mas nunca foi tão evidente como é agora.

—  Nunca imaginei esse lado do mundo. Nem em pesadelos. Meu pai deixou que eu tivesse uma vida normal, sem o peso de saber que possíveis decisões deveriam ser tomadas.

—  Acha que teria tomado a mesma decisão do seu pai se tivesse uma oportunidade? — Questionou, desta vez bem atento a mim.

— Fugir? — Ele assente. — Não! Pelo menos não depois de saber as consequências. Meu pai perdeu a pessoa que mais amou na vida, e ele se sente culpado. Eu jamais conseguiria passar por algo assim.

Lembrei-me dos dias em que Christian tentava contato comigo, ele nunca concordou com a ideia de meu pai esconder a verdade de mim. Por muitos dias, Christian ficou no meu pé, seguia-me por todos os lados, e isso começou a me irritar. Algumas mudanças aconteciam e eu não me preocupava. Comecei a ganhar mais forma, sentir dores horríveis na cabeça e no corpo. Minha pele não tinha mais tanta sensibilidade, nem mesmo ao frio. Mas considerava que meu cérebro havia decidido pregar peças em mim. Foi uma forma idiota de fugir da realidade que lá no fundo eu sentia que existia.

Na noite da reserva, enquanto relaxava com meus colegas, fomos atacados. Simplesmente corri sem olhar para trás, assim como fizeram comigo, ainda não sei se todos estão a salvo, espero que sim. A forma como aquele lobo me olhava, fez-me entender que nem tudo o que eu achava loucura, poderia ser. No dia seguinte, procurei por Christian, contei tudo a ele, e foi então que precisei fugir, por enxergar em mim um monstro em transição.

— Ser lobisomem não é ruim. Gosto de toda a força que temos ...

—  Fica mais difícil de aceitar quando seu sonho não é ser o cara mais forte. Eu queria entrar para uma universidade, ser jogador profissional ... — Queria estar com ela. Mas me limito a guardar as lembranças de Alice dentro de mim.

—  Não posso imaginar o quanto foi difícil, Harry. Mas não precisa fugir pra sempre. Você já aprendeu a se controlar, pode ir à universidade, correr atrás dos seus sonhos!

—  Não é tão simples, Nate! Sou conhecido como o garoto que abandonou o colégio e o pai para fugir e se perder pelo mundo. Perdi minha motivação pra qualquer coisa que seja.

— Pretende morrer trabalhando na mecânica do Charle? — perguntou, considerando a ideia como absurda. Até pode ser, mas não há muitas esperanças dentro de mim. Apenas ergo os ombros.

— Posso conseguir um emprego para você, o Silas está à procura de novos vendedores, pode ser um começo.

— Valeu, Nate! Mas vou deixar passar essa oportunidade. Estou bem, gosto de cuidar de carros, é uma boa forma de esquecer dos problemas ... Focando em algo que eu possa consertar de verdade.

—  Você é o primeiro lobisomem depressivo que conheci durante estes anos. — Levantou, tocando meu ombro. —  Deveria tentar se desprender dos problemas do passado. Precisa seguir em frente, Harry. Ser o que somos não é o fim do mundo.

Dito estas palavras, com as mãos no bolso, Nathan me deixa sozinho. Ele não está errado, e no fundo há algo dentro de mim que me instiga a tentar viver e seguir meus sonhos, mas não posso fingir que não detesto o que sou. E a forma como tudo foi tirado de mim de uma só vez.

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Voltamos!!
Vou soltar mais um capítulo, porque prometi que alguém especial apareceria hoje😍
Espero você no próximo ❤️

ACEITE-ME - OS LOBOS (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora