Prólogo.

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Oito anos atrás...

Abro os meus olhos lentamente e tento me acostumar com a claridade para poder entender o que está se passando ao meu redor. O vidro do carro está refletindo os raios solares, que queimam apenas um lado do meu braço e minha mão um pouco gordinha, retiro elas do sol, e passo minha outra mão no lugar quente em minha pele. Mexo o meu pescoço para poder enxergar o que está acontecendo na frente e o sinto estralar por conta da posição desconfortável que eu estava dormindo, apoiada com a cabeça na porta do carro.

Quando os meus olhos fixam no meu papai dirigindo e minha mamãe no banco da frente observando a paisagem, que contém árvores em uma boa parte ao nosso redor, percebo o motivo para estarmos dentro do carro.

Estamos indo na casa da vovó!

—Mamãe, já tá chegando?– me concerto no banco e balanço minhas pernas.

—Acordou bem na hora filha, olhe para frente!– olho para onde ela indica e percebo a casa de vovó distante de nós, mas vai se tornando próxima a cada segundo.

Retiro o sinto de segurança e tento pegar as sandálias que caiu dos meus pés em algum momento da nossa viagem. Sinto o carro parar e me apresso em abrir a porta pesada do carro e pulo para fora rapidamente dele, correndo para a porta de entrada, que logo é aberta pela minha avó que não demora em me pegar no colo.

—Que saudade que eu estava de você, pequena!– passo os meus braços em seu pescoço e tento apertá-la, tentando demonstrar que também senti falta dela.

—Também estava, vovó, com muitão!– os meus fios castanhos escuros são acariciados por ela.

—Você cresceu alguns centímetros desde a última vez.

—Sim, vovó, já sou uma mocinha! E o meu cabelo tá bem grandão.

—Eu percebi, está maior que o meu!– olho para os seus fios um pouco grisalhos e amarrados em um rabo de cavalo.

—É verdade, o meu tá maior!– exclamo contente.

—É um sacrifício tentar cortar as pontas do cabelo dela!– minha mãe fala atrás de nós, segurando minha mochila e a dela.

—Mas é porque você nunca corta só as pontas, mamãe! Quando eu percebo estou quase careca, sem cabelo nenhum!

—O jeito dramático dela, definitivamente puxou da senhora, mãe!– minha mãe riu e começou a subir as escadas para o andar de cima.

—Adivinha o que eu fiz para você, assim que soube que vocês iriam vim me visitar!

—Bolo de chocolate?– pergunto animada enquanto ela me coloca no chão e pega na minha mão.

—Acertou! Com bastante calda de chocolate por cima, do jeitinho que você gosta!– sorrio para ela e fomos para a cozinha, deixando os meus pais sozinhos carregando as malas.

—A sua comida é a melhor! Mas não conta isso pra mamãe, vovó!– os seus olhos azuis quase se fecham enquanto ela rir, cortando um pedaço do bolo.

—Aprendi a cozinhar com a sua bisavó, ela era ótima na cozinha!

—A bisavó morou nessa casa? Tem um quadro enorme dela em um dos quartos que a senhora deixa sempre fechado.

—E como a senhorita sabe que tem um quadro naquele quarto, sendo que ele vive fechada?

—Foi por curiosidade, vovó, não briga comigo!

—Eu não irei brigar com você por isso, eu conheço bem o jeito curioso que você tem, pois puxou aos Baker. Mas como você conseguiu abrir a porta sendo que estava trancada?

Meu Vigia Noturno IIOnde histórias criam vida. Descubra agora