Olhando meu reflexo no espelho, consigo sentir pena. A forma como acreditei piamente que tudo começaria a se encaixar, agora me parece besteira.
Pareço estar andando em círculos, há dois dias não vejo Dylan e não encontro pistas de onde ele possa estar. Sei que Lucy o viu por último naquela noite, eles tiveram algumas provocações, mas pelo o que entendi e já notei, não é nada fora do comum. Dylan não partiria por vontade própria, ele me diria se estivesse em apuros, eu sei que sim.
Ao meu redor nada está igual, e dentro de mim há um vazio torturante. Não tive forças de dizer a meu pai, não sei como poderia dizer em voz alta que eu o perdi. Ouço algumas batidas na porta, sei que é ela, mas não consigo me mover, não encontro razões para me esforçar.
— Harry, vamos?! Abra essa porta! — Percebo a exaustão em sua voz, mas não quero encarar alguém agora.
— Preciso ficar sozinho, Alice... — Tento refrear o soluço, e uma lágrima escorre em meu rosto. — Por favor.
Alice se cala, não emite qualquer som, mas sei que continua ali, sei pelas batidas do seu coração. Fecho meus olhos por um momento, preciso buscar forças dentro de mim, é o que Dylan precisa, talvez esteja sofrendo, machucado, pode sentir dor, enquanto estou aqui sem reações, sem conseguir pensar.
— Posso ir embora se preferir, mas não fique se culpando, Harry, não é culpa sua... você precisa entender que não pode controlar tudo. Vamos achá-lo, achamos você, lembra disso?
Não, eles não me acharam. Eu nunca estive longe, não tive forças para me afastar completamente, a situação é outra, mas não quero dizer qualquer coisa. Há um peso em minha boca, é quase como se eu não pudesse abri-la.
Alice não se afasta, permanece no mesmo lugar, seu cheiro fica cada vez mais preso no ar, as batidas do seu coração se elevam um pouco mais, conheço a garota que está ali, é como se fossemos aqueles adolescentes outra vez, cheios de incertezas e medos. Tenho minhas suposições, elas envolvem Jason e o que restou da sua matilha, não quero estar certo, mas se estiver, Dylan corre perigo.
— Podemos pensar em algo, juntos. Pode não parecer, mas às vezes consigo ser útil.
Ela não desiste, nunca iria desistir.
Abro a porta, a primeira imagem que encontro, é aquela que, de forma mágica e misteriosa, sempre me aquece o peito. Neste momento, compreendo que não é o sorriso, não é a forma como tenta me fazer rir, mas sim sua presença, seu olhar e seu toque.
Alice me abraça, seu corpo encaixa no meu perfeitamente, é aqui onde encontro forças, é neste lugar onde tudo se reconstrói. Sinto-me um egoísta por dizer o quanto sempre preciso dela, mas essa é a verdade. Alice me tem, o que falta em mim, está nela, é a verdade mais maluca que já admiti, porém, a mais certa de todas.
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ACEITE-ME - OS LOBOS (LIVRO 2)
WerewolfCinco anos se passaram e Daley Hill enfrenta agora novas ondas de casos de morte e desaparecimento. Uma grande guerra no mundo sobrenatural está prestes a chegar, Harry precisará lidar com a volta do seu tão amado passado junto da nova obscura reali...