BÔNUS ALICE

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											Deixá-lo ir foi necessário, mas partir foi uma escolha

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Deixá-lo ir foi necessário, mas partir foi uma escolha.

Os dias se passam lentamente, as horas se arrastam, e, para mim, perdem o total sentido. Eu sabia que depois de anos na Califórnia, ainda teria de lidar com o meu passado, mas não imaginei que ainda era capaz de sentir tanto.

As ruas tranquilas de Daley Hill trazem lembranças, a saudade de uma vida feliz me invade o peito e instantâneamente me faz sorrir.  A noite fria cai sobre nós de forma intensa e acredito ser uma das melhores épocas da região. Não só pelo ar úmido que tanto nos faz falta, mas também pela calmaria. Desde o inverno, não houve novos casos de desaparecimento pela reserva e redondeza, isso de fato já é um grande alívio e motivo de alegria, porém, sabemos que a chegada da primavera nos fará lidar com tudo outra vez.

Recordo-me do passado, isso machuca,  dói profundamente e me preocupa. Ainda sinto o ar faltar em meus pulmões e mesmo que seja complicado, entendo que preciso lidar com isso pelo resto da vida. Voltar para essa cidade, trouxe-me de volta essa sensação com a mesma intensidade de antes. Aliás, estar aqui me trouxe de volta muitas coisas.

Ouço o celular tocar e me apresso em atender.

—  Já está chegando? —  Lucy questiona, cheia de euforia.

—  Quase! —  Atravesso a rua.  —  Por que tanta pressa?

—  Porque estou com fome, Lice. —  responde já impaciente.

A única luz que ilumina a rua estreita, apagou-se após um pequeno estouro, e agora não é só o frio que me faz tremer. Olho para os lados e mesmo que acredite estar sozinha, tenho a estranha sensação de que posso me enganar.

—  Alice? Está viva? —  Apresso meus passos e colo o aparelho ainda mais em meu rosto.

—  Lucy, estou chegando, me espera na entrada? —  Sinto o coração bater mais forte, e mesmo andando a passos largos, a rua que parecia um bom atalho tornou-se quase infinita.

—  Claro... Você está estranha. Devo me preocupar?

Não, é só que... Eu não sei...

Ouço alguns passos atrás de mim se aproximando de forma rápida, não consigo responder Lucy e começo a correr. Minhas pernas não parecem ter tanta força e em um segundo já estou no chão.

Não tenho tempo de me levantar totalmente, apenas apoio as mãos no chão e me arrasto para trás quando percebo alguém se abaixar a minha frente. Meu peito sobe e desce em desespero, mal consigo respirar, e tudo piora quando o rosto se livra do capuz. Um par de íris amareladas me faz relembrar minha noite de terror, porém sinto que sua presença soa mais familiar, como alguém próximo, talvez um amigo.

ACEITE-ME - OS LOBOS (LIVRO 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora